sábado, 22 de junho de 2013

CP - Capítulo 1

Ela estava ali havia horas, esperando, ansiando, não sabia por quanto tempo ainda ficaria sentada, mas sabia
que se demorassem muito teria que levantar e ir embora o mais rápido possível. Sua presença era tolerada, esperada até, por toda facilidade que poderia proporcionar, mas nunca seria mais do que isso. Ninguém dentre eles gostava dela, talvez apenas uma pessoa lhe tivesse amizade, mas os outros nem sequer a encaravam. Ainda assim, aquela parte oculta de sua vida era o único momento em que realmente se sentia alegre, não feliz, mas tinha a possibilidade de fantasiar um pouco aquele sentimento que os humanos tanto buscavam. Sentia-se bem por poucos minutos e depois voltava a sua vida passiva e sem sentido em meio àqueles que não entenderiam o que lhe ia no íntimo.

O deserto era quente, de uma cor alaranjada aquela hora do dia, o vento que soprava trazia consigo o ar morno e agradável, que para ela, era a melhor coisa do mundo. Na paisagem à sua frente, linda aos seus olhos, somente cactos, rochas e muita areia. Em breve haveria pessoas, que de certa forma dependiam dela, mas que não a viam como amiga. Isso era frustante, ela era um mal tolerado. Sentia que se eles pudessem, nunca mais a veriam, isso a deixava triste.

Aquela era a sua primeira vida, sabia da existência de outros mundos, que diziam à ela, mais fáceis de se viver, mas ela gostava dali. A Terra era seu lar, o lugar onde havia nascido e onde pretendia ficar por muitas vidas.

Ela havia sido inserida num corpo recém-nascido, não tinha lembranças de nada antes disso, a não ser alguns “flashs” da Origem, herdados de uma mãe que se sacrificou para que ela e seus irmãos nascessem. Toda a sua infância havia sido de um imenso tédio, ela era extremamente jovem perto de seus guardiões, que já estavam um na quinta vida e o outro na sétima. Além de ser uma jovem alma, era um corpo humano jovem também, era vigiada, cuidada com um zelo que ia de constrangedor a exasperante.

Quase nunca conseguia o que aqueles momentos de espera e agonia proporcionavam, ficar sozinha com seus próprios pensamentos.

Já tinha dezenove anos, ou ainda tinha, seu ponto de vista dependia da cor de seu humor que naquele momento ia do puro branco ao total negro.

Não havia tido um chamado glorioso como ser Curandeira ou Buscadora, era simplesmente chefe de umas das seções do depósito onde seu guardião trabalhava. Passava o dia no depósito, as noites ia para casa dormir, nos dias de folga se ocupava com caminhadas ou com literatura humana e sempre que necessário ajudava as pessoas que estava esperando.

Sua guardiã não tinha uma ocupação fora de casa, dizia que seu chamado havia sido cuidar da jovem alma que experimentava pela primeira vez a vida em um hospedeiro e sendo o hospedeiro, um corpo humano, teria que se dedicar a ela inteiramente. Infelizmente para ela, se dedicar significava, entre outras coisas, acordá-la para que pudesse se exercitar, cuidar para que sua alimentação fosse equilibrada, cuidar para que não ficasse doente, proporcionar meios para que sempre estudasse e se tornasse culta tanto pelos padrões dos humanos, quanto das almas, enfim, nunca deixá-la em paz.

Sabia que sempre pareceria ingrata para os seus semelhantes, mas ela nunca conseguiria definir o sentimento que a fazia agir como se fosse prisioneira daquele mundo perfeito das almas.

Sentia seu peito inchar e doer quando pensava em como queria que as pessoas daquele deserto a aceitassem e amassem. Tinha uma ânsia por arrancar sorrisos deles, ou dele, tanto fazia, ela achava.

Ela não havia escolhido seu nome, seus guadiões escolheram como faziam os pais na Terra, mas ela havia recebido um nome de acordo com os costumes das almas, “Fonte de Água Cristalina”, achava seu nome longo e estranho, preferia ser chamada de Cristal.

O Sol em breve sumiria no horizonte e “Lua Brilhante”, sua guardiã, ficaria preocupada e chamaria seu guardião que preservava o nome do hospedeiro, Sebastian.

Juntos emprenderiam uma busca que envolveria todos os conhecidos deles e as autoridades locais. Seria um desastre e os “outros” simplesmente não haviam chegado.

Com mágoa ela olhou para o caminhão que havia dirigido até ali, cheio de provisões que eles haviam encomendado. Dava trabalho extraviar tudo aquilo para que ninguém percebesse, esconder tudo, colocar no caminhão sem que fosse descoberta e ir para o deserto. Se a pegassem, não haveria desculpa que justificasse aquilo, seria extraída daquele corpo e enviada a algum planeta chato onde seria uma alga ou flor.

Sem poder esperar mais, Cristal levantou e sacudiu a areia que havia grudado em sua calça. Olhou mais uma vez em direção ao horizonte e sem nada que indicasse a chegada dos que ela estava esperando, caminhou lentamente em direção ao caminhão. Achava fácil dirigí-lo e assim que deu partida, pelo espelho retrovisor viu longe um jipe se aproximar no deserto. Imediatamente seu coração saltou no peito, a ansiedade e o desespero por agradar voltaram.

Esperou o jipe se aproximar sem conseguir conter o sorriso que rasgava seu rosto de orelha a orelha. Intimamente imaginava uma cena onde todos a agradeciam pelos riscos que corria e ficavam extasiados com as gostosuras que ela havia colocado a mais em meio as encomendas deles. Havia até mesmo brinquedos e doces.

O jipe parou uns vinte metros a frente, isso fez o sorriso dela sumir completamente, nada havia mudado. Um homem negro e alto, com tatuagens nos ombros saiu e apontou um rifle para ela, com isso suas fantasias esvairam-se quase completamente. Havia no jipe uma mulher, ela não conseguia vê-la completamente, mas sabia que a expressão dela também não era amigável. Do jipe desceu outro homem, seu coração acelerou ainda mais e ela nem sabia que isso era possível, caminhou em direção a ela lentamente. Quando chegou perto o homem sorriu. Ela sabia que era apenas um sorriso cortês.

Ela ficou ali, parada, fascinada pelo corpo firme e de boa constituição muscular, cabelos lisos de um castanho claro cortados de forma a parecer sempre revolto, olhos azuis, solbrancelhas grossas e barba por fazer. Tudo num conjunto que se completava no sorriso arrasador dele.

__ Olá Cristal.

Ela adorava o jeito que ele pronunciava seu nome, queria dizer isso a ele, mas não coseguia sequer abrir a boca. Que sentimento era esse que a fazia agir como mentalmente perturbada quando ele chegava perto?

__ Olá Josh. _ Foi tudo que ela conseguiu dizer.

Sem esperar por ela ou considerá-la, Josh foi em direção ao caminhão e abrindo sua porta traseira, foi conferir o carregamento. Tudo estava ali. Teriam provisões para algumas semanas e ele não pode deixar de sorrir ao ver os brinquedos e doces que ela havia colocado em meio aos enlatados.

Sabia que ela estava as suas costas esperando uma reação positiva. Sabia também da natureza passional das almas que as levavam a amar incondicionalmente, suspeitava que ela nutria sentimentos por ele ainda que a própria talvez não soubesse ou não entendesse. Ele aproveitava-se disso para conseguir mais comida e impressionar todos na comunidade humana.

Jeb havia sido claro, era para ele se aproveitar de seu charme, do efeito que causava nela e não dar esperanças de algo que ele nunca faria. Ele jamais se uniria a uma alienígena. O que ele fazia sem o mínimo de remorso era ser o mais charmoso possível com ela, assim ela os ajudaria e eles correriam o menor risco possível. Claro que Jeb não sabia que suas ordens haviam sido descumpridas, uma vez que ele a enchia de esperanças.

Josh voltou e com todo o açúcar que era capaz de colocar na voz bajulou uma Cristal a beira das lágrimas:

__ Você é demais! Nossas crianças vão ficar mimadas assim, com tantos presentes que ganham de você.

O coração de Cristal se derreteu com o sorriso dele. Ela não havia sido preparada para a malícia humana e nem para a capacidade de dissimular que os humanos tinham. Para ela, ele estava sendo sincero.

Josh continuou a iludir Cristal, falando do quanto ela os ajudava e de como era importante tê-la do lado deles. Elogiava sua aparência, falava com ela como se estivesse falando com um igual. Em seu interior ele mantia o mesmo pensamento em relação a todas as almas, eram parasitas e ladrões de corpos, alguns eram agressivos como os buscadores e outros era tolos como a que estava a sua frente. Ele tolerava a presença das almas que viviam nas cavernas porque era assim antes dele chegar doente e faminto ao local que se tornaria seu lar. Quanto a Cristal ele ficava feliz por não precisar fingir por muito tempo e suas atitudes em relação a ela eram o motivo por eles conversarem atrás do caminhão, não queria ser delatado ao Jeb. Se Luke achasse que ele estava desobedecendo e que isso atrapalharia a estadia deles naquelas cavernas, contaria tudo para o velho sem pensar duas vezes.

Enquanto falava ele ia aproximando-se dela. Achava a hospedeira de Cristal bonita, ela tinha o corpo esguio, cabelos negros e lisos que chegavam aos ombros, olhos igualmente negros e muito vivos. Sua pele era queimada do sol e parecia macia ao toque. Ele ia pensando essas coisas enquanto a abraçava. Quase sem perceber reparou nos lábios cheios dela e na repentina vontade de provar o gosto daquela boca tentadora.

O beijo começou devagar e tímido. A medida que as carícias dele avançavam foi ficando urgente e sem perceber Josh estava tão entregue quanto a jovem alma em seus braços.

O som de uma buzina interrompeu o idílio amoroso em que Josh e Cristal haviam mergulhado.

Ao se afastar Josh percebeu o brilho de esperança renovada nos olhos de Cristal e sorriu. Para ela tinha um significado diferente, ela achava que a felicidade dele era consequência do que haviam acabado de viver, para ele era a certeza de continuar obtendo ajuda com as provisões.

__ Tenho que ir Cristal. Nos vemos em três semanas?

Ele ainda a segurava pela cintura. A proximidade dele embotava seu raciocínio.

__ Sim nos vemos em três semanas.

__ Ótimo. Trouxe uma lista nova, com alguns itens a mais. Espero que consiga tudo.

Cristal piscou um pouco, sem entender direito. Gelo correu por suas veias quando entendeu, achava que ele estava marcando um encontro amoroso. Na verdade seria mais um saque que ela colocaria em sua consciência junto com todo sentimento de culpa que já havia lá. Sentiu vergonha por entender errado.

Ficou decepcionada que as coisas não houvessem mudado de verdade e apenas acenou um sim.

Com isso ganhou outro sorriso de arrasar e um beijo rápido na bochecha enquanto ouviam outra vez a maldita buzina.

Alegre Josh foi para a boleia do caminhão, deu a partida e saiu rápido seguido do jipe, deixando Cristal parada ali à beira da estrada.

Faria como sempre voltaria para casa correndo e sustentaria a desculpa de uma corrida para se exercitar.

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Tudo havia corrido normalmente. Eles estavam em casa há dois dias e de volta a suas ocupações na comunidade. Luke, o homem negro com as tatuagens que atemorizava Cristal, ajudava sempre com os trabalhos mais pesados, por ser o mais forte, no momento ele limpava os refletores no teto. Parecia a vontade pendurado nas cordas.

Victória, a mulher que nunca saia do carro, era sua namorada e ajudava na limpeza geral de ambientes em comum. Os dois haviam se conhecido numa estação de cura, ela tentava roubar remédios para a filhinha e ele tinha um plano absurdo de sequestrar um curandeiro para Josh que estava terrivelmente doente. Ambos falharam miseravelmente e graças aos habitantes dali não foram pegos. Eles tinham almas a seu favor e conviviam com elas, quando quase foram pegos, Luke e Victória foram acobertados e aceitos na comunidade.

Com Josh havia sido diferente, ele tinha um vírus contagioso e só foi aceito quando curado. Agora trabalhava nas plantações desde a hora que acordava até a hora de dormir, mal fazia pausas para refeições e tentava de todo jeito provar que seria útil. Essa vontade de se afirmar o havia levado a Cristal.

Um dia em uma de suas incursões, já cansado e frustado por não ser tão produtivo quanto a parasita que estava grávida e agora não poderia sair, foi descuidado e descoberto por Cristal. Achou estranho a garota não o entregar até que percebeu que poderia usar o fascício dela a seu favor. Conversaram e Josh percebeu sua curiosidade em relação a ele. Quando deu por si, já a havia engendrado em um plano que a iludia. Ao contar para Jeb, que também estava frustado por não ter a ajuda de Peg por um tempo, achou que seria um bom plano, mas como todo adorador de parasita, mandou que não magoasse Cristal.

Aí residia o dilema dele, depois do que havia acontecido dias atrás ele tinha certeza que a havia magoado e muito.

Mesmo depois de jantar, tomar banho e refugiar-se no quarto que dividia com outros três homens, ainda estava pensando naquele beijo. Fez uma careta ao pensar que havia somente homens naquele quarto e ele estava completamente excitado.

Em completo silêncio fechou os olhos recriminando-se.

“Muito bem Josh, você fez direitinho, deseja aquela parasita, só falta se apaixonar”.

No minuto em que pensou teve um sobressalto, o coração acelerado.

“Não! Nunca”. Sabia que mentia para si mesmo.

Com a constatação que havia se apaixonado por Cristal, vinha o insuportável remorso e a necessidade de protegê-la.

Não queria que ela tivesse problemas entre os seus, não queria mais que ela vivesse entre eles, precisava saber se ela estava bem. Queria vê-la.

“Parabéns, Josh seu imbecil, vai ficar a noite toda acordado pensando nela”.

Ele balançou a cabeça, agora estava ficando louco, estava brigando com ele mesmo.

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As semanas passaram para Cristal com a mesma rotina enfadonha. Acordar, trabalhar e voltar para casa. Estudar e fazer exercícios, adorava correr, conversar polidamente com todos, ser educada, suprir as necessidades paternais de Lua Brilhante e Sebastian.

Claro que havia dedicado tempo para organizar o saque que havia prometido a Josh, não queria decepcioná-lo e causar uma briga entre eles. Ficara todos aqueles dias pensando no beijo, o primeiro de muitos que certamente viriam. Ela nunca havia beijado ninguém, nunca sentira necessidade apesar de Lua Brilhante tentar convencê-la de que relacionamento físico era uma necessidade dos corpos humanos. Só havia sentido essa necessidade com Josh e havia adorado.

Enquanto andava até os fundos do depósito, ia se certificando de que todos haviam ido embora.

Faria tudo como sempre, Josh levava o caminhão e descarregava, trazia de volta um dia antes da entrega, durante a noite, ela pegava o caminhão na beira da estrada e estacionava nos fundos do depósito, depois de tudo colocado no caminhão ela esconderia ele numa rua paralela e na tarde do dia seguinte levaria para ele. Sebastian e os outros nunca haviam descoberto, porque nunca desconfiavam. Era interessante saber que aquele caminhão passava despercebido simplesmente porque nenhum deles esperava que algo assim estivesse acontecendo.

Ela fez tudo como sempre e ficou ali na estrada esperando o jipe aparecer no horizonte. Queria que ele chegasse logo, ela sentia uma ansiedade diferente naquele momento, sentia como se algo ruim fosse acontecer. Era a primeira vez que desejava livrar-se logo daquilo.

Como sempre Luke dirigia, descia e apontava o rifle, a mulher ficava mal humorada do lado e Josh descia sorrindo.

__ Oi Cristal! Como você está hoje?

__ Olá Josh. Estou muito bem. _ Ela achou estranho o cumprimento longo e o olhar ansioso dele, ele sempre a cumprimentava com um “oi”. Havia estranhado o comportamento dele na noite passada também, de repente ele parecia preocupado demais com ela.

Josh pela primeira vez havia a esperado para abrir o caminhão. Ele a estava surpreendendo.

__ Você parece diferente.

__ Diferente em quê? _ Ele endereçou a ela outro sorriso abrasador.

__ Só diferente.

Descobrir que a amava lhe dava medo, mas ao mesmo tempo Josh começava a ter pensamentos de um futuro com ela.

Rindo, sem esperar mais ele abriu a porta do caminhão.

Dentro dele não haviam provisões.

Josh ficou paralisado no lugar. Não esperava aquilo.

Buscadores! Ali, no caminhão onde deveria ter comida, estavam dois buscadores.

Lentamente Josh voltou seu olhar para Cristal que estava tão assustada quanto ele.

__ Você estava planejando isso há muito tempo não é?

__ Eu... não... como você pode pensar isso Josh. _ Ela estava em pânico.

__ Você acha que eu sou idiota? _ Ele estava furioso e era a primeira vez que ela o via assim.

Cristal não sabia que durante a noite passada, quando foi pegar o caminhão, Lua Brilhante havia acordado e estranhado seu comportamento. Ela não sabia que Sebastian a havia seguido, que a vira em uma animada conversa com Josh e que eles haviam chamado os buscadores. Cristal não imaginava que havia uma emboscada armada para pegar os humanos.

Os buscadores desceram do caminhão, estavam armados, mas Josh não tinha medo das armas, a única coisa que o fazia ficar parado era o fato de que eles não haviam visto o jipe, ele poderia dar um sinal e Luke poderia escapar daquilo salvando todos os outros.

Ele estava magoado, descobrira que estava apaixonado por Cristal e ela o havia traído. Jamais confiaria em uma parasita de novo. Estava tão certo de que ela era inofensiva que não achava necessidade de se armar. Agora estava parado com duas armas apontadas para ele e não havia como se defender.

Cristal não sabia como tudo havia acontencido, mas buscava de todas as formas um meio de consertar aquela situação. De alguma forma eles haviam descoberto tudo e isso significava que ela havia sido descuidada. Josh achava que era um plano dela, precisava provar que não.

Quando um dos buscadores deu um passo em direção a Josh ela colocou-se a frente.

__ Não!

O homem a olhou com pena. Para ele, ela havia sido corrompida pelos humanos e portanto era digna de compaixão.

__ Acalme-se Fonte de Água Cristalina. Não vamos fazer mal a ninguém pequena criança.

__ Para que servem essas armas então.

__ Os humanos são perigosos e ardilosos. Nós precisamos nos defender deles e fazer o possível para que eles mesmos não se machuquem.

O homem estava calmo e falava como se ela fosse uma criancinha teimosa.

__ Josh não é assim. Diga a eles que você não me faria mal Josh. Diga a eles que somos amigos. _ Ela não falaria de seus outros sentimentos na frente de buscadores.

Josh no entanto, permanecia em silêncio e assim ficaria até entender o que diabos estava acontecendo ali.

__ Você acha que ele gosta de você, mas ele apenas a usou para conseguir o que queria. Cativar-lhe para conseguir sua ajuda.

Ela riu. __ Isso não é verdade. Não é mesmo Josh?

Ele em silêncio apenas a encarou, em seu olhar a vergonha e arrependimento. Havia aprendido a gostar dela e até se apaixonado, mas diante das circunstâncias não diria nada sobre seus sentimentos. Ainda achava que de alguma forma Cristal havia colaborado com aquela emboscada.

__ Esse parasita está certo. Eu iludi você de propósito para conseguir sua ajuda. Nunca fui completamente sincero com você.

Aquilo cortou o coração dos dois.

Enquanto falava, Josh havia recuado e agora era visível para Luke.

Como se tudo estivesse planejado para acontecer de forma cronológica, o carro de Sebastian surgiu na estrada e em poucos minutos ele parou perto do caminhão. Lua Brilhante não estava com ele, ela nunca saia de casa e Cristal suspeitava que aquilo tudo tinha a ver com ela e sua mania de espreitar. Devia ter prestado mais atenção nela.

O segundo buscador não tirava os olhos de Josh enquanto o outro esplicava como seriam os procedimentos:

__ O humano virá conosco e mostrará onde é o esconderijo deles. Se não colaborar faremos a inserção de um buscador. Você, minha querida, irá com seu guardião e será imediatamente extraída e enviada ao planeta das Algas.

O buscador pintara um futuro nada atraente para os dois, um teria o que mais desprezava em seu corpo e o outro iria para longe.

Cristal havia se movimentado de forma a ficar no centro, com os dois buscadores a frente, Sebastian a sua esquerda e Josh atrás.

Sebastian não tinha medo de um humano desarmado e havia dado aquele episódio por terminado. Ele não se preocupou com o carro. Achava que com certeza os buscadores controlariam a situação e que Cristal iria de boa vontade com ele.

Sem aviso prévio, Josh agarrou agarrou Cristal por trás, transformando-a em um escudo humano. Ele não queria fazer mal, sabia que os parasitas não atirariam em um dos seus, também não deixaria que a levassem para longe. Por mais difícil que fosse admitir, a amava, independente do que ela tivesse feito contra ele.

Luke viu a movimentação estranha, então não usou a buzina para chamar atenção. Assim que viu Josh agarrar Cristal percebeu que algo estava acontecendo e a medida que ele a arrastava até o carro os buscadores entraram em seu campo de visão. Victória arfou do seu lado e sem pensar duas vezes ele colocou os buscadores na mira de seu rifle. Ela, pela primeira vez saiu do carro e empunhou sua pistola.

Todos falavam ao mesmo tempo e Cristal não conseguia entender nada. Tudo o que sentia era medo. Tinha medo do que Josh tinha planejado e do que os buscadores fariam. Sebastian havia apenas recuado, como qualquer alma, a violência o chocava, mas não iria interferir, aquilo não era para ele.

__ Por favor não faça isso humano. Não queremos machucá-lo. Entregue-se de boa vontade, vamos cuidar de você.

Os buscadores estavam calmos e por tentarem persuadir Josh, não prestaram atenção ao redor, então não viram Luke.

Assim que Josh chegou perto da porta do carro, seus amigos começaram a atirar distraindo os buscadores que ao mesmo tempo que revidavam protegiam o pobre Sebastian, que fez a única coisa que podia, abaixou-se.

Luke fez Cristal entrar no carro e assumiu a direção. Acelerou o carro ao máximo e fugiu dali. Em seu peito levava o remorso por deixar Luke e Victória. Em silêncio orava para que eles conseguissem se salvar.

Provavelmente eles haviam distraído os buscadores por muito tempo, uma vez que ninguém veio atrás deles.

Ele não poderia ficar e voltar para a comunidade de Jeb, Cristal não seria aceita, as cavernas estavam lotadas e ninguém mais era aceito. Não poderia confiar plenamente em Cristal para lutar pela sua permanência, não poderia deixá-la e com certeza não poderia explicar a ninguém seu comportamento. Sua vida agora era um grande saco cheio de nãos.

__ Por que está me levando com você?

Legal! Ela queria conversar!__ Josh pensou com mau humor.

__ Acabei de abandonar dois grandes amigos, não estou com humor para conversar com você agora.

__ Finja que está. Você é bom nisso.

Josh acelerou o carro. Queria deixá-la assustada para assim fechar sua boca.

Não deu muito certo.

__ Por que está me levando junto?

Porque eu amo você. Ele pensou, mas disse outra coisa.

__ Vai ser minha refém. Dar garantias de que nada irá acontecer comigo e com os outros.

Aquilo machucava, doía nos dois.

A partir daquele dia teriam cicatrizes no peito que somente seriam curadas com amor.

__ Para onde vamos?

__ Quer saber por que? Vai chamar seus amigos para me pegar?

__ Eu não armei aquilo! _ Ela estava irritada.

__ Vai precisar me convencer disso.

__ Não devo nada a você. Afinal eu que fui enganada. Você fingiu gostar de mim. Ele não havia fingido, mas eles estavam numa fuga e precisavam cooperar para se esconder e não brigar.

__ Vamos para o litoral. Tenho uma teoria sobre algumas ilhas. Diga me se estou certo. Vocês não habitaram todos os lugares? Transformaram algumas ilhas em santuários para os animais?

__ Já que vocês quase mataram todos. Sim fizemos isso.

Josh sorriu. Estava certo.

__ Então meu amor, vamos para uma ilha deserta.

Ela franziu a testa ainda de mau humor.

__ Não sou seu amor. Você nunca mais vai me fazer de boba.

Josh suspirou, sabia que teria trabalho em reconquistar Cristal, mas ilhas desertas serviam para isso.

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