segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

S - Capítulo 12

Ao sairmos da padaria, encontramos algumas pessoas do lado de fora e alguns fotógrafos disfarçados dentro de um carro antigo do outro lado da rua. Não sei o porquê deles acharem que podem enganar alguém se não conseguem esconder o brilho dos flashs. Entramos no táxi de forma tão rápida que nem deu tempo de alguém se aproximar para pedir autógrafo. Normalmente eu daria autógrafos sem me incomodar mas depois da discussão com meu pai, eu não tinha o mínimo humor.


Bella se manteve quieta durante toda a viagem até meu apartamento, que ficava mais no centro de Dublim e até que era bem prático para mim. Ela sabia que eu só falaria sobre o acontecido quando estivéssemos completamente a sós. Eu tenho muita sorte em ter uma mulher tão compreensiva ao meu lado. E tão indulgente também.

Ao entrarmos no apartamento, eu joguei minhas chaves sobre o armário de sapatos no corredor de entrada e Bella tirou seu casaco pendurado-o no porta casaco de madeira rústica na parede. Aluguei esse apartamento já mobiliado, sem me importar com nada nele, de fato. E notei que Bella nem parecia muito curiosa ao caminhar do corredor até a sala, pois o fez de maneira displicente e eu sei que é porque quer saber o que houve lá na casa dos meus pais. Ao sentarmos no sofá de Corino preto e lustroso, um de frente para outro, de cada lado da mesinha de centro.

— O que houve lá, meu amor? — Bella me encarava com um pouco de pesar em seu semblante. — O seu pai não gostou de mim, não é?

— Não foi nada disso. Ele te adorou, você não viu como ele te convidou para ir lá mais vezes, mesmo que eu não estivesse com você? — e eu senti ela relaxar depois de ouvir minhas palavras. — Aparentemente, eu não sou mais bem-vindo lá. Fui expulso por ele e se eles fossem ricos, eu teria sido deserdado. — eu ri sem humor.

— Como assim "expulso"? — Bella me encarava incrédula, com algo de confuso em seu rosto.

— Meu pai ficou possesso quando descobriu que eu não tinha te pedido em casamento, pois ele é católico fervoroso. Você sabe, aqui na Europa o catolicismo é um pouco mais ortodoxo do que nos Estados Unidos e no Brasil ou até outros lugares religiosos do mundo. Ele praticamente me acusou de ter me aproveitado de você, como se eu tivesse te molestado e te engravidado de propósito.

— De propósito? — o rosto de Bella expressava ainda mais incredulidade. — Seu pai está sendo no mínimo absurdo, meu anjo, desculpa eu falar assim ,mas ele está exagerando.

— O pior é que eu concordo com ele até certo ponto. Eu estava mais sóbrio do que você naquela noite e eu não pensei nas consequências do que eu fiz. Bella, você até hoje não se lembra muito bem e isso significa que nós tivemos relação e você estava apenas semiconsciente. Mas eu não estava.

— Edward, eu me lembro do que fizemos no seu hotel quando chegamos. Eu me lembro de ter assumido o controle. E eu nem pensei nos preservativos em minha bolsa.

— Mas, Bella, eu acho que o que eu fiz antes foi estúpido, e por mais que você me diga que não, eu ainda sinto que o que eu fiz foi errado de alguma forma, e isso está me mantando. Então, ouvir isso do meu próprio pai, que me diz que eu fui um tipo de pervertido com você e que eu me aproveitei de sua bebedeira, isso me deixou mal. Ele não sabe o quanto eu te amo e quero estar com você, ele não nos conhece juntos. Eu juro para você, que eu estou com você porque eu te amo muito e não por culpa. — eu não tinha percebido mas eu estava sendo sobre a mesa de centro de madeira rústica e bem perto de Bella, com suas mãos entre as minhas. Em que momento eu tinha me levantado e ido até ela, eu não sei. — Eu te amo, Bella. Muito, muito mesmo! Estou feliz com o nosso bebe e de vivermos juntos. Eu sinto a sua falta o tempo todo. Mas meu pai hoje conseguiu me botar pra baixo.

— Não fique assim. — Bella tirou uma de suas mãos entre as minhas e passou pelo meu rosto carinhosamente. — Eu também te amo muito, Edward, e se não fosse por isso, eu nunca aceitaria dividir minha vida com você, mesmo se você for o pai de todos os meus futuros filhos.

— Bella, eu não quero você me odeie no futuro. Tenho medo de que quando as coisas ficarem difíceis ou você perceber que parte da sua vida e liberdade não te pertencem mais, você automaticamente me culpe por isso. Já vi isso acontecer uma vez e eu não sei se poderia suportar. Não sei se eu poderia ficar longe de vocês, de fato, eu não consigo imaginar deixar você ir.

— Eu estou aqui agora e não vou a lugar nenhum! — ela me olhou nos olhos e no rosto uma expressão de exasperação.

— Eu sei, mas não finja que não entendeu onde eu quero chegar. — agora era eu quem já estava exasperado.

— De quem é o X-Box? — Bella apontou para o console ao lado da TV no rack de madeira também rústica para combinar com o resto dos móveis do apartamento.

— Já estava aqui quando eu aluguei o AP. — eu olhei rapidamente para onde ela tinha apontado, entendendo que o assunto estava agora encerrado.

Bella se levantou e andou até o rack ligando a TV e o console. E enquanto ela ia escolhendo os jogos gravados no HD, eu também me levantei e sentei na poltrona típica para jogos ao lado dela. Peguei um controle e liguei mostrando que eu queria jogar também eu que eu queria me divertir um pouco com ela.

— Eu acho que jogar é melhor do que encher a cara de Whiskey pois é algo que podemos fazer a dois. — Ela sorriu para mim enquanto me olhava de lado. Bella me conhecia muito bem. Eu estava mesmo pensando em beber.

— Tem outras coisas que eu gostaria de fazer a dois... — eu sorri para ela de volta.

[…]

No dia seguinte, eu levei Bella comigo para o set de filmagem que ficava nas ruas do centro de Dublim. Fechamos parte de uma rua comercial para gravarmos, mas mesmo assim, algumas pessoas ainda transitavam, afinal, muita gente não se importava de fazer ponta ou aparecer rapidamente no meio das filmagens.

Bella estava sentada perto do diretor, olhando para tudo fascinada. Parecia uma criança numa feira de brinquedos. Não pude me concentrar muito nela pois estava encarnando o músico de rua, Jake. Bella nem tinha reparado que meus cabelos estava mais ruivos porque o tonalizante castanho tinha saído totalmente e que eu usava óculos falsos. Estávamos fazendo a cena em que eu oferecia uma canção de graça para uma moça que eu tinha achado bonita e que era amiga do personagem de Siobahn.

Mais tarde, depois do almoço, eu apresentei Bella toda a equipe de produção e para o resto do elenco. Bella e Siobahn simpatizaram uma com a outra logo de cara porque Siobahn tinha a pintura como hobby e estava fascinada em conhecer uma artista plástica tão independente quanto Bella. Passamos o resto do dia gravando e na manhã seguinte Bella voltou para a Alemanha.

Durante uma de nossa conversas no Skype, Bella me perguntou o que eu faria no intervalo entre o fim da produção em Dublim e o começo da outra em Manhattan. Eu realmente não tinha nada planejado. Então ela sugeriu que fossemos para o Brasil por quatro dias, pois dos seis meses em diante, ela não poderia mais viajar e essa seria uma boa oportunidade para conhecer seus pais, e para ela resolver algumas coisas relacionadas ao seus bens. Eu topei, é claro, afinal não é todo o dia que se tem uma oportunidade de conhecer um lugar tão famoso quanto o Rio de Janeiro.

[…]

Nos encontramos no aeroporto de Amsterdã. Bella me abraçou apertado por alguns minutos. Afinal, tinha sido 2 semanas sem nos vermos. E barriga de Bella estava um pouquinho maior e seu rosto mais redondo. Ela é linda, linda! Sem comparações...

Eu fiz uma extravagância e nos comprei passagens na classe executiva pois era a melhor que a KLM tinha, e Bella fazia questão de voar por essa companhia. E também sei que seria mais confortável para Bella. Quanto a mim, não ligo muito pra isso, desde que eu chegue onde eu tenho que ir. Estávamos lado a lado em poltronas reclináveis tão flexíveis que era quase como uma cama mesmo. E tinha até controle de inflamento na altura da coluna. Uma tela enorme a nossa frente e chocolate quente a qualquer hora. Ver Bella dormir em sua cadeira me encheu de satisfação pois eu sabia que eu tinha feito uma boa escolha. Antes de eu adormecer, estiquei meu braço e acariciei de leve o rosto da mulher que me pôs maluco ao ponto de não enxergar nenhuma outra mulher. E ela ia me dar um filho, para dizer a verdade eu esperava que fosse uma menina. Tão linda quanto a mãe. Pensando melhor, não. Era melhor não se parecer muito com Bella pois se assim for, eu terei muitas dores de cabeça no futuro.

Ao chegarmos, pegamos nossas bagagens que consistiam apenas em duas mochilas cheias de coisas nossas, pois ficaríamos pouco tempo e Bella insistiu que se eu precisasse de alguma coisa mais, eu poderia comprar no Brasil já que as roupas seriam mais adequadas ao clima. Ao sairmos do ambiente refrigerados do aeroporto para a rua, eu senti um jato de calor e umidade direto no meu rosto como se fosse um vapor. Pegamos um táxi e Bella disse que íamos primeiro para Niterói que era onde ficava seu apartamento e seu carro.

Seu prédio era em uma rua que fazia esquina com um Shopping chamado Plaza. A rua em si não era muito movimentada, mas como já eram quase 16:00, acredito que por causa disso. Seu prédio não era muito alto, tinha no máximo 6 andares e era em sua maioria um flat ou quitinetes. Não tinha elevador tão pouco. Quando eu entrei esbaforido no apartamento, para a minha surpresa, tinha um sofá e uma mesinha alta de café de frente para a janela, mas o resto da sala estava saturada de quadros, cavaletes vazios ou ocupados e uma mesa enorme encostada em uma parede de frente para porta de entrada, onde ficavam projetos de esculturas. Eu só queria água.

— Bella, pelo amor de Deus, onde eu posso arrumar um pouco d'água? — larguei as mochilas ali mesmo no curto corredor de entrada.

— Ai, eu tinha me esquecido dos detalhes...eu não vivo aqui há mais de um ano e por isso não há nada nos armários, a geladeira está desligada, mas pelo menos temos gás no fogão. Teremos que sair para comprar algumas coisas e água também. Ah, mas antes que eu me esqueça, nós aqui no Brasil não temos costume de tomar água com gás como se não houvesse amanhã feito vocês europeus.

— Qualquer água serve.

Eu também queria um banho, de preferência frio. Mas Bella me informou que a água viria morna pois não vinha direto da rua e o sol no final de outubro e começo de novembro estava forte todos os dias. Fomos para garagem do prédio e Bella parou em frente a um carro coberto de lona branca, porém quando ela puxou a lona, não foi surpresa constatar que era um fusca. Aliás, um fusca verde abacate. Eu só esperaria algo assim de Bella. Tudo nela era peculiar, até seu gosto para cor de carro. Fomos para um grande supermercado em Icaraí, Bella tinha me informado. As ruas do bairro em questão ficavam lindas ao entardecer. Bella aproveitou e passou pela orla da praia de Icaraí só para me mostrar a praia ao entardecer. Pessoas jogavam futebol na areia e algumas outras apenas caminhavam pelo calçadão com seus sapatos ou chinelos nas mãos.

Quando voltamos ao apartamento, Bella preparou uns sanduíches com baguetes enquanto eu fui tomar meu banho com uma pequena garrafa de água nas mãos. E ela tinha razão, a água estava um pouco morna no começo mas foi esfriando ao longo do banho. Eu estava cantarolando quando senti mãos tocarem meu ombro levemente. Como o que separava o box do resto banheiro era uma cortina fina, eu puxei a dona da mão e Bella veio parar grudada em mim debaixo do chuveiro. Ainda bem que ela estava só de calcinha e sutiã porque com facilidade essas peças foram parar no chão do box quase perto do ralo. Tocar seu corpo nu e sua pele macia tinha sido um sonho realizado. Sonhei com seu corpo durante as duas semanas separados. Passei a mão ensaboada por cima de sua barriga aredondada e posicionei seu corpo de costas para mim, sua bunda colada na minha virilha. Minhas mãos deslizavam por seu corpo como a água do chuveiro. Meus lábios no seu pescoço e eu podia sentir a vibração de seus gemidos direto de sua garganta. Desci minha mão até sua intimidade quente e agora molhada, meus dedos abriram os grandes lábios delicadamente e comecei a acariciar seu clitóris devagar. Seu quadril apertando e se contorcendo contra mim estava me deixando mais excitado.

— Isso! — eu sussurrei em seu ouvido ao mesmo tempo que beijava seu lóbulo de leve. — Assim, geme para mim...

— Edward... — ele geme e eu fico ainda mais excitado.

E finalmente ela solta um gemido quase gritado, sua respiração está entrecortada e suas mãos me segurando os braços para se apoiar. Seu corpo todo está tremendo levemente contra o meu. Assim que ela se acalma, se vira para mim com uma expressão um tanto atrevida e diz:

— Agora é a sua vez, Cherry Bomb.

E ela se ajoelhou até que sua boca ficasse na altura da minha virilha.

[...]

Bella tinha ligado para os pais depois que comemos e no dia seguinte, logo por volta das 10:00 da manhã, estávamos a caminho da casa de seus pais na Barra da Tijuca. Bella disse que levaria cerca de uma hora por causa dos pedágios e um pouco de lentidão na saída para a Avenida Brasil. Ela também me disse que seus pais moravam em um condomínio fechado, nada muito luxuoso. Passamos por tantos lugares que imaginei e que não imaginei ver no Rio de Janeiro e confesso que eu esperava algo totalmente diferente. Algo menos desenvolvido. Me sinto envergonhado de ter pensado assim.

Quando chegamos, passamos pelo portão depois do segurança verificar nossas identidades. Eu pensei num condomínio normal, onde as casas não tinham muros a não ser por seu quintal interno. Mas me enganei totalmente. Os terrenos eram divididos por muros e cada casa tinha seu espaço particular, e ruas internas que percorriam todo o condomínio fazendo parecer mais um bairro do que um condomínio. Encontramos a casa dos pais de Bella com os portões abertos. Entramos e estacionamos bem em frente da porta principal. O caminho do portão dava em uma rotatória e no meio tinha um chafariz.

Um adolescente veio, com cabelos castanhos e lisos como os de Bella mas com enormes olhos verdes veio correndo na direção de Bella. Eu presumi que era o seu irmão. Ele ficou abraçado com ela, sendo embalado de um lado pro outro. De repente ele se afasta de Bella e diz algo que eu não entendo. E logo Bella ri e diz.

— Em inglês por favor, pois não estamos sozinhos. A propósito, esse é meu namorado Edward. — ela faz um gesto para que eu me aproxime. — Edward esse é o meu irmão mais novo, Seth.

— Não me diga que você o cara que interpreta o arqueiro? — ele me olha com aqueles olhos tão verdes e diferentes dos de Bella e eu me vejo derretido, desejando que se o bebe for menino, se pareça exatamente como ele.

— Sou eu mesmo de carne e osso mas sem tinta de cabelo. — eu sorrio para ele e ele me lança um olhar divertido. — o que você disse para a sua irmã antes?

— Eu disse que ela está mais gorda. — eu tive que rir com isso. Estávamos caminhando para dentro da casa. — Ela não está gorda, ela está linda! — eu olhei para Bella em seu vestido cigano bem rodado e bordado curto. Ela realmente estava ainda mais bonita.

— Ah, isso é o que nós homens dizemos para as namoradas quando queremos que elas façam o que nós queremos.

Bella parou diante da escada para pendurar sua bolsa no cabide e disse olhando bem para o irmão.

— Algumas mulheres são muito espertas para caírem num truque bobo desses e alguns homens simplesmente não usam porque não precisam. Lembre-se disso.

Assim que alcançamos a sala de estar, uma mulher com uma aparência jovial e longos cabelos loiros cor de mel veio em direção a Bella e abraçou. Só podia ser sua mãe mas ninguém nunca diria isso. Não se pareciam em nada, exceto pelo formato oval do rosto.

— Bella, o que é isso? Você tá grávida? — sua mãe não continha o espanto.

— Sim, mamãe, essa era a surpresa da qual eu falei ao telefone.

— Mas por que você esperou vir nos visitar para contar? — ela parecia estar ficando com raiva.

— Porque eu descobri quando estava em turnê com a banda que me contratou pelos Estados Unidos e eu estava na casa da vovó Marie também. Na verdade, ela já sabia só de olhar para mim.

— É, a sua vó tem dessas coisas mesmo. Ela descobriu antes de mim que estava grávida de você. — Sua mãe lhe lança um sorriso amarelo.

— Pois é, e então eu contei para Edward. — e o olhar de sua mãe finalmente se dirige a mim, reconhecendo que não estavam sozinhas na sala. — E nós estamos morando juntos desde então. Eu vou entregar minha tese em duas semanas e por isso andei numa correria sem fim. E com Edward gravando e viajando durantes os 3 meses passados, eu só tive tempo de organizar essa viagem agora.

— Entendo. — E então ela caminhou até onde eu estava, estendeu sua mão para mim. — Olá, eu sou Renné, mãe de Bella e Seth.

— Prazer, eu sou Edward Cullen. — eu estendi a mão para Renné e ela demorou alguns segundos para apertá-la de volta mas o fez de forma firme.

— Bella, você vai ter que contar para seu pai você mesma. — ela olhou rapidamente para mim e continuou. — Porque da minha parte, está tudo bem! Acho que é um pouco cedo para se ter filhos mas também não se deve fazer isso muito tarde. Acho que você pode dar conta disso com as duas mãos nas costas.

Meus olhos arregalaram com essa última frase. O que ela e todos pensam? Que vou abandonar Bella e o nosso bebê a qualquer momento? Acho que não devo mesmo passar muita confiança. Não sei o porquê. Será que uma aliança na mão esquerda de Bella faria alguma diferença? Será que isso tudo é sobre casamento afinal?

Quando me dei conta, estava sendo puxado pela mão por Bella a caminho do espaço gourmet no quintal gramado. Lá havia uma mesa para seis pessoas arrumada com complementos para churrasco. Saladas verde, maionese de batata, algo multicolorido que Bella chamou de vinagrete e seu pai estava a frente da churrasqueira á 3 metros da mesa. Uma copeira simpática trouxe uma vasilha branca com alguns petiscos. Eu escolhi um lugar na mesa entre Seth e Bella, e do outro lado da mesa ficavam mais 3 cadeiras. Continuei sentado enquanto Bella se levantou e foi de encontro ao seu pai na churrasqueira. De onde eu estava eu pude observar quando os dois se abraçaram e Charlie se afastou para olhar melhor a filha. Ele sentiu que havia algo diferente no corpo de Bella. Afinal ela já estava com 23 semanas, portanto, está dentro dos cinco meses de gravidez. A barriga já estava um pouco maior. Quando o entendimento alcançou o rosto de Charlie, ele olhou diretamente para mim na mesa. Bella falou mais alguma coisa com ele e ela estava sorridente então presumi que ele não estava tão bravo. Talvez fosse mais tranquilo do que Renné.

E eu não estava preparado para essa postura liberal da parte dos pais de Bella. Afinal eu vinha de uma família religiosa e tradicional irlandesa. Meus pais eram o total oposto dos pais de Bella. Pela primeira vez naquele dia eu sorri sentindo minha tensão de dissipar.

[…]

— E então Edward, o que você faz? — Charlie me perguntou enquanto estendia a cesta de pães de alho para mim.

— Eu sou ator. Eu participei da franquia Heróis que foi o que me tornou famoso mas agora eu estive e estou trabalhando em outros filmes mas estou louco para tirar férias. — peguei alguns pães da cesta e olhei para Bella procurando por algum apoio.

— É, eu também estou esperando por essas benditas férias. — Bella sorriu para mim e olhou para o pai. Com certeza de onde veio uma pergunta viriam mais.

— Mas não é difícil para Bella estar sozinha na Alemanha numa casa só de vocês, que pelo o que eu entendi, estão morando juntos numa casa muito maior que o apartamento que ela dividia com a colega, Alice. Digo, não é difícil para Bella ficar sozinha tanto tempo enquanto você viaja para trabalhar? — dessa vez foi Renné quem perguntou.

— Eu imagino que sim. Assim como é difícil para mim deixá-la lá sozinha também. Eu gostaria muito que pudéssemos ficar mais perto do meu trabalho, sendo a profissão de Bella bem mais flexível que a minha. Mas Bella ainda está presa ao seu mestrado e eu aos meus contratos. Mas pelo menos, toda vez que volto pra casa, eu me sinto feliz de tê-la esperando por mim. Também não vejo a hora de conhecer o lindo o bebê que está ali dentro. — eu disse apontando para a barriga de Bella. — Que eu tenho certeza que será uma menina. Vai ser minha princesa.

— Todas elas são! — Charlie disse sorrindo para Bella. — Sabe, eu acho que vocês vão ser ótimos pais. Ao contrário de Renné, eu não acho cedo demais, afinal vocês estão na casa dos vinte, cada um tem sua profissão, eu acho que estão melhores do que Renné e eu estávamos quando tivemos Bella. Nós tínhamos ambos dezoito anos. Eu tinha certeza do que eu queria fazer e Renné também mas ainda sim estávamos apavorados sobre como seria o futuro. O desconhecido. Éramos mais novos um ou dois anos do que Bella quando resolvemos investir o dinheiro de nossas faculdades em um negócio aqui no Brasil porque era mais viável pra gente. Renné já tinha vindo aqui numas férias com os primos e ela tinha se apaixonado pela cidade, tanto que fez pesquisas sobre como morar ou trabalhar aqui. De qualquer maneira, eu acho que está tudo certo. Acredito que vocês estejam mais preparados do que nós. Isso, de fato, é algo muito positivo.

Bella pegou minha mão e apertou de leve debaixo da mesa. Eu sorri para ela antes de beber minha cerveja leve e gelada. Pois a motorista hoje é Bella e ela não vai beber de qualquer maneira.

[…]

Depois de passar duas horas comendo grande quantidades de carnes diversas que eu nem sabia que podia ser tão bom, finalmente Bella e eu fomos embora. Mas não fomos imediatamente para casa e sim para a praia do recreio que ficava mais à diante. Era uma praia quase vazia, ainda mais ao entardecer quando o sol ainda era quente mas não tão intenso. As águas eram claras e um pouco menos agitadas que na Barra. Gostei de passear com Bella a beira d'água. Nossos pés molhados sobre a areia também molhada, e eu sem camisa e sem me constranger, pela primeira vez. Ia ser bom pegar um pouco de sol pois o meu personagem na comédia romântica começava o filme vindo de uma frustrada lua-de-mel em Cancún, que acabou em divórcio.

Sentamos na areia seca mais tarde. Bella entre minhas pernas que estavam esticadas em direção a praia. Eu fiquei ouvindo Bella falar sobre como ela gostava daquela praia e daquela parte do Rio, mais até do que Niterói. Eu fiquei imaginando que do jeito que é difícil conter o desejo que eu tenho por ela, no futuro teríamos três ou quatro filhos se não tomássemos cuidado. A ideia até me agradava. Mas eu sabia que talvez Bella esperasse alguns anos até termos outros filhos. Isso se ela quisesse mesmo ficar comigo ou se ela aceitasse se casar comigo.

Passamos os próximos dois dias alternando entre ir a praia, encontrar alguns conhecidos no bar à noite e pegar os papéis importantes e algumas telas que Bella levaria com ela para a Alemanha. Passados os quatro dias livres que tínhamos, fomos para o aeroporto tentando não ficarmos tristes com a separação temporária. Prometi que nos intervalos das gravações eu ia pra casa. Voei para Los Angeles e Bella para Alemanha.

[…]

Depois de duas semanas intensas de gravações, Rosie e eu estávamos conversando descontraidamente sobre as férias dela em Nova York com os pais e eu sobre tudo que tinha acontecido até aquele momento. Eu estava encostado no balcão de cozinha do cenário de um apartamento e Rosie estava sentada sobre ele. Rosie usava uma peruca bem realista na cor castanho avermelhado. Parecia até real e ficou bem nela. Era nosso intervalo de almoço e sempre passávamos em algum lugar do estúdio onde não tinha muita gente. Estava bastante frio lá fora agora. Estávamos em metade de novembro. Rosie e toda a equipe do avermelhado que minha pele tinha adquirido em apenas alguns dias no Brasil.

Três horas depois...

Eu estava cansado, fizemos três tomadas seguidas e só a última eu tive repetir a cena 10 vezes porque meu colega de cena, Mark Hilton, teve vários acessos de risos, o que me levou a desconcentrar também. Sentado na poltrona, na sala de jogos do estúdio, eu só pensava em ir para o hotel e deitar para descansar os olhos. Eu não sei por que, mas eu sinto uma angustia que começou logo depois do almoço e não me largou até agora.

De repente, sinto meu telefone vibrar. Eu olhei o visor e era Emmett, eu estranhei o fato dele me ligar ao invés de Rosie.

Será que os dois brigaram?

— Fala Brô! Como vão as coisas? — eu ainda sorri apesar de sentir que havia algo errado. Eu sabia que ele estava na Alemanha pois Bella me disse que eles tinham marcado de se encontrar. E como um flash de intuição eu pensei se Bella estaria bem.

— Sim, comigo sim mas... — ele respirou fundo antes de continuar e isso me angustiou. — Cara, eu sinto muito mas você precisa vir pra casa. Bella e eu estávamos andando de bicicleta porque eu pedi, na verdade eu insisti, e quando saíamos do prédio de sua faculdade fomos cercados por um grupo de repórteres e quando estávamos prestes a deixar o local, um deles puxou a ponta do casaco de Bella e isso acabou derrubando-a da bicicleta.

Merda, mil vezes merda!

Passei as mãos por meus cabelos me preparando para alguma notícia pior ainda. Um frio de medo passou pelo meu estômago e por um momento eu pensei que fosse despencar porque meus joelhos estavam fracos demais para me sustentar.

— Mas Bella está bem? Diga-me que ela está bem... — ela tinha que estar. Eu nem sei o que faria pois estou no meio de uma gravação. — Você está com ela agora?

— Ela está no hospital. Eu liguei para Alice, mas um amigo dela, Tom, estava por perto e avisou para o resto dos amigos que a acompanharam na ambulância até o hospital.

— E por que você não foi junto? — Eu estava desesperado. Onde ele estava agora?

— Eu vim para a Delegacia prestar queixa contra o fotografo que causou toda essa confusão. Eu puxei o crachá dele no momento em que eu tentei impedi-lo de se aproximar mais. Sei onde ele trabalha e quem ele é. Aquele imbecil. — Emmett estava tão puto quanto eu, pois praticamente cuspiu a palavra "imbecil". Assim que tudo terminar por aqui, eu vou pro hospital ver se Bella está bem.

— Mas ela estava sangrando? — Eu estava preocupado dela ter sofrido um aborto.

— Não, mas Alice achou melhor levá-la a um hospital, para prevenir. Não se preocupe, mano, vai ficar tudo bem. Tenho certeza que ela não tem nada sério. Mas mesmo assim eu quero matar aquele maldito repórter.

Eu tirei o telefone da orelha e respirei fundo. Eu estou aqui preso e não sei como vou fazer para ir até a Alemanha ver como estão Bella e o bebê. A situação é difícil mas o culpado sou eu por ser tão workaholic.

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