terça-feira, 25 de junho de 2013

LDS - Capítulo 3

Ao ouvir o nome familiar, tentei espiar por entre os braços de Kyle. Não pude ver através da multidão, mas pude ver um homem ainda mais ameaçador que todos, olhos indecifráveis e arma na mão, abrindo caminho por entre os outros. Atrás dele, a amiga que reconheci imediatamente como minha igual. Ela passou por entre Jared e Ian e tocou nos braços de ambos, acalmando-os como se fossem dois cães bravos. Temi por ela, mas eles foram receptivos, pareceram gostar.


O homem com a arma fez uma ameaça para Kyle, o que me assustou. Mas, para o que foi uma surpresa para mim, parou diante de nós como se estivesse nos guardando. Kyle não parecia surpreso, entretanto, nem com a ameaça e nem com a súbita proteção. Senti seu corpo relaxar mais um pouco. O homem mandou todos embora, dando-lhes uma bronca por estarem me assustando. Não conseguiria me enternecer com seu gesto, porém, enquanto ele estivesse segurando aquela arma. A maior parte dos humanos obedeceu, ainda que hesitantes. Apenas alguns se mantiveram ali. Ian segurou uma das mãos da minha amiga. O garoto segurou a outra. Jared se postou atrás dela protetoramente, e também pareceu tocá-la de alguma forma. Formavam uma estranha unidade aqueles quatro. Pareciam tão confortáveis os três ancorados nela e ela ligada a todos eles. Era como se fossem uma família.

– Obrigado, Jeb – disse Kyle.

– Cale a droga dessa boca, Kyle. Trate de ficar com essa sua boca grande fechada. Eu estou falando sério sobre matar você, seu verme inútil.

O medo tomou conta de mim e eu murmurei coisas incoerentes.

– Tudo bem, Jeb. – disse Kyle sem parecer realmente com medo. Esses humanos podiam ser estranhos! – Mas dá pra deixar as ameaças de morte para quando estivermos sozinhos? Ela já está bastante apavorada. Você se lembra de como esse tipo de coisa arrasou a Peg. Está vendo, Sunny? Esta é a Peg, de quem lhe falei. Ela vai nos ajudar; não vai deixar ninguém machucar você, como eu também não vou.

Ele se virou um pouco e passou novamente o braço em minha cintura, trazendo-me pra frente. Tentei resistir, mas ele era tão mais forte que eu que nem percebeu minha resistência. Percebendo meu receio, minha amiga falou:

– Kyle está certo. Não vou deixar ninguém machucar você.

Ian olhou para ela nesse momento, os olhos cheios de orgulho e admiração. Ela não o olhou de volta, pois estava ocupada em me observar, em me assegurar que tudo ficaria bem. Aquilo pareceu ter um efeito ainda mais poderoso sobre ele. Kyle havia me dito que Ian gostava dela, mas era mais do que isso. Naquele momento eu soube: ele a amava.

Eu não sabia muito sobre amor. As Almas que ocupavam os corpos dos pais de minha hospedeira adoravam a companhia uma da outra. Elas estavam acostumadas com a presença uma da outra, porque era muito natural para eles. Assim como foi natural para mim correr até eles quando cheguei nesse planeta. Mas não havia nada de natural no jeito que Ian olhava para Peg. Algo dentro dele ardia. Ele estava apaixonado por ela. Era do jeito que eu imaginava que meus olhos ficavam quando eu olhava para Kyle. Era do jeito que Kyle me olhou quando me disse que eu era linda.


Então eu soube. Eu estava apaixonada por Kyle, mas ele estava apaixonado pelo que via além de mim.

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