segunda-feira, 24 de junho de 2013

C - Capítulo 7


A figura de branco que se materializou naquele sótão surpreendeu a todos. Ao longo dos últimos anos, sua ausência foi dolorosamente sentida, sua presença ardentemente desejada, mas há muito já não era mais esperada.


- Não... acredito... Prue?! – disse Piper cuidadosamente, com medo de estar sonhando, ou de que qualquer palavra ou gesto mais brusco pudessem fazer o encanto se quebrar.

- Sim, queridas. Finalmente, estou aqui – respondeu Prue saindo do círculo e sentindo a estranhíssima sensação de um corpo se materializando sobre seu espectro.

- Mas... como? – pergunta Phoebe tão atônita quanto a irmã – Piper tentou tanto quando você se foi. Vovó disse que não podíamos...

- Bem, eu tinha que ter tempo de trilhar meu caminho. E vocês tinham que aceitar e aprender a viver uma vida da qual eu não fizesse parte. Se eu voltasse naquela época, nada disso aconteceria. Estaríamos comprometendo nossa evolução. A princípio, quando nos tornamos as Encantadas, não estava no meu destino abandoná-las, mas a sequência dos eventos, a maneira como conduzi minha vida, acabou levando a isso. Eu também tive que aceitar, acostumar-me com minha nova “condição” – essa última palavra foi dita em tom de quem procurou, mas não encontrou outra melhor. – ao que parece, estamos todas prontas agora. Mas vocês não pretendem me dar um abraço?

Apenas Phoebe se adiantou a abraçar Prue. Piper ainda estava estática, pálida, sem entender o que sentia. Havia passado pela sua cabeça, assim, como uma dessas coisas que acontecem mais no coração do que na mente, usar o anel de Coop para ver Prue. Só não o fez, porque teve medo de mudar o futuro e causar tantos problemas que não pudesse mais retomar de onde parou. Além disso, não sabia como seria vê-la novamente, como se sentiria e como lidaria com esses sentimentos. E agora, Prue estava ali e ela teria que lidar com tudo. Não sabia o que estava sentindo, mas sabia que estava feliz e que teria tempo para avaliar tudo depois. Agora, era apensa a hora de se entregar àquele abraço há tanto tempo desejado.

Durante todo esse tempo, Paige permaneceu em silêncio. Era possível acreditar que ela não queria se intrometer na reunião das três primeiras Encantadas. Mas a verdade era que, de todas, ela era a mais atônita, e tinha passado todo esse tempo observando Prue.

- Paige! Oh, meu Deus! Desde que soube que você existia, eu quis te conhecer. Claro que eu observava vocês e vovó e Mamãe me falaram sobre você, mas não é o mesmo! Descobrir uma outra irmã! Teria sido maravilhoso se eu estivesse aqui! Mesmo o tempo passando diferente onde eu estou agora, eu sempre estive ansiosa para vê-la pessoalmente. Será que eu posso te dar um abraço?

Paige permaneceu imóvel, os olhos bem abertos, o queixo caído. Apesar de tê-la visto na P3 quando ainda apenas suspeitava que ela podiam ser suas irmãs, e embora tivesse convivido com a memória de Prue por todos esses anos, esse encontro era algo, compreensivelmente, nunca imaginado.

Prue era para ela algo como um ser mitológico, fantástico. Ela já havia visto dezenas de seres fantásticos; já havia incorporado, ela mesma, seres mitológicos; mas nada se comparava à ideia que fazia da irmã que não conheceu, mas com quem tinha, até mesmo, competido em sua imaginação. Igualar-se a Prue, superá-la, quem sabe. Esse anseio tinha ajudado a formar sua identidade de bruxa, tanto quanto o que aprendeu com suas outras irmãs.

Por tudo isso, Paige não conseguiu se mexer, apenas deixou-se abraçar e seus braços envolveram Prue quase como num reflexo. Permaneceu sem reação diante dos rostos cheios de expectativas de Piper e Phoebe e tudo o que conseguiu pronunciar um tímido: “Olá”!

Quando enfim se separaram, viu que Prue estava comovida, sorrindo, de olhos úmidos, e só então conseguiu sair de seu torpor e sentir todo o peso da emoção despencando de suas pálpebras.

No estado onírico em que se encontrava, percebeu nascer em si, bem onde estava seu coração, um poder maior que todos. Um poder que fluía dela e se refletia nos olhos de suas três irmãs. O poder que, através das gerações, fez das bruxas Halliwell as mais poderosas e fortes de todas as bruxas. O poder do amor pela família.

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