segunda-feira, 24 de junho de 2013

AEDDC - Capítulo 17

Três dias depois que as chuvas pararam, Kyle terminou o quarto que construiu para Sunny e os dois se mudaram para lá. Sunny parecia flutuar no ar e Kyle, embora tentasse dar um ar de obrigação para a mudança, também estava feliz. Muita gente já tinha voltado para seus quartos também.


Uma ideia se pendurou em minha cabeça balançando-se para lá e para cá, ora me deixando feliz, ora me atormentando. Já estava na hora de nos mudarmos também, mas eu não sabia o que isso significava para Peg, especialmente nesse novo corpo tão jovem. Claro, eu sabia que quem estava dentro dele não era jovem, mas claramente essa juventude a afetava. Tudo isso a tinha mudado. E eu não queria ter que forçar uma menina a estar comigo de uma maneira que ela não estivesse preparada para estar. O quanto minha Alma Peregrina era mesmo uma menina? O quanto dela já era uma mulher?

A ideia se balançava tanto que já estava perfurando os cantos do meu cérebro. Foi quando me lembrei que existia alguém com quem eu podia falar sobre Peg e que a entendia melhor do que ninguém.

Era difícil alcançá-la sem Jared, agora. A cada dia que passava, eles estavam mais próximos, mas esse era um assunto do qual Jared não poderia participar:

– Aaah, Jared?

– Sim?

– É sua vez de tirar a enxada de Peregrina.

– O quê?

– Você sabe, ela continua teimando em trabalhar escondido. Mel já foi e eu também. Se formos novamente, ela vai ficar brava. Você pode fazer isso dessa vez?

– Deixe-a trabalhar, Ian. Se é o que ela quer. Ela vai acabar se cansando de qualquer maneira.

– Sim, eu sei, Jared. É o que eu tenho feito com as outras coisas. Mas não quando ela usa ferramentas. Por favor?

– Tá, mas você vai ter que fazer minha parte do serviço enquanto eu estiver fazendo o dela.

– Sem problemas.

Mel acompanhava tudo isso com uma expressão curiosa. Ela já me conhecia bem o suficiente para saber que eu tinha algo em mente para afastar Jared e estarmos longe de Peg.

– Que história é essa, hein? O que é que você está aprontando? – ela perguntou.

– As chuvas acabaram, Mel.

– Sim. E daí?

– Jamie está com Aaron e Brandt. Kyle se mudou ontem para o quarto dele com Sunny. E as chuvas acabaram, Mel.

Melanie me olhou confusa, uma interrogação em seu rosto encerrando o sentido da expressão que dizia “Você está louco?”. Até que finalmente...

– Oh! - ela exclamou. Segundos depois, outro “Oh!” mais forte quando seus olhos se arregalavam com o entendimento das implicações.

– O que eu faço? – perguntei, desnorteado.

– Como assim “o que eu faço”? Vou ter que te explicar?

– Claro que não né? Mas talvez tenha que explicar a Peg. Eu não sei o quanto ela sabe, quer dizer... Sei lá. Não sei como ela se sente quanto a isso.

– Você já tentou conversar com ela?

– Ah, já! É um assunto que surge naturalmente numa conversa durante o café!

– Claro! Desculpe. Pergunta besta...

– E então? – perguntei – Será que você pode conversar com ela?

– Ai...

– Mel, por favor!

– Tudo bem. Mas você vai ficar me devendo uma.

– Põe na conta! – eu disse dando um beijinho de leve no rosto dela enquanto assumia o trabalho de Jared.

Peg veio em nossa direção batendo o pé, um biquinho de irritação em seus lábios.

– Já sei - eu disse - Jared não te deixou trabalhar, não é? Viu como não sou só eu que me preocupo?

– Como se eu não soubesse que tem dedo seu nessa história! – disse ela, toda nervosinha. Era bonitinho.

Mel deu uma risadinha baixa e eu sabia que precisava fazer alguma coisa antes que começasse a rir também:

– Venha, vou organizar umas mudas para você plantar, tudo bem?

– Pode ser. – disse ela se conformando, a irritação cedendo sem que ela se desse conta. Corpo adolescente ou não, essa era Peregrina.

– Peg, não está mais chovendo – disse a ela enquanto arrumávamos as mudas, meu pedido quase explícito nas entrelinhas da declaração óbvia.

Ela assentiu com a cabeça, ficando mais uma vez corada. Seus olhos, entretanto, não fugiram dessa vez. Fui eu que parei de olhar para ela, aparentemente voltando minha atenção para o que eu estava fazendo, porque eu queria que ela soubesse que não tinha obrigação nenhuma de aceitar nada.

– Podemos voltar para nosso quarto?

Com o canto dos olhos, eu a vi me imitar, fingindo que estava ocupada demais para me dar atenção irrestrita. Mas sua voz aliviada e cheia de promessas me disse bem mais do que as três palavras com que ela respondeu:

– Sim, por favor.

As mesmas três palavras que ela disse quando prometemos um ao outro nosso futuro.

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