segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

S - Capítulo 13

Havia se passado uma semana desde que Edward e eu nos despedimos no Galeão. Eu achei melhor ele partir para L.A direito do Rio de Janeiro do que me acompanhar até a Europa e depois voltar. De qualquer forma, meu voo foi direto para Berlim o que deixou meu namorado menos preocupado. Parece que Edward anda sempre muito preocupado comigo. Eu já disse a ele que não estou doente e sim grávida. Ainda posso fazer muitas coisas, só não consigo mais pintar à óleo. O cheiro me deixa mesmo doente. Ainda bem que existem tintas acrílicas quase inodoras ou pastel seco que nesse momento tem sido uma das melhores opções por ser uma pintura à seco.


Quando eu cheguei em casa, numa segunda-feira à noite, Alice estava esperando por mim na cozinha. Ela ainda estava usando as roupas de trabalho com um avental cor de vinho por cima. Ela fez uma sopa. Eu acho que foi uma boa ideia ter dado a ela cópias das chaves aqui de casa. Só fiquei surpresa de Jasper não estar por aqui também. Assim que depositei minha mochila no sofá e olhei para a Alice na cozinha aberta, estilo americano, ela veio correndo me abraçar. Mas o cheiro de sua sopa de ervilha fez meu estômago roncar. Ficamos abraçadas um tempo. Logo ela me puxou pela mão até a bancada onde eu me sentei e ela me serviu numa caneca própria para sopas que eu nunca vi antes.

— Que caneca é essa? — era verde por dentro e preta por fora. Eu não me lembro de ter comprado isso.

— Eu trouxe do Ikea hoje. Você sabe que trabalhando lá é quase impossível não trazer alguma coisa em promoção. — ela disse trazendo sua própria caneca e sentado-se no banquinho ao meu lado.

— É verdade, mas cuidado para não gastar seu salário comprando todas aquelas coisas lindas que eles tem por lá. — eu bem sabia que o Ikea pode ser uma tentação para quem vai lá todos os dias. — O que te inspirou a fazer essa sopa?

— Ah, vamos lá Bella, sopa de ervilha é a coisa mais fácil que existe nesse mundo e eu sabia que você chegaria morta de fome e...

— E... — ela estava começando a balbuciar.

— E Jasper está em Jena apresentando um banner no lugar de seu orientador num Simpósio de educação. Então ele achou melhor pegar o Smart do Tom emprestado do que ficar esperando na estação de trem com um monte de coisas para carregar.

— Eu sei que é ruim ficar sozinha em casa depois de chegar de qualquer lugar... — eu estava lamentado mesmo isso. Eu tinha me acostumado a morar com alguém tendo morando tanto tempo com Alice e agora com Edward mesmo que ele não passasse muito tempo aqui. — Mas que horas vai terminar o simpósio?

— Ás 20:30 e agora são 18:00. Ele deve chegar aqui ás 22:30 mais ou menos.

— Pelo menos fazemos companhia uma a outra. Como foi sua semana agora que não precisa mais estudar horrores como eu? — eu já tinha terminado a minha sopa e levantei para pegar mais na panela que descansava sobre um suporte de maneira na bancada da pia.

— Foi normal. Eu confesso que achei que morar juntos poderia tornar a rotina monótona mas eu estava errada. Jasper é dinâmico quando se trata de seu dia e a dia e eu só pude perceber isso quando passamos a conviver. E ele é mais organizado do que eu, porém ele nunca reclama das minhas coisas jogadas sobre a cama quando me arrumo para ir trabalhar e ele é quem lava as roupas.

— Algumas coisas não mudam. — eu sorri. Alice nunca gostou de lavar as roupas e muito menos de cozinhar, somente em raras exceções como hoje. Eu voltei a sentar em meu banco ao seu lado enquanto ela já me dirigia outra pergunta.

— E como foi lá com Edward no Brasil? Você também não me contou como foi em Dublim.

— É que nem eu sei direito o que aconteceu em Dublim. Os pais de Edward foram um amor e eu até recebi um convite para voltar lá quando eu quisesse. Mais tarde, aquele almoço terminou de forma abrupta e eu tive a impressão que Edward e pai tinham discutido. E eu pensei que foi pelo fato dele não ter gostado de mim e foi por minha causa mas por motivos diferentes.

— É mesmo? Nossa! Mas o que aconteceu? — Agora Alice estava muito curiosa.

— Quando estávamos sozinhos, Edward me contou, mais ou menos, o que pai disse a ele. E é claro que ele não disse tudo, mas ele acusou Edward de ter se aproveitado de mim naquele dia que eu bebi de esquecer até o meu nome.

— Espera aí um minuto? Como assim ele se aproveitou de você? — Alice largou a colher no copo antes de cruzar os braços sobre o peite.

— O fato é que naquele dia, eu realmente não lembro de ter puxado Edward para o camarim e termos transado. Eu só me lembro de ter repetido a dose em seu hotel naquela noite e mesmo assim, tudo ainda é muito nebuloso. Eu provavelmente engravidei naquele dia. E quando o pai dele soube disso, o acusou de ser um canalha que se aproveita de mulheres bêbadas. Disse que ele devia se casar comigo ou nunca mais seria bem-vindo em sua casa e falaria com ele novamente. Carlisle disse que ele não tinha mais filho.

— Wow! Mas eu não sabia que tinha acontecido desse jeito na primeira vez de vocês.

— Edward já morre de remorso por aquela noite e seu pai só reforçou a ideia em sua cabeça fazendo-o se sentir pior. Mas a verdade, Alice, é que eu quis levá-lo para a minha cama desde nosso encontro no aeroporto a primeira vez mas naquele clube em nosso reencontro, eu fui seduzida e eu fiquei mais louca por ele ainda. Realmente, eu não lembro como foi a nossa primeira vez, e para mim a nossa primeira vez foi no chuveiro na manhã seguinte porque eu estava sóbria. E ele usou preservativo dessa vez o que me fez questionar se ele sempre usou ou não. Por isso não tomei a pilula do dia seguinte e eu sei que eu fui burra em ter deixado passar mas agora não me arrependo.

— Bem, colocando as coisas desse jeito, acho que o pai de Edward exagerou um pouco nas coisas.

— Eu tendo entender o lado dos pais dele também. Eles são religiosos e tiveram outra criação e geração do que Edward. E no fundo gostariam que um de seus filhos tomasse conta dos negócios da família. É uma situação difícil e é por isso que eu não me meto. Só quero eles se reconciliem.

— Mas Edward não te pediu em casamento?

— Ás vezes tenho a impressão que ele me pediu indiretamente de maneiras diferentes desde muito antes de eu engravidar. Mas ele sabe que eu não quero isso agora, que eu prefiro ver como vai nosso relacionamento antes de me comprometer assim “para sempre” como alguém.

Terminamos nossas sopas e colocamos as louças na pia. Conversamos sobre minha ida para o Brasil e sobre muitas outras coisas como a formatura de Jasper. Ele queria uma festa não muito grande e eu dei a ideia de alugar um Pub por uma noite para essa festa.

Na quarta-feira, eu tive que ir até o dormitório de uma colega de turma pegar entregar um poster que eu tinha feito para ela. Enquanto eu caminhava pelo corredor, eu escutei música eletrônica abafada pela distância mas eu sabia que era naquele andar. Eu bati na porta da minha colega mas ela não estava, sua colega de quarto que recebeu o poster. Quando eu estava de saída, fazendo meu caminho de volta, uma porta se abriu e e eu percebi de onde vinha a música eletrônica agora mais alta. Um rapaz loiro de cabelos compridos saiu pela porta e ao me ver, sorriu de forma presunçosa.

— Humm, não me lembro de ter te visto por aqui... — ele disse bloqueando o meu caminho.

— Será que é porque eu não moro aqui? — eu tentava desviar sem olhar para seu rosto mas quando eu vi que ele não ia me deixar passar eu tive que encará-lo com uma expressão de poucos amigos em meu rosto. — Quer me dar licença?

— Poxa, você já tá querendo ir embora? Minha festa mal começou...por que você não entra e bebe alguma coisa e assim podemos nos conhecer melhor?

— Sério que você está tão desesperado por companhia que precisa importunar uma mulher grávida? — Só então ele olhou para mim demoradamente, de cima a baixo, e parando na minha barriga.

— Eu não me importo com essas coisas, só me deixa mais curioso. — ele agarrou meus pulsos e os prendeu nas minhas costas próximo ao meu quadril. Seu corpo me pressionou na parede próxima a porta do seu quarto. — Pele macia. — senti a ponta de seu nariz roça na pele do meu pescoço e comecei a me debater quando o cheiro de álcool atingiu o meu nariz. — Será que as outras partes também são macias? — agora o atrevido beijava a pele do meu pescoço e eu comecei a gritar mas seu corpo pressionando o meu contra a parede me limitavam os movimentos.

— Me larga, seu maldito! — eu tentava em vão desviar de seus avanços e eu sabia que seria questão de tempo ele me arrastar para o quarto dele e fazer Deus sabe o que comigo. — Socorro! — eu gritei em vão. Senti meu rosto molhado e percebi que já estava chorando de tanta raiva que eu estava.

De repente eu ouvi passos e um rosto familiar se aproximando. Era Tom e sua fisionomia mudou de despreocupada para algo próximo da ira.

— Dimitri, larga minha namorada! — Tom puxou o tal de Dimitri de cima de mim e eu imediatamente corri para ele abraçando-o apertado.

— Desculpe, eu não sabia que ela tinha dono! — Dimitri disse de forma cínica. — Não deveria deixar uma coisinha linda dessas vagando por aí sozinha.

— Mesmo que ela fosse solteira, você não deveria tentar pegar algo à força. Tenho certeza que nenhuma mulher gosta desse tipo de abordagem.

Dimitri deu de ombros e entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si com força desnecessária. Tom me abraçou de volta, acariciando meus cabelos, tentando me acalmar, eu estava tremendo. Ele se afastou de mim e pegou meu rosto entre suas mãos e perguntou depois de limpar gentilmente as lágrimas que ainda caiam.

— Você está melhor? — ele pegou meus pulsos para olhá-los melhor. — Seus pulsos doem? — ele olhava para mim como que me examinando e eu notei seus olhos azuis profundos que eu nunca tinha notado antes. — E o bebe? Dói em algum lugar? — ele estava preocupado comigo e isso me comoveu.

Eu apenas assenti com a cabeça e ele passando seu braço por meu ombro.

— Venha! Eu vou te preparar um chá de camomila, você se acalma e depois eu te leve pra casa, ok? — Eu apenas concordei ainda admirada com esse Tom tão seguro que eu via pela primeira vez.

Caminhamos um pouco até a porta de seu dormitório que ficava depois de uma curva que formava um T em todo o andar. Ao entrarmos, o ar morno me atingiu e eu parei de tremer um pouco. Tinha um sofá de dois lugares de frente para a cama de Tom, onde deveria estar a outra cama de um possível colega de quarto. Ele sinalizou para eu me sentar no sofá e foi até a chaleira elétrica. Quando ele voltou com a xícara, pôs naminha frente e eu peguei com as duas mãos, ele sentou ao meu lado no sofá. Eu me recostei sentindo o quão confortável era sentar em algo tão macio.

— Ele ia me estuprar. Que tipo de doente tenta estuprar uma mulher grávida? — eu ainda estava indignada.

— Aquele idiota! Dimitri chegou faz algumas semanas. E metade das meninas que vivem aqui tem medo dele. Quem pôde se mudar já se mudou. Mas eu nunca tinha presenciado algo como hoje porque se eu tivesse, eu já tinha denunciado ele para a monitoria desse andar. Você pode ter certeza de uma coisa: Eu vou denunciá-lo hoje mesmo.

— Imagine quantas meninas ele não intimidou ou coisa pior... — eu já me sentia mais calma. Olhei para Tom ao meu lado, seus cabelos estavam maiores e franja quase cobria parte de seu rosto. Seus cabelos castanho-escuro pareciam recém lavados. Seu perfil era simétrico.

— Onde está seu namorado? — ele me olhou de soslaio rapidamente.

— Eu pensei que ele estivesse aqui do meu lado. — eu ri encostando meu ombro no dele e fazendo rir comigo. Um leve rubor se apossou de seu rosto e então eu observei que ele tinha algumas sardas claras na região do nariz. — Ele está viajando à trabalho.

— Bella, eu sei que você é tipo de mulher independente e que sabe cuidar de si mesma. — Ele disse tudo com muito cuidado, tentando parecer calmo. Ele pediu de forma muda se poderia continuar e eu assenti. — mas agora que você está grávida, você não pode ficar sozinha. Jasper me disse que você se mudou lá do apartamento e eu imagino que deve ser difícil pra você ficar totalmente sozinha agora. Desculpe se pareço intrometido mas seu namorado não pode te deixar sozinha aqui o tempo todo por mais que você possa cuidar de quase tudo, eu imagino que sua gravidez limita muitas coisas.

— Edward não me deixa sozinha o tempo todo mas com esses dois filmes que ele está gravando, os meses de gravação acabaram emendando. E depois de hoje, eu confesso que estou um pouco assustada. — eu pensei comigo mesma que eu não queria deixar Edward preocupado se ele não podia fazer nada de tão longe. Isso ia frustrá-lo. — Mas ás vezes Alice e Jasper ficam comigo na casa durante a noite e ás vezes eu fico com eles.

— Isso é bom. — ele me encarou demoradamente seus lábios levemente carnudos virados para cima num sorriso.

Tom achou melhor passarmos no apartamento da monitoria que ficava no último andar. Conversamos com o monitor daquele alojamento que era tão jovem quanto Tom mas já doutorando em ciências econômicas. Ele nos aconselhou a fazer uma queixa na delegacia mais próxima pois ele ia encaminhar uma reclamação à ouvidoria e eles por sua vez encaminhariam à diretoria e tendo pelo menos uma reclamação formal com um B.O e tudo o monitor teria mais credibilidade. Eu me senti mais aliviada.

Mais tarde, Tom me levou para casa em seu Smart preto com detalhes cinza metálico. Ao se despedir de mim no portão me senti apreensiva por alguns segundos e num momento de insegurança, eu segurei sua mão e pedi ainda um pouco envergonhada.

— Tom, você poderia ficar aqui essa noite? Eu ainda estou um pouco assustada. — ele me olhou por alguns segundos e balançou a cabeça em aquiescência.

— Você tem certeza? Talvez você se sinta mais à vontade com Alice por aqui. — ele perguntou interpretando minha insegurança como se eu não tivesse outra opção senão convidá-lo. Ele estava errado. Homens não são muito perspicazes.

— Alice e Jasper saíram para jantar com os pais de Alice que estão na cidade para visitá-la.

— Então tudo bem, eu fico aqui com você.

Entramos e eu o alojei no quarto de hospedes. Na verdade, era mais um escritório do que um quarto mas o sofá cama era bem confortável e tinha até uma pequena TV lá. No dia seguinte, eu levantei ainda bêbada de sono e segui o cheiro do que parecia ser ovos fritos com bacon. Ao chegar na sala, me deparei com Tom preparando um café da manhã na cozinha. E me aproximei da bancada e fui andando ao seu redor até estar de frente para ele. Quando ele me viu, ficou paralisado. Ele segurava a escumadeira em uma das mãos e eu vi ele engolir à seco depois de reprimir um “bom dia”. Eu acompanhei o seu olhar e notei que ele olhava para meus seios sob o tecido fino da camisola de alças que eu tinha escolhido para dormir. E eu me dei conta que meus seios estavam arrepiados pela diferença de temperatura entre meu quarto e a sala. Tom olhou para baixo envergonhado ao mesmo tempo que o pano de prato em sua outra mão foi parar no meio de suas pernas escondendo o óbvio.

— Desculpe, é o hábito. Eu vou lá dentro trocar de roupa rapidamente e já volto. — eu disse me sentindo mais envergonhada que ele.

Tomamos o nosso café mais calmos. E eu descobri muitas coisas sobre Tom. Eu até o convidei para ser meu modelo numa escultura e numa pintura. Na sexta-feira foi o dia da formatura de Jasper e eu fui até lá para prestigiar meu amigo. Depois eu os convidei para vir até minha casa comer uma canjica doce que aprendi quando ainda morava no Brasil. Estava frio e dentro de algumas semanas a neve chegaria de mansinho como todos os anos.

No sábado foi a festa no Pub. Quase todos os nosso amigos estavam lá. Ben e Angela deram um jeito de aparecer. Deixaram a filha com uma babysitter. Tom chegou usando uma de suas habituais camisas xadrez que despontava para fora do casaco. E ele a noite toda ele foi gentil e nós ríamos das piadas de Jasper. Era como se nada tivesse mudado. Mas logo, Ben e Angela voltariam para Los Angeles, Jasper tinha assinado um contrato com uma gravadora e sua banda logo depois do estúdio iriam para um turnê. Restariam eu e Alice, mas logo minha rotina seria substituída por algo mais agitado por causa do bebe.

Os meninos jogavam sinuca e nós mulheres conversávamos reclamando ou elogiando nosso homens. Era bom aproveitar a companhia de meus amigos enquanto tudo ainda permanecia igual.

[…]

Na terça-feira da semana seguinte recebi um telefonema de Emmett dizendo que estaria chegando na quinta-feira e que teria um tempo livre na sexta e queria me encontrar para tomarmos um café ou almoçarmos e andarmos de bicicleta pela cidade enquanto ainda não nevava. Eu adorei a notícia. Pena que Rose estava presa no trabalho com Edward em Manhattan.

Nessa terça era o dia de eu me apresentar diante da banca todo o meu trabalho de conclusão de mestrado. Eu tinha preparado até um vídeo de vinte minutos como parte do anexo de meus trabalhos. Fizeram muitas perguntas no fim da minha apresentação e eu consegui responder a todas com total convicção.

Mais tarde, ao contrário de Jasper, eu não quis uma grande festa, preferi ir ao meu restaurante preferido, uma churrascaria brasileira. Edward tinha depositado um dinheiro especialmente para que eu comemorasse esse dia. Eu me senti mal de aceitar mas ele insistiu dizendo que gostaria de fazer ao menos isso já que não poderia estar presente. Eu convidei Jasper, Alice e Tom mas infelizmente Angela e Ben já tinham ido para L.A. E eu nunca comi tanto quando nesse dia. Quase precisei ser carregada para casa, como seu alguém pudesse ficar bêbada de comida.

Na sexta de manhã, quando Emmett apareceu no portão da minha casa, eu o convidei para entrar e tomar um café comigo. Conversamos durante meia hora e eu o fiz prometer que não diria a Edward que estávamos saindo de bicicleta pois eu evitei usá-las por muito tempo. Emmett pegou a de Edward que estava quase nova pois ele nunca usava e eu peguei a minha. Nos agasalhamos mais do que o normal por causa o vento frio. Andamos pela cidade, paramos para almoçar num restaurante asiático porque eu estava morrendo de vontade comer pato ao molho de manga. Por volta das três da tarde, eu pedi para Emmett me acompanhar até a universidade para eu poder ver minhas notas e saber quando meu diploma ficaria pronto.

Na saída, tudo aconteceu rápido demais. Um grupo de repórteres cercaram a gente, e eu sem nenhuma paciência subi na minha bicicleta e pedi para Emmett ir na frente mas eu não contava que alguém puxaria a ponta do meu casaco, isso me desequilibrou e eu cai com tudo no chão. Fiz de tudo para cair de costas mas foi meio de lado. Na hora eu senti dor nas costas e uma cólica forte no meu ventre. Acho que nervosismo e todos aqueles flashs me fizeram ter contrações. Quando dei por mim, Emmett estava discutindo com um fotógrafo mas eu não sei o que eles estavam falando porque eu estava concentrada na minha dor.

Como por encanto, Tom aparece me ajudando a me apoiar nele que estava ajoelhado no chão ao meu lado dizendo palavras tranquilizadoras. Me ajudou a ficar de pé e disse que estávamos indo para o Hospital St. Hedwig que era o mais perto. Eu caminhei até seu carro e Tom deixou seu número e o de Alice com Emmett para que ele nos localizasse mais tarde.

Tom me levou até a emergência e explicou o fato na recepção e com minha carteira em mãos mostrou meu cartão do plano de saúde que agora era privado graças a Edward. Me colocaram numa cadeira de rodas e a enfermagem me levou para a sala de exames do médico. Tom ficou na sala de espera e me lançou um sorriso tranquilizador antes de eu entrar.

Fizemos ultrassonografia, medição de pressão, glicose, e algumas amostras de sangue. O bebe estava bem e o médico me perguntou se eu queria saber o sexo e eu disse que sim. É um menino como eu havia imaginado. Não sei porque Edward pensava que seria menina pois instinto de mãe nunca se engana. E o médico determinou que eu ficaria em observação por algumas horas e quando fosse para casa, teria que fazer repouso absoluto por uma semana.

[…]

Em casa, enquanto eu estava deitada, Alice estava organizando a cozinha e Tom disse que sairia para comprar um bolo para comermos depois da sopa cremosa de abóbora que Alice achou congelada no meu freezer. Meu telefone tocou ao mesmo tempo que Emmett entrou no quarto. Era Edward.

— Bella, Oh, graças a Deus! Eu estava tão preocupado mais cedo quando Emmett me ligou... Me diz se você está bem e se está tudo bem com o bebe? — sua voz era angustia pura e sua respiração estava desordenada.

— Edward, está tudo bem comigo e com o bebe. Eu só preciso ficar uma semana de repouso.

— Mas quem vai te ajudar aí durante o dia? — ele falava baixo como se estivesse falando com uma criança. — Você já pensou em contratar uma enfermeira?

— Não, porque Tom me disse que ficará comigo durante o dia já que a faculdade entrou no período de férias de inverno e Alice ficará comigo durante a noite.

— Tom? Não me lembro de nenhum Tom e quanto a Jasper? — Edward era sempre tão ciumento...

— Jasper está indo para L.A com o resto da banda para a gravação deu albúm pois assinaram um contrato com uma grande gravadora.

— Humm...isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eu fico ainda mais preocupado porque eu não vou poder ir te ver por um longo tempo. Me desculpe, amor, eu sinto muito mesmo. Eu...

— Edward, fique calmo! Eu estou bem e o bebe também. Você quer saber o sexo do bebe? — ele ficou mudo por um tempo antes de responder.

— Claro!

— É um menino! — minha voz denunciava o sorriso em meus lábios.

— E te conhecendo como conheço acho que você já tem um nome em mente. — eu podia ouvi-lo rindo um pouco. Mais humor, menos preocupação.

— Eu pensei em Noah. Eu sei que você queria uma menina mas eu estou muito feliz que o bebe está bem e crescendo saudável.

— Eu também, amor. O que importa é que nasça bem saudável. E o próximo bebe pode ser uma menina e então eu escolho o nome.

— Próximo bebe? Você só pode estar brincando... — Eu não estava pensando em outros filhos tão cedo. — ele riu do outro lado da linha e eu sorri um pouco mas eu sabia que Edward queria ter mais filhos no futuro.

— Eu estou muito satisfeito que nosso filho está bem e estou louco para vê-lo em uma ultrassonografia. Acho que só vou conseguir uma pausa no próximo mês pois houve um desentendimento entre a equipe de produção e o estúdio. De qualquer forma, vou ter duas semanas e espero passar com você aí, o que acha?

— Eu acho ótimo, meu anjo, porque eu estou morta de saudades de você. Essas últimas duas semanas foram tão estressantes... — ele não tinha ideia.

— Olha, amor, eu tenho que ir porque o intervalo já está acabando, mas antes de eu desligar você poderia passar para o Emmett se ele estiver por perto?

— Claro! — eu sinalizei para Emmett se aproximar. — eu te amo, viu?

— Eu também amo! Tchau!

Eu passei o telefone para Emmett que resolveu sair pela porta de vidro que dava no quintal. Um vento frio entrou pela abertura da porta antes que Emmett a fechasse completamente. Eu ainda podia vê-lo andando de um lado a outro do jardim. Enquanto isso, Alice entrou no quarto me trazendo uma caneca de sopa de abóbora e eu levantei um pouco para olhar para ela melhor e receber a bandeja.

— Eu conversei com Edward quase agora e contei a ele sobre o Noah e que estamos bem. — eu provei a sopa e olhei para Alice.

— Eu acho que isso é tão difícil...essa coisa de namorar a distância por causa do trabalho de nossos homens. O Jasper mal saiu hoje de manhã e eu já estou me sentido desolada.

— Você pode ficar comigo durante a noite se você se sentir muito sozinha. Então faremos companhia uma a outra. Que tal? — ela sorriu novamente assentindo e me alegrou. — Por que você não pega sua caneca e chama o Tom para comerem comigo aqui no quarto?

[…]

Os dias se passaram rápido. Logo a semana após a semana de repouso eu comecei a trabalhar para uma exposição na galeria onde eu costumava a estagiar. Tirei algumas fotos de Tom e fiz alguns esboços com ele. Muitas pinturas à seco e três esculturas de cerâmica usando seu corpo como exemplo. Ele sempre posava para mim de peito nu e calça jeans. Era tão magro quanto Edward e se Edward tivesse tempo, ele acabaria sendo meu modelo também.

Os jornalistas ainda me reconheciam, mas não se amontoavam como quando Emmett estava aqui. Acabei percebendo que tanto Emmett quanto Edward eram os mais perseguidos pelos repórteres do que Rosalie. Acabaram perdendo o interesse em mim quando passaram a me ver pelas ruas ora abraçada a Tom andando, ora trabalhando em alguma fotografia nos parques da cidade. Mas as fofocas não cessaram e o tempo todo surgiam mais e mais especulações sobre Tom, Emmett ou qualquer outro cara que estivesse comigo. Ainda bem que artistas plásticos eram artistas mais underground do que atores. Somente apreciadores de artes, Marchands, consumidores, acadêmicos, professores e interessados nas artes em geral conheciam e reconheciam os trabalhos mas nunca nos reconheciam nas ruas.

Numa noite, no meio da semana, resolvi convidar Alice e Tom para jantarem comigo em casa pois eu ia preparar uma carne assada com batatas e molho de brócolis cremoso e vinho pois estava cada vez mais frio em Berlim. Depois do jantar, fomos para a sala de estar e eu coloquei a garrafa de vinho e alguns queijos na mesa de centro e durante a conversa Tom entrou no assunto do tal do Dimitri.

— O Dimitri foi expulso do dormitório e ainda está respondendo a um processo por danos morais contra uma estudante que tinha se mudado do dormitório há alguns meses. Descobriram alguns vídeos que ele fez dessas garotas enquanto abusava delas. E ele tinha um cúmplice, um tal de Gustav. Esse amigo é quem filmava e ajudava no estupro de algumas.

— Espere um pouco, estou perdida...sobre o que vocês estão falando? — Alice perguntou enquanto segurava um pedaço de queijo no palito.

— Resumindo, Alice, quando eu fui entregar um trabalho no dormitório de uma colega de classe, esse cara tentou me estuprar e Tom chegou a tempo de impedir. Por isso, eu passei algumas noites em seu apartamento, porque eu estava assutada.

Alice não respondeu mas sua cara de espanto disse tudo.

— O monitor me disse que os vídeos são horríveis. Parece algo saído desses vídeos de fetiches BDSM. Uma das meninas ficou presa pendurada pelos pulsos quase 3 dias. E...não sei se deveria dizer mais. É meio chocante.

— Diz por favor! Nós aguentamos! — disse Alice mais curiosa do que assustada.

— Essa moça que está processando Dimitri, disse que ela não denunciou antes nem foi por causa dos vídeos, mas sim porque ela sentiu vergonha em ter sentido prazer, na verdade, ele a obrigou a ter prazer naquele ato. E ela se envergonha disso. E eu sei disso porque foi o que ela declarou a imprensa.

— Mas ela foi estuprada e chantageada com certeza. Ela não tem nada do que se envergonhar. Quem deveria ter vergonhar era ele de ser um tarado. — eu disse começando a sentir nosso daquele miserável.

— Dimitri e seu colega confiavam na impunidade que o dinheiro de suas famílias proporcionou por anos. Mas dessa vez, a polícia tem provas do que eles faziam. Os vídeos são provas absolutas e o testemunho das outras vítimas. Vocês não leram os jornais? Descobriram que uma das meninas tinha engravidado e que por vergonha e medo, tinha voltado para sua cidade.

— Eu li mas o nome dos rapazes não era familiar. — Alice disse antes de beber mais um pouco do seu vinho. — Bella, você não contou para Edward sobre isso?

— Pra quê? Ele ia surtar, se preocupar e não ia poder fazer nada de onde está. Ele já está processando um fotógrafo pelo incidente de semanas atrás. E de qualquer maneira se futuramente eu vier a me envolver no caso mesmo que indiretamente, Edward está muito longe para saber.

— Dimitri está preso de qualquer maneira. Nem toda a influência de sua família pode apagar a impressão de um crime que mexe com as emoções da população. Uma vez que impressa se envolveu vai ser difícil o povo esquecer. — Tom disse com uma expressão pensativa.

Um desfecho quase satisfatório, mas eu duvido que esse tarado ficaria preso por muito tempo. Eu pensei tomando um gole do meu suco de uva.

[…]

Dezembro estava mais gelado do que o habitual. E todos estavam preocupados com as festas de fim de ano. Eu estava mais preocupada com a chegada de Edward. Estávamos quase na metade do mês e eu envolvida com outra exposição onde eu não poderia estar presente. Minha barriga já estava grande o suficiente para me causar dores moderadas nas costas. Só achei estranho que Edward não tinha me pedido para buscá-lo no aeroporto.

Numa manhã fria e escura. Eu dormia profundamente depois de ter achado uma posição confortável. E de repente me senti sendo tocada e lábios beijando o meu rosto. Primeiramente eu senti pânico em imaginar que poderia ser aquele tarado do Dimitri e eu queria gritar mas senti a fragância adocicada de 1 million do Paco Rabanne que Edward tinha ganhado ao promover o perfume. Só Edward cheirava tão doce assim. E eu não me senti enjoada. E o abracei e não me importei de ser beijada antes da higiene matinal. Nós estávamos com saudades.

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