segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

S - Capítulo 9

Enquanto falava com Bella ao telefone, senti meu peito apertar. Ouvi-la chorar, partiu meu coração. Fiz uma força tremenda para não chorar junto com ela. Eu sei que demonstrar sentimentos é algo mais fácil para mim do que para Bella e por isso sei o quanto ela deve confiar em mim ainda estou preocupado com ela. Bella veste uma capa de independência, mas no fim, ela precisa que alguém cuide dela.


Eu também me segurei porque Rose estava ao meu lado enquanto eu falava com Bella. Quando eu senti meus olhos arderem ao ouvi-la soluçar, Rose olhou para mim com os olhos arregalados em expectativa. Sua mão acariciava meu ombro gentilmente me encorajando a continuar firme. E depois que desliguei, ela continuou ali ao meu lado, entendendo que eu estou em um estado emocional meio conturbado. E que qualquer coisa sobre Bella me afeta diretamente.

— Bella está bem? Afinal, o que houve? — Rose perguntou com seu rosto assumindo uma expressão preocupada que espelhava a minha.

— Bella passou mal porque esqueceu de jantar, mas já está melhor.

— Bella esqueceu de jantar? — Rose tinha uma de suas sobrancelhas arqueadas em incredulidade. — Aquela lá adora comer por essa razão isso soa, no mínimo, estranho.

— Eu juro que pensei a mesma coisa. — realmente, Bella não é do tipo que esqueceria de jantar. Aliás, era a primeira a lembrar de comer quando passamos um tempo juntos em Los Angeles.

— Será que... — Rose disse se levantando de repente, sua mão no queixo num claro sinal de que tinha chegado a uma conclusão. — Não... — e voltou a se sentar ao meu lado. — É melhor eu não me meter nessa história. — ela disse a última frase meio que para si mesma, tão baixo que fiquei na dúvida se ela tinha mesmo dito.

— Ai ai ai, Rosálie, o que foi? — eu me sentia exasperado.

— Não é nada! Fiquei pensando na minha agenda da semana que vem e na viagem do Emm logo depois que ele chegar. Vamos nos ver o quê, um dia apenas? Eu te entendo muito bem por estar sentido com a distância entre você e sua namorada. — ela olhou para mim meio que para reforçar o que dizia. Seus olhos não estavam sorridentes quando ela me sorriu. — Vamos! Precisamos pegar as coisas no hotel e ir direto para o Aeroporto.

[…]

Assim que chegamos em Los Angeles, haviam pessoas comuns tirando fotos nossas, algumas nos pararam para pedir autógrafo do “casal”. Enquanto eu passei a segunda-feira em reunião com minha agente, Rose passou o dia com Emmett, pois ele teria que viajar na terça-feira para as filmagens na Austrália.

Eu assinaria dois contratos. Um para o filme de espionagem e ação onde eu contracenaria com Victoria Preston. Desisti de fazer o suspense psicológico que se passaria em Chicago. No primeiro filme eu interpretaria um agente duplo e Victoria interpretaria uma agente que seria o par romântico do meu personagem. O segundo filme seria uma comédia romântica comigo e Rosálie nos papéis principais, com a história se passando em Manhattan. Fiquei feliz de assinar para um filme com Rose, pois com ela me sentia literalmente em casa. Seria confortável trabalhar ao seu lado novamente, já que tínhamos gravado todos os quatro filmes da franquia Heróis em um ano, e o 2º, 3º e 4º filmes estavam em fase de pós-produção, pois usariam muitos efeitos visuais neles. Os efeitos especiais já haviam sido filmados anteriormente. Pelo menos, boa parte deles. O estúdio investiu alto nesses quatro filmes apostando sem saber realmente o resultado, se fariam sucesso ou não. O bom é que eles apostaram e acertaram. Era a primeira vez que um estúdio fazia algo assim. Nem que para isso, tivessem que fazer um marketing em cima do casal principal da trama, estarem juntos ou não na vida real. Eu espero que Victoria Preston, seja uma pessoa fácil e agradável de trabalhar porque não sei se aguento conviver mais de três meses com alguém mimado e mal humorado.

Logo ao entardecer, depois de chegar a extensa reunião, eu me lembrei que tinha Skype e que Bella poderia estar online. Fui para o meu laptop, esperei o programa abrir automaticamente. Mas ela não estava online. Havia um pontinho amarelo indicando que havia uma mensagem, e era uma mensagem de vídeo. Quando abri a mensagem, me deparei com uma Bella com olheiras, rosto mostrando sinais de cansaço. Parecia doente. Uma coisa é falar com alguém ao telefone, e ela te dizer que está tudo bem. Outra bem diferente é vê-la pela webcam e constatar que ela mentiu ao dizer que estava tudo bem. Pode ser que esteja gripada, o que não me surpreende nem um pouco, pois desde que chegou nos Estados Unidos, ela está pra lá e pra cá. Isso me preocupou muito.

Dormi muito mal a noite porque eu estava preocupado, e eu sei que Rose também estava preocupada com suas próprias coisas, pois mal nos falamos enquanto jantamos. Quem conversou muito comigo foi Emmett, que me falou de sua viagem e do quanto estava empolgado para o novo projeto. Ele não dormiu no apartamento, indo embora logo depois de jantarmos e eu acho que esse foi o motivo de Rose ter acordado tão mal humorada na terça-feira. Ela estava de cara feia e com o humor completamente azedo. Como não sou o Emmett, não quis cutucar a onça com vara curta.

Olhei a agenda do meu smartphone mais uma fez, pois eu sabia que tinha um compromisso no almoço, mas não lembrava o que era. Então eu vi que tinha um almoço com Siobhan Doherty.

Ah, claro! Siobhan, da banda Stars. A conheço vagamente.

Eu me lembrava dela, pois de vez em quando nos encontrávamos nos bares da vida, pois para artistas de rua e músicos de bares, Dublin é bem pequena. Porém a banda Stars já não era banda de bar há muitos anos. Já estava famosa em quase toda a Europa, só não expandiu muito o seu público além disso.

Antes de eu viajar, a assistente de Siobhan tinha me ligado e depois me mandado um e-mail com uma ideia sobre um projeto de um filme musical falando que se passaria em Dublin, cuja direção ficara a cargo de Guy Smith, um diretor jovem e iniciante que tinha ficado famoso no circuito de festivais de filmes independentes e artísticos. Isso significava filmes menos comerciais. O próprio Guy tinha me ligado, através de Jane, logo depois da assistente de Siobhan também, me contando detalhes do filme que tinha idealizado.

Pelo o que ele disse, o plot do filme seria um musical com momentos dramáticos, outros românticos, porém o principal no filme era a música. Ela seria a protagonista e por causa dela que os personagens principais se encontrariam e se uniriam. E Guy tinha pensado em alguns músicos que tinham experiência com atuação, mas Siobhan me indicou, por eu ser irlandês, por eu ser músico além de um ator com experiência em drama, pois antes de trabalhar no cinema, eu fui ator de teatro, que por acaso tinha experiências em dramas. Encenei Édipo Rei, de Sófocles, por mais de um ano de Dublin á Londres. Assim como outras peças com temas parecidos. As tragédias gregas são minha paixão.

Meio-dia em ponto, eu me encontrava sentado à mesa, num restaurante italiano, na Sunset Boulevard. A escolha tinha sido de Siobhan, mas eu estava mais que feliz com a escolha porque me fazia lembrar de Bella. Ela sempre cozinhava algo do tipo para mim, e eu amava tudo que ela cozinhava. Minha morena linda, ás vezes cor de caramelo, ás vezes cor oliva e se tomasse sol, cor de canela.

Quando Siobhan entrou no restaurante e veio caminhando na direção da minha mesa eu tive uma boa impressão. Acho que vai ser legal trabalhar com ela. E ela é bonita, lembra muito Liv Tyler, até nos impressionantes e expressivos olhos azuis, mas sua pele é clara demais. E acho também, que seu tipo de pele não aguenta muita exposição ao sol. E Siobhan tem charme, é daqueles tipos de mulheres cuja beleza é delicada, mas incrivelmente magnética. Acho que se não estivesse completamente apaixonado, estaria perdido. Seria mais um na longa lista de seus admiradores.

Ela se sentou a minha frente na mesa e sorriu para mim. E sem mais rodeios falou sobre o projeto, que Guy a convenceu mostrando o roteiro e partes de um script da cena onde os personagens se encontram. Ela gostou do fato de ser uma multi-instrumentista no filme, e por isso pensou em mim, porque tinha visto algumas de minhas performances quando tocava com Tanya e Garrett anos atrás. E ela disse que teríamos que compor todas as canções da trilha sonora do filme e que paralelamente, ela pensava em fazer turnês para divulgar a trilha sonora e por tabela promover o filme também.

Me senti empolgado, porque esse seria o primeiro filme com um plot musical que eu faria, e bem mais artístico do que comercial, o que deixaria Bella surpresa e orgulhosa. Aceitei sem nem piscar, a proposta. As gravações começariam no fim de agosto e iriam até o fim de setembro, pois a produção queria aproveitar o clima dessa época em Dublin.

[…]

Avistei minha linda namorada em pé no saguão de entrada do aeroporto. Ela trajava um vestido estilo cigano longo e esvoaçante na barra. Parecia uma deusa ali parada me esperando. Eu senti tantas saudades dela. A primeira coisa que pensei em fazer quando ela se aproximou de mim foi beijá-la, pois eu senti saudades de seus lábios carnudos. Mas ao invés disso, fui agarrado. A segunda coisa que pensei foi em seu bumbum e não hesitei, apertei mesmo sobre o tecido. Automaticamente, minha outra mão livre foi parar no meio de seus volumosos e brilhantes cabelos castanhos. Eu tive saudades de tudo nela. Ela é minha! Minha Bella, minha amiga e minha amante. Ela é a minha metade. Eu precisava sentir seu corpo sob o meu, e me perder dentro dela.

— Preciso de você agora, Bella. Eu quero matar a saudade que quase me matou. Vem cá, meu amor! — eu a beijei mais uma vez, reparando que estávamos em um ambiente público e muitas pessoas começariam a olhar e me reconhecer e consequentemente tirar fotos. Por milagre ninguém tinha tirado fotos até agora.

Achei por bem, sairmos rápido dali. Fomos para o meu quarto de hotel. Eu não quis impor minha hospedagem a avó de Bella sendo que nem nos conhecíamos. Mas pelo o que conheço de Bella, talvez eu não use muito esse quarto.

Durante o trajeto, Bella estava quieta demais. Ela me olhava de soslaio algumas vezes, e quando era surpreendida sorria, mas não era um sorriso terno, era mais como se estivesse nervosa. Estranho! Reparando melhor em seu rosto. Há enormes olheiras e sua pele está brilhando demais.

Não falamos muito enquanto estávamos no elevador. Antes de entrar no quarto, eu a beijei novamente para senti-la, para saber se estava tudo bem e se não era tudo coisa da minha cabeça. E ao entrarmos, eu não resisti ao desejo de possuí-la ali naquela cama. Eu não pensei em mais nada além de seu corpo. Eu queria sentir que ela ainda era minha e que ainda me amava. Afinal, isso não podia ter mudando em três dias.

[…]

Ainda estávamos deitados na cama imersos em nossos orgasmos. Eu me sentia feliz. Eu queria estar com Bella o tempo todo e sinto que não consigo mais ficar longe dela. Minhas mãos passeiam languidamente por seu corpo suado enquanto ela está deitada de barriga para cima aceitando minhas carícias de olhos fechados.

— Bella? — eu pergunto quase sussurrando.

— Humm? — ela geme preguiçosamente à guisa de uma pergunta, sem nem mesmo abrir os olhos.

— Tem algo acontecendo com você? Por que anda tão abatida? — ela abriu os olhos e olhou para mim, seus olhos agora estavam arregalados. Ela abriu a boca uma vez, mas a fechou logo em seguida, tornando repetir o gesto mais duas vezes.

— Eu estava muito cansada nos últimos dias e passei metade do tempo dormindo. Não foi algo que eu pudesse controlar. Afinal, a rotina aqui nesse último mês tem sido muito mais agitada do que em Berlim, onde só faço estudar. Meu corpo precisava de descanso. — ela me disso isso olhando nos meus olhos. Apesar do que ela disse parecer sincero, eu senti que ainda havia algo me escapando ali. Mas resolvi mudar de assunto.

— Me diz uma coisa... Como é a sua avó? Eu preciso temer alguma coisa ou posso te acompanhar tranquilo? — eu beijei o ombro direito dela depois de perguntar.

— Minha vó Marie é um doce de pessoa. Ela tem a personalidade forte, mas seu gênio é tranquilo. Ela nem parece ter 75 anos, pois tem energia de sobra. Esses dias eu estive até pensando em pedir uma doação de energia de tão cansada que eu estava.

— Então tá! — eu sorri para ela, mas me sentia um pouco nervoso, pois sua vó seria o primeiro membro de sua família que eu ia encontrar nesse pouco tempo de namoro. — Agora, por que não tomamos um banho para irmos pra esse brunch na casa da sua avó? Sério, Bella, se continuarmos aqui, eu vou te atacar novamente.

— Só uma pergunta. — ela olhou para mim parecendo insegura, projetou os lábios para frente como quem pensa bem antes de dizer algo. Eu apenas concordei silenciosamente e ela continuou. — De onde você conhece Siobhan Doherty? Vocês são amigos ou algo assim? — ela não olhava para mim enquanto perguntava então concluí que ela estava muito sem graça em fazer essas perguntas. Antes de responder eu toquei seu queixo fazendo com que sua cabeça subisse e seus olhos encontrassem os meus.

— O que está se passando por essa cabecinha? Anda lendo esses sites de celebridades, é? — eu vi suas bochechas corarem levemente e imagino que se sua pele fosse branca, ela estaria igual a um tomate confirmando o que eu apenas suspeitava.

— Tudo bem, você não precisa responder. Foi apenas uma bobagem...

— Shhh! — eu pus gentilmente meu dedo indicador sobre seus lábios. — Não fique assim, meu amor. É normal ter ciúmes, ainda mais quando a imprensa sensacionalista faz um monte de especulações. Mas Siobhan e eu somos apenas colegas de trabalho agora. Ela me indicou para um projeto que um diretor de filmes independentes estava planejando e eu aceitei quando almoçamos ontem em Los Angeles. Nos conhecíamos do circuito de bares nas noites de Dublin. Não somos amigos próximos, mas conversávamos superficialmente algumas vezes. Vai ser um filme artístico e eu estou feliz de participar de um projeto assim, mesmo que não pague muito.

— Sério? É que vocês pareciam tão íntimos sentados na mesa do restaurante. Pelo menos pelas fotos parecia algo íntimo. E ela é tão bonita, parece a Liv Tyler.

— É mesmo? Eu nem reparei... — olhei para ela e ela me olhava incrédula por alguns segundos até entender a piada.

Ela deu um tapa leve na minha bunda e eu ri mais ainda.

— Engraçadinho! Você é homem e é claro que reparou. — ela voltou a ficar emburrada. E eu me perguntava, onde será que a Bella bem humorada e calma se meteu? Ela ainda parece a mesma, porém muito mais emocional do que eu estava acostumado.

— Sim, eu reparei, mas eu estou apaixonado por você e é em você que eu penso todo o tempo. Você é muito bonita, charmosa, envolvente e tem essa cor linda. Eu te amo, minha Bella. Será que não estou sendo claro o bastante? — eu a puxei para um beijo e senti seu corpo relaxar. Ela cedeu finalmente.

— Sim, você está! — ela sorriu meio sem graça. — Eu estou sendo uma boba. Eu também te amo! — ela me beijou.

— Então, fique feliz por mim, amor, afinal vou trabalhar num projeto totalmente artístico. — eu sorri para ela e ela me beijou novamente.

[…]

Ao chegarmos na frente da casa da avó de Bella, eu ainda me sentir nervoso. Acho que eu estaria menos nervoso se estivesse indo visitar meus futuros sogros, pois pelo jeito que Bella fala da avó, ela é tão ou mais importante que eu seus pais. Eu reparo na casinha típica de condomínio e a porta vermelha tão destoante do resto. Destoante mas bonita com certeza.

Adentramos a sala, que tem uma cor peculiar de verde-claro e amarelo e logo a avó de Bella vem nos receber. Para a minha total surpresa, ela é quase uma cópia de Bella. É a Bella amanhã. E eu pensei que as mães fossem como suas filhas amanhã.

— Muito prazer, eu sou Marie! — ela estendeu sua mão cordialmente e eu logo a apertei com firmeza, mas de forma delicada.

— Edward! — ficamos nos olhando por alguns segundos, e eu detectei um olhar de avaliação vindo da minha futura avó.

Logo em seguida, caminhamos todos para a mesa, pois Marie estava esperando por nós para pôr a mesa do almoço. Enquanto estávamos sentados um do lado do outro, ela ia e vinha com os pratos que seriam servidos. Frango assado, purê de batatas, molho de cogumelos, ervilhas e uns pãezinhos minúsculos para acompanhar. Parecia um almoço de domingo na casa dos meus pais. Eu olhava para Bella de vez em quando, mas todas às vezes, ela parecia distraída e eu tive que tocar levemente a sua mão sobre a mesa para que ela percebesse que eu estava ali do seu lado.

Antes de comermos, Marie pediu licença para lavar as mãos e disse que o lavabo estaria livre logo para que nós fizéssemos o mesmo.

— Bella, o que foi? Algum problema? — eu perguntei já preocupado com esse ar distante que ela projetava.

— Quê? — ela me olhou como se eu tivesse dito um absurdo. — Não é nada, amor.

— Você parece longe, só isso! — senti um pouco de raiva, de fato era mais frustração do que raiva, pois eu senti que ela não estava sendo totalmente sincera. Mas antes que eu pudesse insistir, Marie apareceu e Bella foi a primeira a levantar a caminho do lavabo.

Depois de ser servido como um rei por Marie, que eu não sei por que fez um prato cheio para mim. Bella comeu uma quantidade normal, mas para quem a conhece bem, era pouco e isso eu estranhei. Comíamos em silêncio e algumas vezes eu flagrei Marie olhando para Bella de forma questionadora, o que na verdade parecia mais uma conversa silenciosa.

Para minha sorte, pois eu estava começando a ficar um pouco entediado e frustrado, Marie quebrou o silêncio.

— Então Edward, Bella me disse que é ator. — ela largou o garfo a faca lentamente dentro do prato e uniu as duas mãos sob o queixo.

— Sim. Estou trabalhando no cinema ultimamente, mas trabalhei anos no teatro. E eu gosto muito do que faço. — eu sorri para ela, mas eu não quis soar sedutor, nem nada. E isso fez com ela me olhasse como se tivesse chegado a uma conclusão.

Ah, ótimo! Apenas com algumas palavras, acho que ela decidiu que eu não sirvo para a neta dela...

— Qual o último filme que fez? De repente eu já vi... — ela olha para Bella e sorri.

— A saga Heróis. Eu interpreto o arqueiro... — eu expliquei para que fosse fácil lembrar e a encarei em expectativa.

— Eu acho que assisti, porém mais por vontade de Bella, pois não é meu tipo de filme.

— Então, qual o seu tipo de filme? — eu sorri feliz em tirar o foco de mim.

— Clássicos dos anos 50 e 60 e filmes biográficos. — ela tem um gosto difícil tanto quanto a neta. — Me diga Edward, Bella me disse que você é irlandês. — eu assenti com a cabeça. — O que seus pais fazem lá na Irlanda? Sua família é toda de artistas?

— Vovó! — Bella praticamente gritou ao ralhar com Marie, mas eu a tranquilizei tocando o dorso de sua mão delicadamente.

— Meus pais tem uma padaria/doceria que já está há três gerações na família. Minha irmã é jornalista, mas atua como professora universitária.

— E eu conheço Kate, vovó, é uma pessoa adorável! Muito simpática e prestativa. Gosto muito dela. — Bella apertou minha mão ao dizer isso e eu acho que ela queria me tranquilizar. — E aquela sobremesa de gelatina cremosa, hein vovó?

[…]

Estávamos no bar, todos sentados ao redor uma grande mesa redonda. Tínhamos ido naquele fusca verde que Bella dirigia com cuidado e que deixava tudo com um ar romântico. Eu tinha sido apresentado a Alice, cujo penteado de perto parecia casar bem com seu rosto pequeno e angelical. Muitos poderiam dizer que Alice é bonita, mas sem sal, porém eu digo que Alice não é exuberante e sensual como Bella, mas é daqueles tipos bem femininos, tipo os elfos tirados direto dos livros de Tolkien². É meiga e sua doçura é com certeza um charme nela. Seu sotaque inglês a deixa com um ar aristocrático. Já Jasper, é tão alto quanto eu, mas um tipo interessante, desses que parecem despreocupados e muito a vontade em qualquer situação. E o contraste entre ele e Alice não é só na altura de ambos, mas na personalidade também. Enquanto Alice é delicada, romântica e espontânea, ele é debochado, calmo e muito franco.

— Como vocês quatro se conheceram? — eu perguntei para ninguém em especial, pois queria saber como Ben, Jasper, Alice e Bella se tornaram tão bons amigos.

— Bella conheceu Ben, sua esposa e a banda através de mim. — Jasper tomou a dianteira e respondeu sorrindo com um olhar nostálgico. — É que eu divido apartamento com Ben e Ângela. O departamento de música fica no mesmo andar do departamento de artes visuais, assim como algumas salas específicas. Um dia, eu estava pronto entrar no elevador e ir embora depois de uma tarde inteira compondo para a minha peça final, quando me lembrei que esqueci minha pasta de partituras dentro da sala. À medida que ia me aproximando, eu podia ouvir cada vez mais alto o som de piano vindo de lá. Seja quem fosse não treinava muito. — ele olhou de um jeito divertido para Bella que mostrou a língua. — Fiquei confuso porque não tinha ninguém além de mim quando saí. Quando entrei, deparei com essa linda moça — Jasper apontou para Bella. — se esforçando para tocar aquele piano. E eu vou ter que sincero. — Jasper olha para Alice e depois para Bella parecendo meio sem jeito. — Meus olhos estavam paralisados no decote redondo de sua regata branca naquele dia, ainda mais quando ela se inclinava para tocar.

Eu não sei se fico chocado ou chateado...

— Foco, Jasper, foco! — Ben disse com seu rosto mais vermelho que tomates frescos. E eu olhei para Alice que tinha as bochechas com leve tom rosado. Será que aquilo a deixava tão chateada quanto eu estava? Mas Alice parecia não se importar tanto assim então concluí que esse é jeito de Jasper mesmo.

— Tá bom! Então eu dei algumas dicas de piano para ela e nos encontramos quase todos os dias no laboratório de música. Ás vezes saíamos para tomar café e conversávamos. Acabamos nos tornando amigos. Porém, eu confesso que tinha interesse além de amizade, mas eu não estava seguro sobre o que ela sentia então fui dando corda até descobrir.

— Bella sempre falava de Jasper quando chegava em casa. E sempre chegava das aulas mais tarde que o normal. Achei até que ela estava namorando ou pelo menos saindo com ele. Era Jasper pra cá, Jasper pra lá. Até o dia em que fiquei curiosa e perguntei se ela gostava dele, e ela disse, desculpe Jasper — Alice sorriu para o namorado. — que o via como um bom amigo, bonito sim, atraente, mas ela sentia que faltava alguma coisa. Eu curiosa a respeito dele, apareci de propósito na cafeteria no primeiro andar do prédio de música e lá estavam eles sentadinhos rindo feito idiotas. Quando eu o vi, minhas pernas bambearam e eu não consegui pensar em nada pra dizer.

— Eu achei estranho Alice, a amiga de quem Bella falava tanto, parada em frente à mesa como um dois de paus com cara de quem estava passando mal. — Jasper disse antes de levar um tapa nas costas, que deve ter doído, ou talvez não já que Alice não parecia ser muito forte. — Ué, mas é verdade amor, você estava com uma cara estranha, parecia ter visto um fantasma ou algo assim. Eu nem percebi que você estava daquele jeito por minha causa. E depois você passou os próximos 30 minutos muda, dando respostas monossilábicas para nós. E eu pensei que era tímida.

— E aí eu vi a chance de juntar esses dois de vez. — Bella riu. — Passei semanas atrás de semanas incluindo Alice em todos os programas para os quais Jasper me convidava.

— Bem que eu achei estranho Alice estar em todos os lugares com a gente. — Jasper franziu o cenho olhando para suas próprias mãos sobre a mesa. — Mas então eu comecei a reparar nela. Eu reparei nos cabelos castanhos ondulados sempre divididos ao meio emoldurando seu delicado rosto. Em seus magníficos olhos castanhos esverdeados e em toda a sua delicadeza falar, mesmo que ela mal falasse quando estávamos juntos.

— Me deixa dizer duas coisas. Primeiro: Quando eu te vi naquela mesa fiquei em choque. Foi a primeira vez que te vi. Você estava tão bonito naquele dia usando uma camisa azul... e seus olhos se destacavam do seu rosto por causa da cor da camisa. Então eu não consegui dizer mais nada. Segundo: Ora Jasper, você parece que não entende até hoje, eu estava vivendo um dilema moral, pois na minha cabeça eu estava a fim do namorado da minha melhor amiga.

— Namorado?! — Bella e Jasper gritaram em uníssono com expressão de sincero espanto em seus rostos.

— É sim! Nem tentem me contradizer, pois quem via de fora achava que vocês dois tinham alguma coisa, pois viviam se tocando, rindo, falando coisas olhando nos olhos. — Alice disse cruzando os braços num aviso claro de que não mudaria de ideia.

— Eu posso garantir que era mesmo coisa da sua cabeça e da cabeça dos outros, pois eu ficava quase todo o tempo falando sobre você, mas você não me ajudou muito, pois ficava muda, Alice. Foram quatro meses suando a camisa para fazer esses dois pelo menos darem uns beijos, então, imagine só a minha felicidade, Edward, quando eles finalmente começaram a namorar? — eu sorri aliviado em saber que Jasper não estava mais interessado em Bella. Agora bastava descobrir os outros trilhões de caras que são ou foram interessados nela em seu círculo de amizade. — Mas da próxima vez, Alice, seja menos sonsa, tá? Pois cansa demais bancar o seu cupido. — Bella sorria abertamente e eu nem fiquei chocado com o tom do que disse quando percebi que era uma brincadeira.

Alice olhou para ela com uma deliberada perplexidade, a boca em formato de “O” e os olhos estreitados.

— Não haverá próxima vez, pois essa linda moça aqui, é minha e eu não vou liberá-la nunca! — Jasper segurou Alice pela nuca e a beijou ardentemente.

— Vou comprar fichas para a sinuca. — Ben levantou de repente parecendo fugir dali.

Eu apenas sorri para Bella apertando uma de suas mãos na minha. Não me importei mais se Jasper já foi a fim dela e nem se alguém seria no futuro. Só importa o que eu sinto por ela. Eu a amo.

[…]

Chegamos na casa de Marie e subimos direto para o quarto de Bella, pois ela havia passado mal no bar e eu já estava ficando mais do que preocupado. Parecia que ela estava me escondendo alguma coisa. Parecia que a vó dela sabia muito bem do que se tratava. Desconfio que até Alice deva saber. Pois tivemos um momento caloroso e gostoso no bar, porém minutos depois Bella voltou a ficar distante e estranha novamente.

Será que ela estava tendo um caso com alguém e eu seria o último a saber? Mas então, o que tem a ver essa história dela estar passando mal?

Bella está sentada na cama massageando os próprios pés, quieta e olhando para baixo como se estivesse com medo de me olhar e entregar o que sentia. Eu já estava começando a me sentir frustrado com toda essa áurea de mistério e segredos ao meu redor, me envolvendo contra a minha vontade.

Comecei a andar de um lado para o outro do quarto, a uma certa distância da cama e de Bella. Me perdi em meus pensamentos. Pensamentos esses nada otimistas. Eu comecei a pensar no que eu poderia ter feito, desde quando cheguei, para Bella reagir assim. Comecei a puxar pela memória cada detalhe das minhas ações.

Será que eu mudei com relação a ela? Não! Eu tenho certeza de que sou o mesmo.

O que eu não daria para ter uma barra de chocolate ao leite aqui comigo, ou mesmo balas de caramelo ou até mesmo bala Halls³. Qualquer coisa doce que me ajude a pensar melhor e que me acalme no processo. Ela está estranha desde que cheguei, pra dizer a verdade, ela já estava estranha naquela mensagem do Skype. E eu comecei a pensar que talvez ela tenha se interessado por outro e queira terminar comigo, mas não sabe por onde começar.

Seria esse outro o Jasper? Será que os dois tinham um caso que escondiam de todos, todo esse tempo? Mas Alice parecia cúmplice de Bella... pode ser que ela não saiba disso ...Pobre Alice!

Sem perceber eu me sentei ao lado de Bella na cama, passei as mãos pelos cabelos ainda perdido em pensamentos. E o ciúme começando a crescer em proporções catastróficas. Quando eu ficava ciumento assim, meu gênio se tornava difícil de controlar e eu inventava os mais loucos enredos em minha cabeça. Levantei e me posicionei em frente à Bella para que ela olhasse diretamente para cima e para mim quando eu falasse com ela. Ela não iria fugir.

— Bella, você vai me dizer o que está acontecendo, ou não? — ela olhou para mim, para cima, seus olhar se foco, parecia perdida. Mas logo seus olhos encaravam seus pés novamente, o que me irritou.

— O que você quer dizer exatamente? — ela continua encarando o chão.

— Você desmaiou em N.Y e disse que é porque se esqueceu de comer. Qual é Bella? Eu sei que você gosta de comer e nunca pularia refeições assim do nada. Quando eu chego aqui, você parece abatida. Parece cansada todo o tempo. E está estranha, meio distraída, tanto está que tive que chamar sua atenção várias vezes enquanto conversávamos. A sua avó me olha de um jeito estranho. Você está me escondendo alguma coisa, eu sei que está. Você passou mal no bar hoje. Pode ser que você tenha pego alguma virose, o que não é nada incomum. Ou você está gripada, ou... — eu toquei seu queixo, segurando delicadamente, mas firme, fazendo com que ela olhasse para cima e me encarasse. —... Você quer terminar comigo, é isso? — isso saiu como se eu tivesse pensando alto. Mas eu não conseguia pensar em mais nada.

— Terminar com você? — ela parecia um pouco aturdida. — Não! De onde você tirou esse absurdo?

— Ponha-se no meu lugar só um pouquinho. Eu fico duas semanas sem ver minha namorada por quem eu sou completamente apaixonado. Antes de vir para cá, abri uma mensagem no Skype onde você está visivelmente abatida e estranha. Quando te encontro no aeroporto, você está radiante, mas ainda abatida. Quando fizemos amor, você parecia a mesma de antes, mas logo depois ficou um pouco distante e pensativa. Parecia que sempre queria me dizer algo, mas mudava de ideia por razões que eu desconheço. Eu não sei mais o que pensar Bella! — e eu passei a mão por meus cabelos sentindo toda a exasperação de saber que havia algo de errado, mas sem saber exatamente o quê.

— Tem certeza que não te ocorre mais nada? — e até eu tinha dúvidas agora. Como assim? Tinha mais para se pensar, além disso?

E eu a vejo tomando uma quantidade exagerada de ar, como se fosse revelar a origem do universo ou algo tão importante quanto.

— Edward, eu estou grávida!

Porra! Por essa eu não esperava... Como pude ser tão cego?

Sentei-me ao lado de Bella novamente na cama, mas dessa vez deixando todo o peso do meu corpo cair sobre o colchão de forma ruidosa. Eu comecei a me lembrar daquela noite em Los Angeles quando nos reencontramos. E comecei a me sentir culpado. Primeiro eu fui pedindo sua bebida preferida e esta era trocada pelo barman muito antes de chegar ao fim, fazendo com que Bella bebesse muito sem se dar conta. Não fiz por maldade, pois estava empolgado com o reencontro e nervoso sobre como agir perto dela. Depois comprei Whisky e ela bebeu misturando tudo e ficando mais bêbada ainda. Eu nem me dei conta, que ela podia não ter a mesma tolerância alcoólica que eu. Eu também não estava nem um pouco sóbrio quando fomos para pista dançar, mas eu sabia o que estava fazendo. Quando ela me arrastou para o camarim, eu também ainda sabia o que estava fazendo, só que eu estava louco por ela, cego de paixão e tesão. Eu sentia tanto tesão que chegava a doer. Eu estava quente e só pensava em arrancar suas roupas, rasgá-las se preciso e sentir seu corpo no meu. E ela parecia tão perdida nesses pensamentos de luxúria quanto eu. E quando dei por mim eu estava dentro dela. E não usei nenhum preservativo e nem importei com o fato. Eu praticamente me aproveitei dela. Fui irresponsável e não tive a mínima consideração por ela, só pensei em mim e no meu prazer. Depois me lembrei do meu antigo quarto de hotel. Fizemos amor antes de dormirmos e eu novamente não usei nada, porém dessa vez, foi Bella quem controlou os movimentos e eu não a interrompi para que colocasse o preservativo.

— Edward, você está bem? Não vai dizer nada? — ela perguntou olhando para mim preocupada e eu me dei conta de que fiquei por muito tempo divagando calado.

— Eu sinto muito! Eu... — eu me sentia terrivelmente culpado. Então me virei para ela e tomei seu rosto entre minhas mãos. — Me perdoa Isabella, por favor.

— Por que você está dizendo isso? — ela parecia realmente confusa. Então eu a beijei. Um beijo rápido. — Você fala como se você tivesse feito algo contra a minha vontade. Eu estava lá também, Edward.

— Porque eu meio que sabia o que estava fazendo quando transamos no seu camarim. Eu estava louco por você, mas eu estava mais sóbrio que você. A culpa é minha, ou vai me dizer que conseguiu se lembra daquela noite com clareza?

— Não consigo me lembrar de nada depois que tomei Whisky. — ela admitiu olhando para o chão logo em seguida. — Mas são necessário dois para se dançar o tango, Edward. — ela voltou a me encarar. — Não quero entrar nessa de achar o culpado. Não há culpados. Se fossemos começar a apontar culpados, eu seria tão culpada quanto você.

— Como assim? — agora era a minha vez de ficar confuso. Eu fui o canalha aproveitador e não ela.

— Quando acordei no seu quarto e as coisas foram voltando a minha mente, me lembrei de que tinha pílulas do dia seguinte e preservativos em minha bolsa. Eu passei o resto da tarde daquele dia sobre tomar ou não. Pois eu não tinha certeza se você tinha usado preservativos, porém depois no banheiro, você usou e eu fiquei com mais dúvidas ainda. Mas como eu tinha a exposição e outras coisas pra cuidar acabei me esquecendo momentaneamente do assunto e depois você foi para o meu quarto de hotel, e aí já tinham se passado mais de 24 horas do ocorrido. Eu confesso que fiquei com medo dos efeitos colaterais da pílula já que eu estava tão longe de casa e estava em transição entre anticoncepcionais. Eu estava trocando a pílula pela injeção de três em três meses, pois a minha menstruação sempre teve um fluxo forte e por isso eu estava sempre anêmica mesmo me alimentando bem. E então nos reencontramos nessa fase de transição, por isso eu carregava comigo algumas soluções práticas caso eu tivesse relações com alguém.

— Mas você chegou a tomar a injeção? — eu fiquei preocupado, pois não sei o quanto esse fato poderia prejudicá-la e o bebe. Sim, eu já pensava no fruto de minha inconsequência como alguém que com o passar dos meses ficaria mais presente entre nós. E ele já era bem real.

— Não. Eu tive que dar uma pausa de um mês sem tomar nada por recomendação da minha médica na Alemanha. Mas como eu queria viajar, eu acabei decidindo que começaria o tratamento quando voltasse para Alemanha. Eu não esperava te reencontrar. Na verdade, o último encontro que tive foi há um ano atrás e não chegou a ser um encontro, e eu estava mais concentrada em meus estudos. Realmente eu não esperava me sentir tão fora de mim por um quase estranho em um bar.

Eu fiquei pensando no que ela disse e ainda mais sobre ela ter tido um encontro ano passado. Com quem teria sido? Não, eu não podia deixar o ciúme tomar conta de mim novamente. Dali nunca vinham boas ideias.

— Olha Bella, ainda me sinto um irresponsável. Por mais que você negue, eu me sinto um aproveitador barato. Desses tipos de caras de quem eu sempre falei mal e que de quem eu sempre condenei as atitudes. Eu não tenho mais 19 anos, eu não deveria agir como um garoto de faculdade desvairado e inconsequente. — ela ia começar a falar, mas eu a impedi colocando meu dedo indicador sobre seus lábios. — Eu sei que você preza sua liberdade, pois depende dela para realizar os seus planos e ai você me encontra e eu não tenho o mínimo de cuidado. Eu passei por cima de tudo isso.

— Não exagere! Eu não sabia que você podia ser tão dramático. — Você ainda não viu nada, Bella...

— Sério, Bella, eu pensei em você, eu te desejei com uma intensidade próxima da dor. Eu só pensava em sentir o seu corpo, sua pele, sua boca e tudo que é seu. Eu confesso que eu só pensava em tê-la em diversas posições e maneiras. Eu até rasguei sua calcinha. E isso não mudou mesmo depois de eu ter me apaixonado por você e de te amar tanto. Ainda te desejo com a mesma intensidade. Estou sempre cego de desejo, ciúme e paixão. Eu penso em você o tempo todo, tanto que eu mesmo tento me policiar, mas o que consigo é pensar mais em você.

— Oh Edward! — Bella me surpreendeu ao me beijar de forma tão intensa. E eu estava ao mesmo feliz e espantado por ela ter finalmente voltado a si. Finalmente, eu tinha a Bella por quem eu tinha me apaixonado de volta, me beijando e agarrando meus cabelos quase ao ponto de me machucar. — eu senti tanto a sua falta. Eu não sabia o que fazer ou como agir. — ela falava contra meus lábios, suas mãos de cada lado do meu rosto me segurando. Eu sentia seu hálito bater contra meu rosto, morno e pude senti-los ficarem úmidos, pois Bella estava chorando. — Quando eu soube, eu fiquei desesperada. Eu pensei em tantas bobagens. Eu pensei que se você soubesse você ia surtar e sumir, eu pensei...

— Nunca! — eu beijei seus lábios levemente. — Eu te amo. É claro que ninguém reage como se tivesse ganhado na loteria quando descobre uma gravidez surpresa, mas eu sempre quis ser pai. E eu vou te confessar uma coisa, eu já pensei em ser pai dos seus filhos pelo menos duas vezes desde quando começamos a namorar.

— Você vai ficar chateado comigo se eu disser que eu nunca tinha pensado nisso? — eu sorri com sua pergunta apesar de que deveria me sentir ofendido. — Mas eu pensei no nosso casamento num futuro não muito distante pelo menos duas vezes desde quando começamos a namorar.

— Pelo menos isso, né? — eu fingi estar chateado. — Você pensou mesmo em não me contar que estava carregando uma parte de mim ai dentro? — eu toque sua barriga ainda lisa de leve.

— Eu não vou mentir para você, Edward, eu pensei mesmo em fugir para a Alemanha e não te contar nada. Na verdade, eu pensei em tirar o bebe.

— Você teria coragem, Bella? Mesmo sem me consultar a respeito? — eu fiquei estupefato. Ela teria mesmo coragem de fazer isso? Se bem que era o que eu merecia por não ter pensado nas consequências dos meus atos.

— Sim, eu pensei nisso, mas logo em seguida minha avó veio me dar um apoio dela e me consolar. Ela falou aqui que eu precisava ouvir para não me acovardar. Então, eu entendi que sou forte o suficiente para ser mãe solteira.

— Bella, não seja absurda! Você nunca será mãe solteira porque essa criança tem pai e um pai que ama muito a mãe dela, tá? Agora eu tenho algo que justifique eu trabalhar tanto além do fator ambição, e algo realmente importante com que gastar o meu dinheiro. Não te faltará nada e muito menos para esse bebe. Se eu tiver que comprar uma casa, eu comprarei.

— Não, você sabe muito bem que eu não gosto de ter minha vida controlada por terceiros, Edward. Comprar uma casa seria um exagero.

— Não seria não, uma vez que eu vou morar com você, sua boba! Você acha mesmo que eu vou ficar longe de você enquanto nosso bebe cresce a cada mês?

— Mas como você pretende fazer isso, espertinho? Para morar comigo, você teria que ir para a Alemanha por um tempo. E pode ser que eu tenha que fazer doutorado em outro país depois disso.

— Para tudo existe um jeito, Bella. Enquanto eu não estiver gravando, vou para casa, a nossa casa. Ou você tem alguma objeção a viver comigo? E quanto a me deixar fazer parte da gravidez com você?

— Não! É que eu estava preparada para uma reação totalmente diferente de sua parte. Confesso que eu não esperava que você não surtasse. E muito menos que você ficasse tão feliz. — ela disse isso e bocejou. E então eu me percebi que ela estava cansada e que a gravidez a deixava cansada.

Antes que eu pudesse sugerir que descansasse, seu telefone em cima do criado-mudo tocou. Ela se arrastou sobre a cama até alcançá-lo, deitando de barriga para cima logo depois de atender. Ela sibilou para mim ainda com telefone encostado na orelha.

— É a Alice!

Eu apenas assenti e levantei da cama pegando meu próprio telefone. Eu estava empolgado com essa história de ser pai. Eu comecei a me sentir melhor depois de colocar pra fora, tudo que eu sinto por Bella. Ela precisava saber como me afeta, como me deixa louco ao ponto de não conseguir pensar.

Resolvi mandar três mensagens de textos simultâneos para Emmett, Rose e Kate, contando a novidade. Enquanto eu digitava eu pude ouvir parte da conversa de Bella com Alice.

— Sim, Alice eu estou bem... Ele já sabe... Ele até que reagiu bem, aliás, bem diferente do que eu esperava... — ela olhou para mim da cama e sorriu. — Já pode contar ao Jasper, eu já estava me sentindo mal de não ter contado a ele ainda...

Ela não tinha contado ao Jasper ainda? Eu, hein? A gente, por acaso, precisa passar pelo crivo desse cara, ou o quê?

De repente, meu celular tocou anunciando mensagem chegando. E tocou três vezes de forma que eu pulei assustado por estar esperando apenas uma resposta e não três de uma vez. De Rose eu recebi um “Eu já desconfiava”, de Emmett, um “Parabéns, brodinho” e de Kate, um “Nossa, que legal! Cuidado ao contar pro papai”. Emm foi o único que me deu os parabéns. E o que Kate não sabia é que eu não tenho mais medo do nosso pai, sendo que não moro mais com eles oficialmente. Meu pai é um religioso praticante e para ele alguns valores simplesmente não combinam com o tipo de vida que levo. Eu acho que no fim das contas, ele vai ficar feliz em saber que vai ser avô, já que ele não esperava isso de mim tão cedo. E então, me assustei novamente quando o tom da voz de Bella subiu consideravelmente.

— Como é que é, Alice? ... O Jasper disse o que? ... Ah ele quer falar comigo? ... Oi, Jasper... Eu não te contei porque eu queria contar para Edward primeiro, e Alice só ficou sabendo por que minha vó pediu que ela trouxesse um teste de gravidez quando ela viesse... Não, ela já estava a caminho daqui, por isso esse pedido... Poxa, isso não é justo, Jasper... O que você esperava? Que ficasse solteira para sempre? Você é... Você não pode dizer essas coisas... Ele está aqui do meu lado, não é da maneira como você pensa, ele... Eu amo Edward demais e tenho certeza que ele também me ama... — e Bella começou a soluçar. Eu comecei a ficar puto com esse tal de Jasper. — Edward, Jasper quer falar com você. — ela disse me estendendo o telefone.

— O que você quer, cara? — eu já perguntei logo para intimidá-lo.

— Você vai ficar ou vai fugir Edward? — eu senti a raiva em sua voz no modo como ele praticamente cuspiu o meu nome. — O que eu quero saber realmente é o que te difere dos outros 99% dos caras que querem apenas se aproveitar dela e sumir no dia seguinte? — que grosseria! Eu não entendo essa reação super protetora dele. Na verdade, eu até entendo, mas eu não sei a razão dele agir assim.

— Eu não vou a lugar nenhum, Jasper! Eu a amo e ela está comigo, por tanto não cabe mais ninguém nessa história, ouviu bem? Isso é entre ela e eu.

— Acontece que eu não confio facilmente em estranhos, especialmente se o estranho em particular é um ator cheio de lábia feito você. Eu a conheço há mais tempo que você, e estou realmente preocupado com ela, pois ela passou um bom tempo sem estar ou gostar de ninguém e de repente, você surge e ela está apaixonada e grávida. Então, se ponha no meu lugar e imagine o que eu estou sentindo? Ela é uma pessoa importante para mim, cara, você entende isso? Eu não quero ver minha amiga grávida e descalça. — ouvir isso de um sujeito tão marrento feito o Jasper me desarmou. Mas eu ainda estava puto com ele por se achar no direito de agir como se ela fosse dele ou algo assim.

— Ela não está grávida e descalça. Ela não vai ser mãe solteira ponto e acabou! Eu estou te dizendo que eu realmente a amo e estou gostando muito da ideia de ser pai. Se você se preocupasse tanto quanto diz, não estaria fazendo ela chorar. Ela está chorando enquanto a gente tem essa conversa, você sabia? Por acaso eu preciso lembrá-lo de que deve ter cuidado com as palavras porque ela está com as emoções a flor da pele? — tive a impressão de que ele praguejou baixinho do outro lado da linha. Jasper e seu horrível sotaque texano. Quase não entendo o que ele diz. Olhei para Bella novamente, e ela estava limpando o rosto me encarando de forma direta. Parecia com raiva do fato de eu ter dito que estava chorando.

— Passe o telefone para ela novamente? — seu tom de voz estava mais suave.

Eu nem respondi, entreguei o telefone a Bella sentando-se ao seu lado apenas me certificando de que se outra discussão explodisse, eu estaria ali para confortá-la.

— Tá bom, Jasper... Não se preocupe... Eu não estou não... Não precisa... Até amanhã, tchau!

Bella colocou novamente o telefone sobre o criado-mudo, e eu passei meu braço ao redor de seus ombros, a envolvendo e trazendo seu corpo para mais perto. Estávamos sentados à beira da cama. Os pés dela balançavam levemente para trás e para frente. Ela tinha parado de chorar, mas ainda fungava de vez em quando. Eu estava surpreso com o comportamento de Jasper. Será que era sempre assim? Ele agia como se fosse ao mesmo tempo, amigo, irmão, marido, pai... É muito estranho, pois eu não ajo assim com minhas melhores amigas e nem mesmo com a minha irmã.

— Bella? — ela virou a cabeça para o meu lado. — Por que Jasper age assim com você?

— Assim como? — ela parecia realmente não entender o que eu quis dizer.

— Como se fosse você fosse dele ou sei lá. Eu não sei como explicar, mas sinto que há algo que você não está me contando. Tipo há algo mais por trás daquela história que vocês contaram no bar. Só isso explicaria esse comportamento estranho que ele tem com você. Veja, o seu amigo Ben não age dessa forma com você e ele também é seu amigo.

Bella se desvencilhou de meus braços e deitou-se na cama olhando diretamente para mim.

— Eu acho que cada um tem um jeito próprio de lidar com as amizades. No entanto, eu te digo que você não deve se preocupar com Jasper, pelo menos não no sentido dele ser uma ameaça ao nosso relacionamento. Mas numa coisa você está certo: tem algo que eu não estou te contando mesmo. É algo que eu prometi a mim mesma e o fiz prometer também, que enterraria bem fundo e não é algo que eu gosto de trazer à tona. — ela bateu na cama num convite claro para que eu deitasse ao seu lado. — Eu vou te contar tudo sobre como começou realmente a minha amizade com Jasper, mas eu só vou fazer isso porque eu quero você entenda e porque eu prometi a você te dizer sempre a verdade.

Eu deitei ao seu lado me sentindo angustiado de repente.

Será que eu ia querer saber toda a verdade mesmo?

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