segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

S - Capítulo 7

Abro os olhos devagar me sentindo meio confuso.

Oh, meu Deus, que dor de cabeça infernal!


Levo uma de minhas mãos à cabeça porque dói até para pensar. Eu fecho meus olhos novamente sem acreditar que eu bebi até cair de novo, em menos de um mês. E me sinto subitamente envergonhado.

Quantos anos tenho?Dezesseis?Esó isso explicaria ficar tomando porres como se nãoexistisseamanhã.

Tenho que tentar lembrar os fatos que antecederam esse meu estado lastimável. Abro os olhos novamente para perceber que essa não é a minha cama. Pois é o colchão é mais duro. Os cobertores que me envolvem são floridos e um tanto bregas. Os papéis de parede lembram essas decorações inspiradas em folclore mexicano.

Ah, ok! É o que quarto da Bella.

Me sinto aliviado. Eu não me perdoaria se... E sinto o corpo da minha morena enroscado ao meu, as pernas dela nas minhas, os braços dela repousando em meu peito junto com sua cabeça, cabelos emaranhados cobrindo o seu lindo rosto. E eu estou nu e muito suado com o calor do corpo dela e acho que também por causa do álcool que estava em meu corpo ou ainda está.

Pouco a pouco, de olhos fechados novamente, as lembranças vão surgindo em minha mente. Eu me lembro de ter visto aquele filho da puta do Garrett dando em cima de Bella e tentando beijá-la e ela não tomou uma postura. Lembro de sair da boate cego de raiva e Emmett me seguindo e eu pedindo para ficar sozinho.

O que aconteceu a seguir? Anda, Cullen, lembra, lembra... Talvez se eu tomasse um café...

Então me lembro que parei num bar próximo dali e pedi DryMartini uma dose depois da outra até que já não sentia mais minha língua. Sai do bar, mas não me lembro muito bem o que aconteceu enquanto eu perambulava pela rua. Ainda de olhos fechados eu forço minhas memórias mais um pouco e me lembro de Bella me dando banho. Eu a agarrei no chuveiro e nem sei de onde tirei forças porque eu mal sentia meus pés. Nós fizemos amor ali mesmo debaixo d'água. Minha sobriedade começou a voltar depois do banho e de ter gastado energia expulsando um pouco do álcool através dos poros.

Estamos nus nessa cama porque fizemos amor mais duas vezes antes de cairmos no sono. Não era para eu acordar com essa dor de cabeça dos diabos. E pior, sem lembrar de parte da minha noite. Bella está comigo agora e é isso que importa. Com o Garrett eu me entendo depois. Só não dei uma boa surra nele ontem porque não posso me envolver em escândalos. Por outro lado, perambular completamente bêbado e delirante pelas ruas de Los Angeles num sábado à noite é um convite para as páginas principais dos jornais e revistas de fofocas. E então me lembro finalmente do pior, fui abordado por alguns paparazzi enquanto tentava pegar um táxi na frente do bar.

Jane vai me matar! Jane vai me matar!

De repente meu telefone pessoal começa a tocar baixinho. Sua campainha é crescente então em minutos começará a fazer um estardalhaço. Eu procuro esticando meu pescoço para além do travesseiro e o encontro no criado-mudo ao meu lado. Atendo sem olhar o visor.

—Quem incomoda? —eu digo com minha voz rouca por causa da garganta seca.

—Edward? Graças a Deus! Eu pensei que você estivesse perdido ou morto em algum beco sujo por aí, ainda mais depois das fotos que saíram nos jornais e revistas hoje. —era Jane Volturi. Mas não parecia com raiva e sim preocupada e agitada. —Afinal, onde você está?

—No quartoda minha namorada! —ainda consigo ouvir um suspiro de surpresa do outro lado da linha.

—Namorada? Desde quando? —Ouço seus dedos tamborilarem em cima de alguma superfície perto do telefone, mas provável que seja uma mesa. E antes que eu pense em responder, Jane me ataca com uma outra pergunta. —Não me diga que é uma dessas modelos “barra” garçonete “barra” atriz. Pois essas só estão interessadas em publicidade e podem muito bem “vender” detalhes de sua vida pessoal depois que terminarem, Edward. Será que custa ser cuidadoso?

—Ué, eu fui tão cuidadoso que você nem sabia que eu estava namorando. —sinto Bella se mexer e vejo que ela está acordando. Ela olha para mim e me dá um sorriso fraco que eu retribuo sem demora. —E ninguém sabe Jane, eu gostaria que permanecesse assim.

—Você gostaria, mas e a sua “namorada”? Ela também compartilha das mesmas ideias? Você brigou ontem? Já não estou gostando nada dessa garota, está te envolvendo em brigas e...

—Jane, por favor! —eu tomo uma grande quantidade de ar para me acalmar e não mandá-la para o inferno, pois ela está fazendo minha dor de cabeça piorar. —Tudo não passou de ummal-entendidoe já foi esclarecido. Eu estou morrendo de dor de cabeça e você não está ajudando em nada. Eu sei que minha vida privada e minha vida profissional agora são quase a mesma coisa, mas dessa vez eu gostaria mesmo de ter privacidade até mesmo de você. Minha namorada... —eu olho para Bella que está me encarando com os olhos arregalados, mas está calma. —… bem, ela não é envolvida com cinema, nem teatro e muito menos televisão então, eu não quero vê-la envolvida nessa loucura de paparazzis só por minha causa. Eu não quero que ela seja importunada por repórteres e fãs enlouquecidas e tenho certeza que nem ela. Será que você pode mantertudo isso bem discreto do jeitinho que só você sabe fazer? —Eu acaricio os ombros nus de Bella com a ponta do meu polegar.

—Bom... Verei o que posso fazer. —ela diz depois de um longo tempo muda. Achei até que ela tinha desligado.— Vou me reunir hoje com os assessores de imprensa e relações-públicas. Pode deixar comigo! Mas pelo amor de Deus, Cullen, não me esconda mais coisas como essa.

—Claro... Jane. Tchau!

O que será que ela quis dizer com “Você brigou ontem”?Eu penso intrigado, pois nem cheguei a brigar ontem. Bella sobe um pouco para me dar um beijo leve nos lábios.

—Humm, namorada, é? — ela sorri para mim.

—Claro! A não ser que você tenha alguma objeção... — eu encaro seu rosto um tanto amassado por ter acabado de acordar. — O quê? Não vai me interromper? — agora começo a perceber que alguma coisa nela mudou drasticamente. Ela nunca dormiu enroscada comigo antes e nunca foi tão doce. — Sério? Não vai mesmo ter um surto de independência e nem fugir do assunto? — eu olho para Bella pasmo. — Quem é você e o que você fez com Isabella Swan? — ela ri.

—Deixa de ser bobo! — Bella me dá um beijo estalado novamente. — Estamos juntos há quase três semanas, mas já nos conhecemos há mais de seis meses. Eu... Gosto de você e você de mim e eu confio em você porque até agora, você foi sincero comigo. Eu ainda estou trabalhando esse medo de me envolver, mas não vou brincar com os sentimentos dos outros no processo. Não vou ficar te enrolando, Edward, porque você não merece por isso eu não tenho nenhuma objeção em ser sua namorada, afinal pra mim isso é apenas uma convenção, um rótulo para os sentimentos. Eu sou sua. Eu quero ser sua. — ela me beija outra vez, mas estou sem reação. Ainda me custa acreditar que ela mudou tanto em tão poucas horas.

—O que provocou essa mudança súbita? — ela acaricia meu rosto e meus cabelos de forma tão meiga que chega a me surpreender. — Ou melhor, o que eu fiz ontem à noite para te deixar assim tão diferente? — me lembro, de repente, do lapso entre eu sair do bar e chegar aqui ontem. — Eu acho que só fiz coisas das quais posso me envergonhar. — eu me sinto mesmo envergonhado. Um verdadeiro moleque.

—Bom, eu vou te contar tudo que aconteceu quando te encontrei aqui no hotel deitado no banco de espera ali fora do meu quarto. Mas antes, meu bem, por que não comemos alguma coisa? — ela começa a se levantar e sem pudor nenhum caminha nua até o banheiro. — Acho que vou até a padaria da esquina comprar café para nós, alguns pães e uns muffins, ok?

—Sim, perfeito, amor. E aproveita para me trazer o jornal porque pelo que minha agente me disse, andei dando um show e tanto para os paparazzis ontem.

Bella caminha até mim e me beija como que para me consolar.

—Não se preocupe, meu bem, fofocas são ruins, mas são rápidas. Logo, logo serão substituídas por outras fresquinhas, você vai ver!

Bella toma o banho dela e vai para a padaria. E eu aproveito para tomar um banho também. E depois de refrescado e com menos dor de cabeça, eu me sento na cama para esperar pelo café fresco. Como não tenho nada pra fazer além chafurdar na vergonha, ligo a TV. Com controle na mão, começo procurar por notícias da noite de ontem pulando de canal em canal. Ao mesmo tempo, penso que não sou tão importante para que meus “escândalos” apareçam na TV.

Eu estava totalmente errado, claro, porque não demoro a encontrar um canal onde um a foto minha, todo torto, me escorando na parede perto da porta do bar onde eu estava ontem. Sou eu mesmo, curvado, quase caindo. Eu aumento o som para saber o que estão inventando dessa vez.

“O astro de Heróis, Edward Cullen, foi visto, caindo de bêbado, nesse último sábado. Quem estava no local pode ouvir claramente que ele dizia,antes deser ajudado pelo dono do bar a entrar em seu táxi.— Garrett, filho da puta! Vou consertar essa sua cara feia. Maldito! Roubou minha namorada. Maldito! — Para quem não sabe,oGarrettcitado por eleé Garrett Mcmahon, da banda Southern's Rock Seasons e da Blues Brothers Band. Cullen e McMahon são amigos de longa data. Fontes informaram que Edward andava frequentando o cenário underground de L.A para prestigiar o até então “amigo” e que na noite de ontem, estariam sua namorada Rosálie Hale e o amigo do casal e ator, Emmett McCarthy e Cullen em uma boate menos badalada nos arredores de Los Angeles bebendo juntos. Não temos mais detalhes da razão da briga, mas com certeza houve uma. Será que Rosalie Hale tem um novo namorado agora?”

—Meu Deus, dá pra acreditar nisso? — eu digo para mim mesmo indignado e no mesmo momento que Bella entra no quarto carregando três sacolas de plástico da padaria nas proximidades do hotel.

—O que houve? — ela coloca tudo em cima da minúscula mesa quadrada para dois, padrão em quarto de hotéis.

—As notícias, oras! No fim, acabou tudo sendo sobre Rosálie, coitada! Foi envolvida sem querer na confusão. Eles dizem que supostamente, eu briguei com Garrett por causa de dela, a minha namorada. E o melhor de tudo foi ter ouvido o maldito termo “fontes informaram...” — eu tapo o meu rosto com as minhas mãos num gesto de total exasperação.

—Kommhier, Schatz!Bitte... —ela sinaliza para que eu me junte a ela na mesa, pois já estava sentada separando os muffins e distribuindo os pães.

—O quê? O “Komm hier” eu entendi, mas o que você disse depois? — eu alcanço a mesa e puxo a única cadeira vazia do lado oposto onde Bella está. Imediatamente pego um pão e parto com as mãos mesmo mordendo um pedaço. Se isso que ela disso é alemão, até que não é tão diferente assim do inglês.

—Eu disse “Venha aqui, Querido! Por favor” em alemão. Desculpe por isso, mas de vez em quando sai. Imagine só, eu passei os últimos seis meses falando alemão todos os dias, salvo quando eu ligava para o Brasil e revezava entre o inglês e o português. Meu irmão, Seth nasceu lá e mesmo que ele fale inglês muito bem, ele prefere falar português comigo. — Bella leva seu café à boca e em seguida morde um pedaço do seu pão.

—Agora estou curioso, como se diz “Eu te amo” em alemão?

—Repita comigo“Ich liebe dich!” —e eu repito com ela palavra por palavra nossas vozes juntas. Eu toco sua bochecha apoiando minha mão em sua nuca e acariciando-a com o meu polegar. E me pegando de surpresa ela diz. —Ich liebe dich auch (também)! —Seu olhar é tão terno e ao mesmo tempo quente, do tipo que aquece o coração.

[…]

Estamos deitados abraçados na cama. Bella tem cabeça pousada em meu peito, e ela desenha alguns círculos em minha barriga por cima da blusa. Eu quase sinto cócegas, mas estar assim tão próximos é tão bom que eu não quero mudar de posição.

—Bella, eu quero te pedir desculpas por ontem! Eu deveria ter pedido assim que acordei, mas eu estava morto de vergonha. Acho que você deve ter a pior impressão de mim agora. Aliás, todos devem ter depois de ontem.

—Shh! — ela levanta a cabeça para me encarar e seu dedo indicador pousa sobre meus lábios. — Em primeiro lugar, eu quero dizer que eu te entendo mesmo que isso signifique que eu não concorde com o fato de você ter tirado conclusões precipitadas sem tentar esclarecer o mal-entendido. Confesso que naquela situação em que Garrett e eu nos encontrávamos ontem, eu também teria ficado enciumada, mas não sou de perder a cabeça assim. Se você tivesse ficado mais alguns minutos teria visto que eu esclareci a situação de maneira diplomática com ele. E quando questionado se ele já não sabia disso, ele disse que você tinha bancado o desentendido ao falar sobre mim por isso ele não tinha certeza.

—Sim, é verdade! Mas ele também foi bem sonso em não deixar claro o por quê de querer saber tanto sobre você. Ou até mesmo, o que ele queria saber de fato. Ele nunca foi direto em suas perguntas, por isso achei melhor não ser direto nas minhas respostas também. Sabe, eu estou com raiva porque eu estou decepcionado com ele. Não que ele fosse meu melhor amigo, mas eu não esperava que ele ficasse tentando furar o meu olho na maior cara de pau. Afinal, ele nunca fez isso antes.

—Tenho certeza de que ele deve estar pensando quase a mesma coisa agora... — Bella se estica até minha boca para me beijar ternamente. Seus lábios são tão macios que eu até gostaria de prolongar o momento mais um pouco, porém sei que precisamos conversar sobre outras coisas. — Não fique guardando ressentimento. Vocês dois agiram como sonsos. Vocês ainda podem ser colegas, não é?

—Há uma razão para eu estar chateado com ele e por eu ter agido daquela forma ontem, Bella. — ela se acomoda nos meus braços me mostrando que ela é toda “ouvidos”. — Eu tive uma namorada. Nos conhecemos há 8 anos, no meu último ano do ensino médio. Foi a primeira menina com quem quis passar mais tempo e que apresentei aos meus pais. Eu estava apaixonado e nessa época eu descobri que eu sou muito ciumento e possessivo. Acredite, eu não me orgulho disso. Namoramos dos 17 aos 20 e ela me incentivou muito a participar do teatro, entrar para um grupo amador, depois minhas primeiras audições em pequenas produções cinematográficas, seriados, etc... Emily é o seu nome. Apesar de tudo isso, eu era inseguro, pois viajava muito e ela tinha a faculdade dela. E então, no terceiro ano de namoro tudo desandou, ela começou a ficar muito próxima de um amigo, um cara chamado Sam, um conhecido em comum do nosso antigo colégio e que até aquele momento nunca tive nada contra ele, eu até gostava dele. Os dois andavam grudados, estudavam juntos, e quando ela vinha me ver nos sets de filmagem, advinha só quem estava lá com ela? Sam! Por causa disso nós discutimos muitas vezes, e eu fiz da vida dela e da minha um inferno porque eu ligava querendo saber o que ela estava fazendo toda hora. E dentro de mim eu tinha certeza que ela estava me traindo. Então um dia, quando eu estava indo para meu camarim depois de uma peça, eu os vi, exatamente do mesmo jeito que você e Garrett estavam ontem, mas eu perdi a cabeça e bati em Sam, que se defendeu. Fomos parar na delegacia, mas no fim não deu em nada. Dias depois Emily veio para me dizer que não tinha nada com Sam, e eu sei que ela foi sincera. Porém ela terminou comigo. E eu fiquei arrasado. — Bella olha para mim sem julgamentos em seu olhar, porém seus olhos estão arregalados como quem presta atenção num filme de suspense. — Tempos depois Emily e Sam começaram a namorar. Hoje vejo que era inevitável. Eu venho desde então tentando controlar meu temperamento, por isso eu fui embora ontem, pois eu não queria repetir os erros que eu cometi há cinco anos. É melhor cair de bêbado do que sair por aí socando os outros.

—Não sei se concordo com isso, mas... — Bella parece pensativa por alguns segundos antes de voltar a falar. — Espera um minuto... Então eu sou sua segunda namorada? — ela tem um das sobrancelhas levantadas num sinal de contrariedade.

—Não, antes de você eu namorei uma amiga de minha irmã, Tânia, e ficamos juntos por um ano. Eu gosto tanto dela que nos tornamos amigos depois do término. Com ela foi mais tranquilo. Eu senti que eu consegui me controlar, mas não estava tão intensamente apaixonado quanto estive por Emily.

—É claro, foi seu primeiro amor. — seus dedos delicados acariciam meu rosto roçando em minha barba por fazer. — Eu também sou ciumenta, Edward, mas na maioria das vezes, eu guardo para mim mesma e não me faz bem nenhum, a raiva só ataca o estômago. Acho a melhor solução é mesmo obter o controle como você está vem tentando fazer. — ela lança seus lindos olhos castanhos para mim e eu me sinto perdido por alguns segundos. Acho que nunca senti por ninguém o que eu sinto por ela. — Eu gostei do que você disse a sua agente. Eu realmente, não sei se estou pronta para ser publicamente sua namorada, quer dizer, eu não sei como poderia lidar com toda essa invasão de privacidade que a impressa promove contra celebridades. Você sabe, eu nunca busquei fama, mas sim, o contrário. Apesar de gostar de artes e música. Eu gosto da tranquilidade de poder sentar em uma cafeteria com meu livro favorito e uma boa xícara de chá por horas sem ser incomoda nas ruas de Berlim.

—Eu sei, Schatz...— eu sorrio para ela e ela se aninha mais a mim.

—Você aprende rápido, hein? — ela sorri e eu pego gentilmente fazendo com que ela olhe para mim.

—Isabella, eu não quero você se assuste comigo, eu prometo pra você uma coisa, que eu vou me controlar o melhor que eu puder. Eu vou te dar a liberdade que você precisa, vou confiar em você, mas eu também preciso que não me esconda nada e que seja sempre sincera comigo. Conversaremos sobre tudo antes de tomarmos as decisões.

—Claro! Isso eu também prometo a você.

—O que mudou desde ontem a noite que te deixou assim... Sei lá, tão meiga, tão doce e tão diferente?

—Depois que te procuramos em todos os lugares possíveis, desistimos e eu voltei para o hotel e me deparei com você deitado no banco aqui da frente, balbuciando algo. Eu consegui, ainda não sei como, trazer você comigo para o quarto, e enquanto tirava suas roupas, você me olhou, tão diretamente que eu fiquei surpresa. Você disse que me amava e que me amava muito. Eu fiquei sem palavras porque eu vi que você estava dizendo a verdade.

—Então, eu prefiro te falar isso sóbrio. Eu te amo, Isabella Swan! — e eu a puxo para mim tomando sua boca de forma apaixonada.

[…]

Os dias com em companhia de Bella passavam tão rápido. A imprensa ainda estava aqui e acolá pelos cantos de Hollywood, ás vezes me seguiam e por isso eu estava cada vezes mais cuidadoso quando precisava encontrar com Bella. Ela até me ajudou na mudança que fizemos na terça-feira. O que não passou despercebido pelas revistas e sites de fofoca. Pelo menos noticiaram “Amigos de Edward Cullen se reúnem e o ajudam a se mudar para a casa da namorada”. Eu não tenho muitas coisas no hotel mesmo, somente malas, roupas, instrumentos e sapatos. O colchão novo eu encomendei e mandei entregar no dia que eu finalmente me instalasse no apartamento de Rosalie, cujo um dos quartos seria meu por algum tempo.

Como Bella vinha direto para o apartamento agora e passava os dias comigo, a imprensa, que eu nem sei como descobriu o endereço de Rosalie, ficava especulando quem seria a moça morena que frequentava a casa de Rosalie e Edward. Será que seria a namorada de Emmett McCarty? Somente uma amiga do casal? Eram tantas as especulações levantadas que eu até parei de ler o jornal. Contanto que não ficassem perseguindo Bella por aí, eu não me importava sobre as especulações.

Quinta feira era véspera da chagada de Kate para me visitar, o que me fez apressar minha mudança, pois seria melhor ter um lugar organizado para recebê-la. Rosalie chegou a convidar Bella pra ficar lá também, mas ela recusou, de uma maneira bem gentil, dizendo que não ficaria na cidade tempo suficiente e que provavelmente não voltaria a Los Angeles nas semanas seguintes. Nenhum de nós estaria em Los Angeles nas semanas seguintes. Rosalie e eu viajaríamos para a divulgação dos filmes, Emmett viajaria também com outro colega de elenco. Bella iria para Nova York com sua banda. Kate estava chegando em boa hora.

Será que ela ia insistir com esse negócio de perseguir Garrett?Eu sinceramente espero que não!

Bella dormiu comigo e novamente fizemos amor até que nos demos conta de que precisávamos dormir para que levantássemos cedo na sexta-feira. Eu buscaria Kate, enquanto Bella faria um monte de coisas para um Brunch.

Rosálie se ofereceu para ajudar e Emmett fez uma de suas piadas sobre as qualidades desastrosas dela na cozinha.

[…]

Ao me ver Kate, corre em minha direção abandonando sua bolsa de viagem no chão antes de pular no meu colo.Ela se achatãoleve quantouma pluma.Eu penso sorrindo de leve ao pensar nas minhas pobres costas amanhã.

—Eu também estou com saudades, maninha, mas, por favor, desça porque eu não te aguento por muito tempo. — ela desce e pela primeira vez nessa manhã, reparo que seus cabelos não estão mais tão longos e sim com diversas camadas que emolduram seu rosto de anjo.

—Tá me chamando de gorda, seu nojento? — ela me dá um tapa no ombro que dói e eu gemo em protesto.

—Ouch, Kate! É que às vezes você se esquece de que eu não passo de um magrelo. — ela ri alto e eu não consigo resistir e começo a rir também.

—E magro de ruim, pelo visto, pois por falta de comida não é. — ela fala sorrindo para mim e vamos até sua bolsa que estava até aquele momento abandonada no chão. Eu a pego e caminhamos para fora do aeroporto, rumo ao estacionamento onde deixei o carro de Rose. — Edward, fiquei sabendo pelos jornais de uma história estranha envolvendo Garrett e você. — eu olho de esguelha para ela, totalmente sério. O assunto ainda é desagradável para mim. — Mas eu quero saber a história real.

—Você ainda está pensando em ficar com ele? — olho para seu perfil bem-feito e me pergunto o que ela viu nele.

—Sim, mas não é nada tão importante assim. Na verdade estou aberta a outras alternativas. — eu coloco a bolsa no banco de trás do Mini Cooper conversível e vermelho de Rose e abro a porta para Kate entrar. Dando a volta, entro e sento no banco do motorista. E então me lembro que esqueci algo importante. — Droga, esqueci de pagar o estacionamento. — Saio de carro. — Kate, você pode aguardar um pouco enquanto eu vou até o guichê automático?

—Claro!

Quando volto e sento novamente no banco do motorista, sinto Kate me olhando e ao encará-la, noto uma expressão especulativa em seu rosto. Enquanto manobro o carro, eu falo o que eu acho que ela quer saber.

—Não houve exatamente uma “briga” como a imprensa está noticiando por aí. Eu fui buscar Bella no camarim e deparei com uma cena estranha, fiquei puto e sai, pois se eu ficasse, tinha socado a cara de Garrett. Olha Kate, não quero estender muito o assunto, mas em resumo, não quero falar com ele e não sei se vou algum dia. Talvez depois que raiva passar...

—Humm... Entendo! — eu sei que isso a deixa chateada. Não por egoísmo, mas ela sabe que eu gostava muito de Garrett. — E então, você está namorando, hein?

—É! E isso é bem recente. E vou te contar como chegamos até aqui.

E então, enquanto dirijo para a minha nova casa, conto tudo que se passou resumidamente. E agora Kate sabe o motivo real de eu ter ficado tão chateado com Garrett.

Ao chegarmos no apartamento, Kate abraça Rose e eu a apresento a Bella. Logo em seguida, algo que eu não esperava acontece. Bella puxa minha irmã pela mão até o quarto de hospedes sendo seguida por Rose e se trancam as três lá.

Deve ser coisa de mulheres, só pode!

Ao longo do dia eu notei uma cumplicidade entre Bella e Kate, como se tivessem se conhecido a vida toda. Por duas vezes, tive a impressão que estavam planejando algo. Quando pergunto a Bella a respeito ela sempre faz cara de inocente e nega. Mas prefiro acreditar nela.

À noite, vamos todos assistir a banda de Bella já que ficaremos semanas sem nos vermos. Estamos em cinco, Emmett, Rose, Kate, Bella e eu. Depois da apresentação, que seria ás 20:00, combinamos de ir para uma pizzaria qualquer nos arredores.

Fico meio ressentido de não poder ficar mais próximo de Bella, não poder tocá-la e beijá-la em público. Nossa interação como casal fica restrita à minha casa ou ao seu quarto hotel. Senti dois ou três rapazes com olhares nada discretos em direção a minha namorada. Aquilo fez ferver meu sangue, mas eu continuei sorrindo para Bella e para os outros. Talvez eu não tenho enganado Kate que me conhece muito bem.

Procurei ficar perto do bar, ao lado de Emmett que também está tomando somente refrigerantes sem açúcar. Algo a ver com o treinamento de musculação que ele começou em preparação para as filmagens um longa de ação que começará no final de julho.

Bella, Kate e Rose estão conversando com Ben, o guitarrista da banda de Bella. Estão rindo e isso me faz feliz. Gosto de observar como se divertem. De repente, elas olham para porta e tanto Kate quanto Bella exibem um enorme sorriso. E acompanhando os olhares delas, eu deparo com Garrett parado na porta como quem procura por alguém. Usando aquele chapéu ridículo, camisa de botão e calça jeans apertada.

Esse cara é um viadinho mesmo!Cowboy de araque!

Já me preparando para ir até lá, me levanto, mas sou impedido pela mão de Emmett no meu braço. Eu olho para ele e ele diz baixinho:

—Relaxa brodinho! Por favor, relaxa!

Eu olho novamente em direção as meninas e agora Garrett está entre elas sorrindo animado, mas observo que ele está olhando para Kate mais do que para Bella ou até mesmo Rose. E então Bella e Rose os deixam sozinhos conversando, e caminham até nós no bar. E diante da minha cara de poucos amigos, Bella sorri me desarmando.

—Ah Schatz, nem adianta fazer essa cara feia porque eu fiz uma boa ação hoje. Olhe só para a sua irmã. — ela aponta na direção de Kate que agora está sorrindo para Garrett. Os dois estavam com cara de bobos enquanto sorriam um para o outro. Será possível que Kate era a mulher que o faria finalmente tomar jeito?— Não vê como está feliz?

—Essa é a nossa Bella! Sempre pensando nos outros. — Emmett diz antes de puxar Bella para seus braços e dar um abraço apertando, mantendo-a junto de si. Há algo de fraternal nesse contato. — Agora vamos dar a imprensa algo do que se falar, hein? — ele pisca para mim logo depois de percebermos o flash da máquina de alguém logo atrás de nós. Nós quatro ficamos em alerta, mas então percebemos que é apenas uma pessoa comum com um celular comum. Mas não duvido nada que vá parar em algum site de fofocas algum dia.

Depois do show da banda de Bella, Kate avisa que e ia sair para jantar com Garrett em algum lugar sossegado. Então ficamos apenas os quatro novamente.

Saímos para a pizzaria, sempre discretos e sempre prestando muita atenção a nossa volta. Esse fim de semana seria uma despedida mesmo que temporária. De sexta até segunda de manhã, Bella e eu passamos todo o tempo que podemos juntos. E as noites fazíamos amor tão apaixonadamente quanto podíamos.

Segunda-feira foi um dia triste, fomos todos para o aeroporto, Bella ia para Nova York, Emmett para a Argentina, Rose e eu para Paris. Kate resolveu com Garrett que viajaria com ele e sua banda para os próximos shows e para se conhecerem melhor, então ela foi ao aeroporto se despedir de nós. Essa minha irmã não tem jeito, não me falou nada que tinha quatro semanas de férias e eu aqui pensando que ela ficaria só o fim de semana.

E os três dias em Paris foram tranquilos. E durante esses três dias, na parte da tarde para ela e tarde da noite para mim, eu falei com Bella via Skype. Ela me mostrava como estava vestida e mesmo com peças comuns, eu ficava louco só em lembrar de seu corpo sem nenhuma daquelas peças. Ela me contou tudo sobre o reencontro com sua companheira de quarto, Alice e seu namorado Jasper. A banda deste estava em turnê também e tocariam quase nos mesmos clubes que a banda de Bella.

Quando eu estava na Alemanha, em uma das entrevistas, perguntaram se eu sabia alguma palavra em alemão, e eu orgulhosamente me exibi dizendo que sabia algumas. Eu não sabia muitas frases, mas as que sei eu falei claramente. Perguntaram onde aprendi ou se foi somente para a entrevista.

—Aprendi com uma grande amiga minha que fala alemão. — eu disse sorrindo. E sorri mais ainda com a maneira como a imprensa parecia agora especular em cima de uma resposta enigmática.

Rose olhou para mim franzindo o cenho. Mas eu apenas dei de ombros. Durante aquela noite, Bella me ligou no Skype e me apresentou Alice. A primeira impressão que tive dela foi boa. Aparentava ser muito mais jovem do que sua real idade, muito espevitada e tinha um corte de cabelo moderno, sidecut bem raspado e do outro lado, comprido num Chanel assimétrico maior no queixo e menor na altura da nuca. Lembrava esses cortes undercut que revisitam a moda punk dos anos 80. Nem sou de reparar muito em cortes de cabelo, mas ultimamente esse tipo de corte estava em toda a parte, inclusive nas premiações onde eu estive.

—Me conta Edward, você teria brigado mesmo com o tal do Garrett se tivesse chance naquele dia?— Nossa! É tão direta e sem noção quanto Emmett.

—Sim! Mas ainda bem que não cedi aos apelos da minha cabeça quente.— eu sorri para ela.

—É verdade! Afinal minha amiga aqui é apaixonada por você, seu bobo! E ela não vai a lugar nenhum. Pois eu a conheço muito bem!— de repente, Alice foi atingida por um travesseiro e olho para trás para encontrar Bella rindo e se curvando de tanto rir.

Fiquei acompanhando a guerra de travesseiros das duas e lembrando que Kate e eu costumávamos a fazer o mesmo quando eu ainda morava com meus pais.

Os dias se passavam mais rapidamente enquanto eu podia ver e conversar com Bella quase todos os dias. Emmett também ligava para Rose e ás vezes, eles se viam via Skype também. Finalmente meus dois amigos resolveram se render a tecnologia.

As duas semanas de viagem de divulgação estavam quase no fim, e por último estávamos em Portugal, Rose e eu. Eu estava no camarim tomando água com gás e limão, quando recebi uma mensagem de texto. Número era de Kate porque o visor mostrava uma foto sua.

“Edward, sua namorada desmaiou no meio do show em um clube aqui em N.Y! Jasper a levou para o camarim. Será que você pode ligar pra mim assim que tiver um tempo livre? Não importa a hora, eu vou te esperar.”

Pronto! Não vou conseguir me concentrar na entrevista agora!

Comecei a ficar apreensivo. O que significa que a banda dela deve ser a última a tocar já que lá agora são 2:30 da manhã e aqui 8:30. Não entendo o motivo de ter concordado com essa entrevista logo de manhã cedo. Comecei a suar tudo que eu não tinha suado desde que cheguei a Portugal. Tive que tirar meu paletó e colocá-lo sobre o espaço ao meu lado no sofá. Rose se aproximou de mim para que fossemos juntos para o estúdio. Mas reparou na estranheza da minha expressão.

— O que houve? — ela passava um lenço sobre meu rosto tirado de não sei onde. Eu estava suando muito.

— Bella passou mal num clube hoje. Desmaiou no meio de uma apresentação. Estou preocupado Rose. Eu...

— Calma Edward! — ela sentou-se ao meu lado, afastando meu paletó. — Não há nada que possamos fazer a essa distância. Eu sei que pareço fria, mas estou apenas sendo prática. Logo saberemos mais notícias, pois se lembre de que estaremos indo pra casa hoje à noite. — ela me abraçou por um tempo para me acalmar. — Agora venha comigo, meu bem! Eu vou dar cobertura hoje, não se preocupe.

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