sábado, 18 de janeiro de 2014

Serendipity - Capítulo 14



Depois que eu falei com Emmett, no dia do incidente com os repórteres, eu liguei para Jane e pedi que fizesse contato com o escritório de advocacia que sempre nos atendia. Tanto minha agente quanto minha assessora de imprensa mostraram um pouco de preocupação com Bella, pois se não o fizessem, eu ficaria ainda mais chateado. Afinal, ninguém é tão frio que não possa demonstrar um pouco de solidariedade, mesmo não sendo um sentimento sincero. Minha agente ainda pensava que dividir meu tempo entre a Alemanha e Los Angeles era uma coisa difícil e poderia atrapalhar possíveis contratos futuros. Eu por outro lado, achava que se eu tenho uma agente e é ela quem é responsável por conseguir contratos, eu não precisaria me preocupar com o lugar onde eu viveria. Pois Jane é competente e recebe muito bem pelo trabalho que faz.

Nas semanas seguintes, sem conseguir resistir, eu passei a acompanhar Bella pelas fotografias dos sites de fofoca que insistiam em persegui-la pelas ruas de Berlim. E eu já estava começando a achar estranho o fato dos paparazzi não deixavam o assunto morrer, pois Emmett já tinha ido embora e nem quando eu estava com ela, eles nos perseguiam desse jeito. Porém o que me chamou a atenção mesmo foi o rapaz que a acompanhava em muitas das fotos tiradas e em dias diferentes.
Seria esse o tal do Tom? Tom... que raio de nome é esse? Thomas, talvez? Thomas... lembra o gato da dupla Tom e Jerry. Não me importo que ele tenha o nome de um gato de desenho animado, desde que o Jerry não seja a Bella.
Sorri levemente com o rumo dos meus pensamentos. Acho que me lembro desse cara, ele faz parte da banda onde Bella cantava. Agora me lembro bem dele, sempre olhando para Bella como se ela fosse sua sobremesa favorita. Com certeza era mais um na longa lista dos que só estão esperando eu pisar na bola.
[…]
Na semana seguinte, eu gravava até a exaustão e voltava para o hotel ansioso pelas ligações de Bella no Skype. Conversávamos até ficarmos cansados. Mesmo com a grande diferença entre nossos fusos horários, nunca desanimávamos. Meu amor por minha futura família só crescia e meu remorso também. Afinal, eu nunca estava presente ao lado de Bella e isso estava me preocupando muito. Eu teria que tirar férias no segundo semestre do próximo ano se eu quisesse me dedicar a minha família e tentar me reconciliar com meu pai. A saudade que eu sentia de visitar meus pais, passar um tempo com eles, ajudar na mercearia se intensificaram com a proximidade do natal. Seria o primeiro natal que eu não passaria em Dublim. Eu não poderia ver Kate e celebrar o seu noivado.
No meio da semana, eu tive uma entrevista no Late Show. David Letterman fez perguntas sobre as gravações e sobre meus projetos futuros, também fez perguntas que insinuavam algo entre eu e Rosalie, na certa, tentando me pegar desprevenido. Depois me perguntou sobre a misteriosa morena grávida com quem eu e meus amigos costumávamos a ser vistos em fotos. Eu saí pela tangente e aproveitei o intervalo do programa para lembrar o apresentador e a produção do programa, que eles precisavam seguir a lista de perguntas que eu tinha entregado anteriormente. Eu não falaria sobre Bella ou qualquer assunto relacionado a isso, mesmo que todos soubessem seu nome completo e onde morava.
Voltando do intervalo, Letterman fez algumas perguntas engraçadas e que fez o público rir, mas eu não consegui entrar no clima e nem fingir. Por dentro eu estava puto com as perguntas de antes e isso não ia passar tão cedo. Sorte dele que não me perguntou se o filho de Bella era meu, pois se o tivesse feito, eu teria levantado e ido embora.
Mais tarde, já no meu quarto de hotel, enquanto eu me arrumava para ir jantar com Rose na casa de seus pais, recebi uma ligação de Kate.
— Ei, maninho, como você está? — pela sua voz, pude notar que ela estava entusiasmada.
— Eu estou bem! Aliás, parabéns pelo noivado. Eu sei que seu noivo e eu tivemos nossas desavenças, mas pra mim isso é passado. Garrett sempre foi meu amigo e fico feliz que ele seja meu cunhado muito em breve.
— Eu fico mais feliz ainda de ouvir essas palavras, Edward, porque você também é importante para mim. — ela suspirou profundamente antes de continuar. — E quem disse que será muito em breve? Ainda vamos decidir a data.
— Não vá fazer como Bella e eu e encomendar uns netos antes da hora, hein? Acho que papai vai ter um infarto. — eu ri, porém sem humor. Ainda estava chateado com o fato de nosso pai não falar comigo, sequer fazia menção de querer uma aproximação.
— Eu tentei te avisar sobre a reação de papai. Eu já imaginava que não seria das melhores quando ele descobriu que você estava namorando através de fofocas de jornal. Depois me perguntou sobre essa namorada que você precisava tanto esconder da imprensa. Eu não pude mentir, mas também não dei maiores detalhes. E ele ficou ainda mais chateado quando mamãe deixou escapar que já sabia que você tinha uma namorada nova.
Tive que ponderar sobre o que minha irmã disse por alguns segundos. Eu não sabia que a decisão de meu pai tinha sido tomada durante tanto tempo. Achei que tinha sido algo do momento. Pelo visto, ele tinha pensado bastante antes de decidir conversar comigo.
— Eu estaria mentindo se dissesse que estou bem com tudo isso. Eu sinto a falta dele. Com mamãe, eu falo de vez em quando, quando ela liga ou quando eu ligo de manhã. Me dói pensar que nesse natal, nós não vamos estar reunidos mais uma vez, como em todos os anos.
— Eu sinto muito, Edward! Se você quiser, eu posso falar com o papai a seu favor.
— Não faça isso! Vai estragar o seu natal e o clima não vai ficar legal depois disso, vai por mim.
— O clima já está estranho de qualquer maneira, porque você não vai estar aqui. E dias atrás, mamãe discutiu com papai sobre o fato dele ter proibido você de visitá-los sendo que a casa não é só dele e então ele não pode decidir isso sozinho.
— Mais um motivo para que eu não vá. Vai ficar o maior climão. Papai com cara de poucos amigos e mamãe se esforçando para agradar. Além do mais, eu preciso ficar com Bella, pois ela não vai ter ninguém para passar os períodos de festas com ela.
— Como está Bella? Se não me engano, ela deve estar com quase 5 meses, não é?
— Sim, segundo sua médica, ela completou 5 meses com 22 semanas e 1 dia e agora ela está com 23 semanas e alguma coisa. É um menino, Kate! Bella escolheu um nome: Noah.
— Nossa! Como o tempo voa, pois na última vez que eu a vi, eu só desconfiava que ela estivesse grávida. E ela nem está tão longe assim. A Alemanha é logo aí para quem está na Europa. Tenho que visitá-la.
— Ela vai adorar, Kate, acredite! — eu olhei para meu relógio de pulso e vi que se eu não corresse, chegaria atrasado ao jantar. — Kate, desculpe, mas eu tenho que ir. Fui convidado para um jantar na casa dos pais de Rose e não quero me atrasar.
— Tudo bem, não se preocupe. Eu ligo para você uma outra hora, então. Beijos e boas festas!
— Pra você também! Beijos e tchau!
[…]
Depois do jantar, Rose e eu estávamos sentados na sala de TV do apartamento que nos dava certa privacidade. A cozinheira da mãe de Rose era tão fabulosa quanto eu me lembrava. Mas nada se comparava a comida de Bella. Eu estava morto de saudades da minha morena, cada vez mais linda na minha memória.
Afundei na poltrona branca confortável de frente para uma mesinha de centro cheia de revistas de decoração. Rose sentou-se em outra poltrona de dois lugares que ficava ao lado da minha, mas encostada na parede de frente para televisão.
— Então, Edward, agora que sabemos que Bella está bem, eu estou curiosa sobre uma coisa. — Quando Rose não era curiosa?
— Sobre o quê? — agora quem estava curioso era eu.
— Eu soube que você vai emendar outro trabalho depois deste, como vai fazer para passar um tempo com Bella, já que o próximo projeto será mais extenso?
— Eu ainda não conversei com Bella sobre isso e eu espero que ela entenda. É que eu já tinha assinado esses contratos antes de saber que ia ser pai e que ia praticamente me casar, se é que podemos chamar de casamento o meu relacionamento.
— Eddie, você sabe que sua namorada está grávida e sozinha numa casa muito grande pra ela. Sabe o que o Emm me disse? Que ela parecia abatida e que apesar de não demonstrar, ela parecia solitária. Mesmo você dando todo o suporte, eu imagino que deve ser difícil cuidar de tudo quase sozinha numa primeira gravidez. — Rose aproximou-se mais de mim e olhou nos meus olhos. — Nós somos artistas e celebridades e como tal, aprendemos a ignorar a opinião de repórteres e afins, mas Bella não é uma celebridade. Apesar de artista, ela não está preparada para a opinião que o público e mídia fazem a respeito dela. Toda a perseguição será muito mais assustadora se ela estiver sozinha para enfrentar isso.
— Rose, eu não quero parecer rude, mas onde você quer chegar?
— Sabe? Na minha última entrevista, me perguntaram que se eu sabia da possibilidade de você ser pai do filho de outra mulher. E eu nem preciso ser vidente para saber que futuramente eles não vão ser tão suaves. Pode ser que a curiosidade crie extraordinárias estórias ou as piores das calúnias e ofensas. Agora você está entendendo onde quero chegar?
Não respondi de imediato. Rose é minha amiga, mas ás vezes a sua sinceridade é objetiva demais. Entretanto ela está certa! Eu não tinha parado para pensar em como Bella estaria reagindo a tudo isso. E então eu lembrei da conversa que tive com minha assessoria de imprensa e do conselhos que eles tentaram me dar, mas eu ignorei. Eles queriam traçar algumas estratégias para a mídia, e uma delas era justamente ser discreto até eu estar quite com os estúdios da saga Heróis.
— Pra dizer a verdade, eu não tinha pensado por esse lado. Eu estou tão cheio de coisas pra fazer que mal tive tempo para reparar em Bella, ainda mais à distância. E o pior é que ela não pode me acompanhar nos sets de filmagens porque ela tem uma carreira paralela.
— Bella está mais sensível agora e isso significa ser mais delicado ao conversar certos assuntos, Edward. Tente dar toda a atenção que você puder quando for visitá-la. Da minha parte, eu posso passar duas semanas com ela quando eu terminar uma dublagem que tenho em Janeiro. Eu já tinha tocado no assunto quando liguei para ela há algumas semanas atrás.
— Isso seria ótimo! Tenho certeza que ela vai adorar isso. Eu também espero que pelo menos Renné a visite. — foi então que minha postura controlada cedeu. — Olha, Rose, eu ando muito angustiado desde que comecei a trabalhar assim direto. Eu estou me sentindo miserável de não poder dar à Bella nada além de algumas vídeos chamadas e suporte financeiro. Eu não sei o que fazer. Já pensei até em me casar em segredo.
— Não é uma ideia ruim, mas cheia de poréns...
Eu resolvi não estender o assunto, porque por mais que Rose fosse minha amiga e tivesse boas intenções, eu não precisava que me lembrasse o que mais me angustiava em todos os assuntos relacionados a Bella.
— Rose, mudando de pau pra cavaco, você conhece a Victoria Preston? É que nós temos um projeto em comum e eu conheço quase todos do elenco principal menos ela.
— Humm... — Rose coçou o queixo numa expressão pensativa. — Nos esbarramos no camarim de um talk show ano passado e conversamos um pouco, mas não nos tornamos as melhores amigas. O que se houve falar é que ela sempre se envolve, ou pelo menos tenta se envolver, com os seus colegas de trabalho. Você sabe que eu não gosto de fofocas, Eddie, porém não se pode proibir as pessoas de falar. Eu não posso afirmar e nem negar porque não sei se isso é verdade.
— Só perguntei porque o importante para mim é que ela seja uma pessoa legal de trabalhar. Você sabe que um ambiente de trabalho onde os colegas sejam insuportáveis acaba com saúde emocional de qualquer um e eu já ando bastante desgastado. Agora, se ele só for do tipo que dá em cima dos outros, por mim tudo bem, pois isso eu posso resolver com as duas mãos nas costas.
— Se você diz... — Rose disse com um sorriso malicioso nos lábios.
— Não da maneira como você está pensando, Senhorita Hale. — eu sorri sem conseguir resistir à piada não dita.
[…]
Cheguei na Alemanha por volta das 8 da manhã, mas devido ao mau tempo demorei mais de meia para conseguir sair do aeroporto e mais meia hora do aeroporto até em casa. Jesus! Berlim era muito mais fria que Dublim. E definitivamente, eu não sou uma pessoa do inverno. Seria totalmente compreensível se Bella estivesse deprimida.
Abri o portão de casa e tudo estava bem silencioso. Olhei para a porta de vidro do nosso quarto e as cortinas estavam bem fechadas. Com certeza Bella ainda estava dormindo. E se eu pudesse, com esse clima frio e paisagem cinzenta, faria o mesmo. Eu tinha colocado o mesmo perfume que usei na primeira noite que passamos juntos. Imaginei que ela não estaria mais se sentindo enjoada com cheiros, mas não tive certeza até debruçar sobre ela na cama para acordá-la. Ela tinha me dito que esse perfume ficou grudado nas roupas dela mesmo depois de limpas e que ela amou. Eu nem sou muito fã de usar perfumes, mas uso 1 million apenas por causa dela, senão, estaria dentro da minha parte do guarda roupas esquecido como os outros produtos promocionais que eu ganho para divulgar.
Rocei meu nariz em sua bochecha antes de beijá-la. Ela se mexeu um pouco gemendo baixinho. Então beijei seu pescoço e ela me abraçou de surpresa me beijando. Apesar dela ter acabado de acordar, ela cheirava tão bem... era como a própria primavera no meio daquele clima invernal.
Ela costumava a dizer que eu a fazia perder a cabeça, mas agora quem não conseguia pensar era eu. Só consegui despi-la e ela a mim. Eu tive que olhar com mais cuidado para o seu corpo, meio que memorizando os detalhes porque seriam longas semanas sem nos vermos novamente depois do ano novo.
— Edward! — ela arfou enquanto eu fazia o caminho de seus seios até seu ventre lentamente. Sua barriga bem redonda a deixava mais linda ainda, como se isso fosse possível.
— Bella, eu senti tantas saudades de você... — eu disse enquanto beijava sua virilha agora com alguns poucos pelos. — Eu senti falta disso. — eu beijei mais abaixo e ela instintivamente abriu as pernas para mim. — O seu cheiro... hummm... — eu gemi de satisfação por não ser um sonho.
— Eu preciso de você, amor. — ela sussurrou entre os gemidos.
[…]
Estávamos deitados ainda nus em nossa cama sob um grosso cobertor. Bella estava em meus braços e eu beijava seus cabelos de vez em quando, sentindo algo de baunilha e caramelo em seu shampoo. Isso me fez lembrar que só tomei um chocotino antes de embarcar ainda em Nova York.
— Para mostrar que não sou um mal educado completo, como você tem passado? — eu perguntei fingindo desagrado em minha voz.
— Humm... será que você merece uma resposta honesta? — Bella disse com fingida presunção. — Eu tenho ido bem, obrigada, e você?
Eu toquei seu queixo fazendo com que olhasse para mim e para que eu pudesse ver se ela estava falando a verdade.
— Não sei não...você parece cansada. — eu disse passando meu dedão levemente sobre suas olheiras. — E eu sinto muito por isso. Você anda carregando muita coisa sozinha ultimamente.
— Não foram muitas coisas realmente. Foi a conclusão do trabalho final e a formatura há algumas semanas que me cansaram muito e depois uma exposição minha e uma exposição histórica, ou seja, trabalho. É desgastante, mas paga as contas, meu amor. — ela me beijou e sorriu logo em seguida.
— Bella, você precisa descansar um pouco também. Lembre-se que você está grávida e nem é preciso trabalhar tanto assim, pois eu posso bancar as despesas enquanto você estiver grávida, pelo menos.
— Edward, você sabe que não gosto de ser sustentada, prefiro dividir as coisas. E também, eu não fui às exposições. Eu catalogo e mando para as galerias. Que é um processo muito mais estressante do que ir pessoalmente, devo admitir. As transportadoras são difíceis e eu preciso de uma especializada em objetos de artes. Por isso pareço mais cansada do que o normal já que preciso passar mais de quatro horas no telefone e outras tantas no computador organizando tudo à distância. E dessa maneira eu tenho pagado metade do aluguel e comprado coisas para o bebe.
— Metade do aluguel? — era muito dinheiro. Fiquei atônito. — E o que aconteceu com a outra metade do dinheiro do aluguel? — não que eu me importasse, mas fiquei curioso em saber para onde estava indo o dinheiro que eu depositava todo mês na nossa conta conjunta.
— Ainda está na conta acumulando. Se você parar para pensar, não é uma ideia tão ruim assim deixar lá.
— Só me promete que não vai se esforçar além do que você pode aguentar. — eu ergui um pouco meu corpo, setando e recostando na cabeceira da cama. Trouxe o corpo de Bella para perto do meu fazendo sua cabeça recostar no meu peito, mas de uma maneira que eu pudesse olhar melhor para seu rosto.
— Tudo bem! Você tem razão, eu não posso me esforçar demais.
— Bella, me fala sobre esse seu novo amigo, Tom. — fiz o meu melhor para disfarçar o ciúme que eu sentia desse cara.
— Você não tem motivos para sentir ciúmes. — Bella acariciava meu peito de leve. Ela me conhecia bem. — Tom é um amigo e nós nunca tivemos nada.
— Mas ele bem que queria ter. — seu rosto olhava para cima de frente. Eu pisquei rapidamente para ela.
— Tenho certeza que Tom respeita o fato de eu estar namorando e estar grávida, Edward. Ele me ajudou muito nessas últimas semanas e ele é o tipo de cara amigos dos amigos dele. Tom é uma boa pessoa e eu tenho uma dívida com ele.
— Dívida? — olhei para Bella para vê-la morder os lábios como se ela sentisse que tinha falado demais.
— Foi algo que aconteceu e agora está morto e enterrado. O que interessa é que Tom evitou um desastre e por isso eu serei eternamente grata. — ela começou a beijar meu peito, sugou meu mamilo esquerdo e suas mãos acariciavam minha nuca. — Esqueça isso, amor.
— Não! — eu segurei seus ombros para que ela parasse. — Eu quero que você me diga. Prometemos um ao outro que nunca mais esconderíamos segredos. — olhei em seus olhos de forma penetrante.
— Algumas semanas antes da vinda de Emmett e antes da formatura, eu tive que entregar uma encomenda no alojamento da universidade e quase fui estuprada por um tarado que morava lá. Tom o impediu de ir mais longe e aquilo me assustou pra caramba. Fiquei algumas semanas ainda aterrorizada e cheguei a dormir algumas noites no apartamento de Alice e outras vezes ela e Jasper vinham dormir aqui. Tom dormiu aqui na noite em que isso aconteceu, depois de termos dado queixa e ele acompanhou pessoalmente o desenrolar do caso.
Fiquei sem palavras por causa da raiva crescente dentro de mim.
Por que ela escondeu um fato tão terrível de mim?
— Por que você não me disse isso antes? — eu ainda não conseguia entender. — Por que, Isabella?
— Porque você não poderia fazer nada além de se preocupar. Você estava muito longe para resolver alguma coisa e esse cretino foi preso porque outras vítimas o denunciaram também. Até onde eu sei, ele continua preso porque seus crimes foram considerados crimes em série. Um das vítimas engravidou, o que agravou o caso dele.
— Bella, isso é uma coisa muito grave para você manter para si mesma.
— Edward, me responda sinceramente agora: o que você poderia ter feito lá de Manhattan que nós já não fizemos aqui mesmo? Sabe o que aconteceria? Você ficaria preocupado e desconcentrado e o seu desempenho seria desastroso. E pior, você não poderia resolver nada de lá. Isso te frustraria.
— Mas o que me incomoda é que você não ia me dizer nunca.
— Eu diria eventualmente.
Eu bufei. Minha raiva não estava cedendo nem um pouco. Nem mesmo ao olhar naqueles olhos castanhos e amendoados.
— Tem algo mais que você anda me escondendo? — meu olhar era incisivo.
Ela não respondeu de imediato. Parecia estar ponderando sobre dizer ou não. E então ela me encarava para em seguida olhar para baixo novamente.
— Edward, eu... — ela ergueu sua cabeça até seus olhos encontrarem os meus. — … eu preciso confessar uma coisa... eu não sei se consigo aguentar toda essa pressão que a mídia faz em cima de mim, de nós e do nosso filho. Eu tento parecer indiferente e eu sei que você nem percebe o quanto isso me afeta, mas eu ando bastante cansada disso. Eu evito ler notícias sobre mim, porém ás vezes isso é inevitável. Algumas pessoas tem terríveis opiniões sobre mim, sobre nossa relação. Existem até especialistas em celebridades com teorias mirabolantes sobre nós. Só não é pior porque eu vivo aqui na Alemanha e as pessoas aqui não são assim tão loucas por celebridades quanto nos EUA ou até mesmo no Brasil.
— Bella, você está indo muito bem. Até agora, você tem vivido sua vida da forma mais normal possível e isso é muito chato para a imprensa, pode acreditar. Eles querem escândalos e celebridades que fazem barraco, que vão pra balada para aparecer. Eles podem estar tirando fotos de você agora discretamente, mas isso vai diminuir e parar com o tempo porque pessoas normais, com vidas normais, não vendem revistas.
— Você tem razão! Eu me sinto agora como uma criança reclamona. Afinal, eu sabia que poderia ser assim quando aceitei namorar com você.
— Eu te amo, Isabella Swan! Só tente não esconder mais nada de mim. — eu a beijei trazendo-a para mais perto.
[…]
Durante a semana, Alice vinha quase todos os dias depois do trabalho ficar com a gente, pois se sentia sozinha em seu apartamento depois que Jasper disse não poder voltar para o natal. Agora talvez, ele me entendesse um pouco mais. Ele trabalharia mais que eu neste fim de ano. Gravação de álbum em estúdio podia tão extenuante quanto as gravações de um filme.
Na semana seguinte que já era a semana de natal, eu fiz algo que eu sabia que Bella ia gostar muito e eu também, pois não podia passar com minha família na Irlanda, mas poderia desfrutar da família de Bella, pelo menos. Antes de vir para a Alemanha, eu tinha combinado com a vó de Bella que eu pagaria sua vinda para nos visitar como uma surpresa de natal para Bella. Expliquei, sem grandes detalhes, que houve um desentendimento entre minha família e eu, e seria muito importante que ela viesse passar o natal conosco, pois estávamos sozinhos na Alemanha.
Então numa atípica manhã ensolarada, eu saí de casa dizendo que iria até uma padaria comprar alguns berliners¹ e donuts, mas na verdade eu estava indo buscar Marie no aeroporto. Eu não era tão bom em alemão quanto Bella, mas o básico como comprar coisas, chamar um táxi e explicar endereço, eu sabia. Não demorou muito para encontrar Marie no desembarque e ajudá-la com as malas. E claro, eu não podia me esquecer de passar mesmo em uma padaria antes de ir para casa, pois ai de mim se Bella não tivesse seus berliners de framboesa.
O tempo parecia voar desde que Marie e Bella se reencontraram. As duas viviam tendo longas conversas entre o preparo das refeições para a Ceia de Natal e a arrumação da casa para receber os convidados. Não seriam muitos, já que Jasper não estaria aqui conosco e nem mesmo Emmett ou Rose, mas o que me surpreendeu foi que Tom tinha ligado mais cedo e perguntado se poderia incluir um convidado de última hora, que na realidade era uma mulher. Não sei se ele fez isso para não se sentir sozinho, ou para confirmar o que Bella sempre dizia, que eles eram apenas amigos. Porém o que mais intrigava era o fato dele preferir passar o feriado com seus amigos do que com sua família. Será que ele, assim como eu, também estava brigado com meus familiares?
Tomei meu banho e tentei não exagerar enquanto beliscava os triângulos do toblerone que Bella havia me dado quando cheguei aqui há alguns dias. Eu estava sentado na cama, meus pés descalços e a minha camisa ainda desabotoada, apenas saboreando um bom chocolate e me acalmando para a noite que ainda estava por vir. Bella já tinha se arrumado e estava na cozinha terminando um assado do qual eu senti somente o cheiro o dia inteiro. Olhei pela janela que dava para o uma parte do quintal e estava nevando bem devagar, logo o gramado desbotado ficaria totalmente coberto de branco.
Como eu percebi que ninguém ia entrar no quarto e que os demais tinha se esquecido de mim, guardei meu toblerone no criado mudo do meu lado da cama e comecei a abotoar minha camisa que decidi deixar para fora da calça. O jeans seria o mais batido possível porque eu não ia me arrumar todo só para ficar em casa entre entes queridos e nos pês, sandálias fechadas de couro que aceitavam bem minhas meias pretas.
Quando eu estava saindo do quarto, escutei vozes no corredor e abri só uma fresta para saber quem e onde conversavam, e vi que estavam ainda sob o arco que saia na sala, Tom e Marie, que pareciam alheios ao fato de que mais alguém poderia estar presenciando a conversa. Eles não estavam falando alto, mas mesmo assim eu decidi apenas apagar a luz do quarto e espiar pela pequena fresta.
— Bella é uma pessoa incrível! É uma das pessoas mais corajosas que eu conheci. — Tom dizia de costas para mim e era uma pena que eu não pudesse ver para onde ele olhava.
— Ela é sim! Os membros da nossa família parecem sempre serem desafiados pelo destino a serem corajosos. — Marie disse num usando um tom de camaradagem que ela não tinha nem comigo. E de repente, depois de alguns segundos de silêncio, Marie faz uma pergunta que se não matou o pobre rapaz de vergonha, com certeza mataria a mim de raiva. — Você gosta dela, não é? Eu digo, de verdade, pra valer!
Tom ficou em silêncio por mais alguns segundos que pareciam intermináveis. Porém quando voltou a abrir a boca não foi para responder o que eu queria ouvir.
— Ela parece feliz, então isso é que me importa pra mim. — o silêncio dele confirmava o que Marie queria saber e sua resposta dizia tudo. O cara amava mesmo Bella e era o tipo de amor que eu nunca entenderia. Amor platônico.
— Apesar de não ser correspondido, meu jovem, seus sentimentos são os certos. Querer que alguém seja feliz mesmo que não seja ao seu lado é o verdadeiro amor. O resto é fogo de palha. — Marie disse e eu concluí que ela não gostava muito de mim. Ou melhor, que ela achava que eu não amava sua neta o suficiente, que eu não era bom o bastante. Ela não está errada em querer o melhor para a Bella, mas eu também quero o que é melhor para ela.
Depois que Marie e Tom resolveram ir para sala, eu saí finalmente do quarto e ao passar pelo arco, Alice se aproximou entrelaçando nossos braços, toda sorridente.
— Nossa, que perfume delicioso esse? Eu tenho que dar ao Jasper algo assim já que ele só usa loção pós barba. Se importa de me dizer o nome? — ela tinha perguntado tudo isso em menos de dez segundos.
— Eu acho que 1 million do Paco Rabane, mas para ser sincero, eu ganhei quando divulguei o perfume. Também não sou muito ligado nessas coisas. — nós continuávamos andando em direção aos sofás.
— Ah, vai, corta essa! Se você não fosse ligado nessas coisas não estaria usando o perfume tantas vezes, pois eu já senti esse cheiro antes em você. — Alice tinha um ponto.
— Tá, eu confesso que comecei a usar porque Bella gosta muito, mas depois eu mesmo passei a gostar. — eu acabei de falar e Alice sorriu para mim como um gato de Cheshire². Não, seu sorriso conseguia ser ainda maior e mais presunçoso do que a do gato de Cheshire.
— Viu? Não doeu nada ser sincero. — ela piscou para mim e eu tive rir com ela.
Sentamos no sofá e logo fui apresentado a uma moça loira que eu nunca tinha visto antes, então presumi ser a acompanhante de Tom. Era bonita, mas um tipo mion, de cabelos não muito cheios e olhos azuis desbotados. Um tipo comum. Eu tentava ignorar o olhar insistente dessa moça em cima de mim conversando com Alice e Marie, entretanto confesso que isso já estava começando a me incomodar.
Quando Alice e Marie saíram para ajudar a arrumar os pratos na mesa, essa menina veio sentar-se ao meu lado sem ser convidada, na maior cara de pau. Ela disse que se chamava Irina e eu me perdi por um momento pensando sobre a origem de seu nome. Irina tagarelava sobre coisas fúteis e ás vezes me perguntava curiosidades sobre minha carreira enquanto eu me perdia ainda mais nos meus pensamentos, direcionando a ela sorrisos educados de vez em quando para não parecer totalmente indiferente. Porém, fui tirado de minhas conjecturas com uma pergunta que me surpreendeu.
— Então, Edward, você é casado? — Será que ela era cega ou o quê? Será que eu não estava claro que eu estava com Bella? Eu pensei espantado com a inteligência exótica da moça ao meu lado. Como eu responderia essa pergunta?
— Não, mas pretendo um dia me casar. — Pronto! Enigmático o suficiente.
— Que bom! Eu pensei que você estivesse com Bella, mas estou feliz que não esteja já que ela e Tom preferem passar o máximo de tempo juntos. — Ela estava com ciúmes do amigo ou namorado, não sei bem o que eles eram.
— Mas quem disse que Bella e eu não estamos juntos? Essa casa é nossa. — Que mulher mais venenosa...
— Juntos? Juntos como? Como roommates? — Irina se aproximou mais de mim fazendo beicinho para parecer sexy. Jesus! Meu reservatório de paciência estava quase no fim.
— Por que você quer saber? Por acaso você me viu perguntando que tipo de relação você e Tom tem ou algo mais pessoal? — Eu, hein! Que falta de educação ficar perguntando coisas pessoais quando não se tem intimidade...
— Desculpe, eu só estava curiosa, afinal sua amiga está grávida e eu começo a me perguntar se Tom seria o pai dessa criança, aliás, é uma pergunta que a família dele faz o tempo todo.
— Olha, Irina, se você fosse alguém mais próximo eu diria para você e para a família do seu namorado que perguntassem a Bella, mas como você não é, eu vou te dizer uma coisa que você não notou: você só foi convidada porque Tom que é amigo de Bella pediu como um favor. Lembre-se de que deve respeitar o fato de ser apenas uma convidada aqui.
Levantei- me e fui até a mesa encher mais uma vez o meu copo de vinho. Pelo jeito, a noite ia ser longa. Eu olhei ao redor da sala procurando por Bella e ela estava na cozinha conversando com o Tom. Eu não era tão paranoico, afinal. Todos podiam ver o quanto o rapaz era interessado nela. E isso matava a tal de Irina de ciúmes. Ciúmes e um pouco de inveja de Bella. Esses são dois sentimentos que se combinados fazem um belo estrago. Calúnia e difamação fazem parte desses estragos.
[…]
— Bella, eu preciso te pedir uma coisa. — Eu estava sentado na cama desabotoando minha camisa.
— Pode falar. — Bella estava se despindo de costas para mim. De costas, ela parecia não estar grávida. Suas curvas ainda estavam no mesmo lugar.
— Você já formou em seu mestrado e eu presumo que você não tem grandes planos para o futuro. Que tal se você vier ficar comigo durante as filmagens do próximo filme? Só ficar não, eu quero dizer viver para sempre comigo.
Bella se virou para mim com os seios nus e uma cara engraçada de espanto.
— Edward...eu adoraria, mas acho que você não percebeu que eu estou trabalhando aqui. Não foi nada planejado, pois as coisas foram meio que acontecendo e agora eu tenho 4 exposições para cuidar. Um delas é coletiva o que vai me manter ocupada por algumas semanas. — ela caminhou e parou bem na minha frente, pegou meu queixo e fez com que eu a olhasse de baixo. Me esforcei para desviar meus olhos de seus enormes seios. — Edward, essa proposta não tem a ver com a minha amizade com Tom, ou tem?
— Pra ser sincero, eu já vinha pensando nisso há muito tempo. — Droga, ela me conhece tão bem... — Bella, eu fico muito preocupado com você aqui sozinha. Eu sei que você tem seus amigos, mas eles não vão ficar aqui pra sempre. Mesmo que você pense que não é responsabilidade minha cuidar de você, eu discordo totalmente, ainda mais quando há um filho nessa equação. Pelo menos ele é nossa responsabilidade. — eu fiz com que ela sentasse ao meu lado. — Veja bem, nós já somos uma família, Bella, mesmo que não seja da forma tradicional e ao meu ver, uma família deve ficar junta.
Bella ficou me fitando com aqueles olhos castanhos mais escuros do que o normal. Ela estava pensando finalmente.
— Eu sei disso Edward. Mas de qualquer maneira, eu só vou poder viajar depois que o Noah nascer. Nenhuma companhia aérea vai me aceitar com quase 7 meses de gravidez. Mas eu juro que vou pensar nisso e até preparar meu marchand para uma possível mudança. Pode ser que ele me ajude a encontrar outro em algum lugar dos Estados Unidos. Não se preocupe, eu vou pensar nisso.
— Que bom que eu consegui ultrapassar a sua teimosia. — eu ri e ela riu e eu soube que ficaria tudo bem. — eu não resisti e toquei seus seios com as pontas dos meus dedos. — Dói se eu fizer isso? — eu tocava suavemente fazendo círculos ao redor dos mamilos. Bella fechou os olhos.
— Não. Está ótimo, continua... — ela disse entre gemidos.
[…]
Depois que voltei para Manhattan, as semanas passaram voando. Eu ainda conversava com Bella pelo Skype, Whatsapp e telefone, mas a saudade era uma coisa estranha porque mesmo que eu tivesse todos os recursos do mundo, eu ainda sentia muita falta dela. As semanas de festa de fim de ano foram tão boas para mim, tão reconfortantes. Poder dormir sentindo o corpo de Bella perto do meu, me aquecendo e me fazendo sentir amado, assim como sentir os chutes de Noah me fizeram perceber que eu não podia ficar longe deles por muito tempo mais. Eu não posso mais assinar contratos esse ano até resolver minha vida com Bella.
Quando eu estava de volta a Los Angeles, tive uma reunião de elenco com o diretor do próximo filme que eu gravaria. Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo porque eu estava emendando um trabalho mas esse seria o último por esse ano. Era um projeto complexo porque teria várias locações ao redor do mundo, inclusive na Alemanha, o que me agradou um pouco. O filme seria um suspense psicológico onde eu interpretaria um agente da CIA que precisa rastrear e interceptar uma ladra de informações governamentais confidenciais, papel que Victória interpretaria. Pelo o que eu entendi, tinham me dito que a escolheram para esse papel porque o personagem é a personificação da Femme Fatale. Eu teria que ver por mim mesmo, pois estava sentado há um bom tempo na mesa de reuniões do estúdio e tinha cumprimentado quase todos do elenco de coadjuvantes, do elenco de apoio, roteiristas e nada de Victória aparecer.
Será que era a típica “Diva”?
De repente, entra pela porta de madeira escura uma ruiva cheia de curvas com um rebolado que fez com que toda a parte masculina do local parar e olhar boquiabertos. Parecia até propaganda de shampoo pelo modo como seus cabelos cacheados e longos balançavam de um lado para o outro suavemente.
Só pode ser brincadeira...Não é à toa que a escolheram como símbolo de Femme Fatale.
Ela parou para cumprimentar, Robin, a atriz que viveria uma colega de trabalho no filme, e virou-se para mim me dando a visão de sua bunda em um jeans completamente colado no corpo, como uma segunda pele. Tinha o formato perfeito de coração ao contrário. Engoli em seco. Não, eu tinha que pensar na minha mulher que era muito gostosa também. Eu não acredito que eu estou de boca aberta babando por uma colega de elenco. E o pior é que o pequeno Edward se animou. Deve ser a abstinência, só pode! Eu peguei a pasta de script na mesa e coloquei na frente do meu rosto para me esconder e para que esquecessem de mim ali sentado. Mas eu não tinha tanta sorte assim. Victória parou bem atrás da minha cadeira para me cumprimentar antes de sentar. E eu não poderia levantar para apertar sua mão.
Merda!! Pensei já suando.

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