sábado, 18 de janeiro de 2014

Serendipity - Capítulo 15



Eu estava sentada no meu estúdio, em minha poltrona favorita, lembrando do jantar de natal há algumas semanas atrás. Foi uma surpresa agradável quando Edward arranjou a viagem da Vó Marie sem que eu desconfiasse. E foi muito bom tê-la por perto, poder abraçá-la e ouvir seus conselhos, suas impressões. Ela era sempre tão mais observadora do que eu. Tão detalhista... muito sincera, sincera demais!

Tom tinha vindo com uma acompanhante, uma garota loira e alta chamada Irina. Ele parecia meio envergonhado em trazê-la e eu posso imaginar o porquê. Acho que essa menina impôs sua presença e forçou um convite. Eu não me importei com isso, já que eu tinha feito um grande peru assado e uma guarnição farta. Vinho e sobremesa não iam faltar e eu duvidava que Irina fosse de comer muito. Parecia alguém que vivia de dieta já que era mais magra que Alice. Pois Alice não era alta o que fazia que seu peso fosse proporcional a sua altura. Já a acompanhante de Tom de tão alta evidenciava ainda mais a sua magreza.
Enquanto eu estava na cozinha tirando o pavê de bombom do freezer e colocando na geladeira, Tom se aproximou de mim por trás e por pouco não me assustou, pois eu estava mais atenta, já que a vassoura loira não satisfeita em se atirar em Tom, estava começando a lançar suas garras para cima do meu namorado depois de reconhecê-lo dos filmes. E o que me espantava era que Tom não parecia se importar, aliás, ele parecia estar sempre fugindo dela. Isso me fez lembrar que eu não sei muito sobre ele, mas eu for julgar pela reação de Irina, ele deve vir de origem abastada. Porque observando-o bem de perto, podemos ver que Tom tem maneiras refinadas à mesa, conhece bons vinhos, é discreto e anda sempre de maneira bem despreocupada.
— Bem que você podia tentar controlar a sua namorada. — eu disse sorrindo um pouco para que ele percebesse que eu estava brincando, mas eu estava mesmo era morta de ciúmes. Para me distrair, comecei a prepara utensílios para derreter chocolate.
— Ela não é minha namorada. Mas ela adoraria ser. Não, melhor, os pais dela e os meus adorariam que ela fosse. — ele disse sem me olhar, com uma expressão séria em seu rosto enquanto tirava o bolo do forno e o colocava em cima da bancada fria. Sempre muito gentil.
— Eu não sabia que ainda existiam casamentos arranjados. — eu quebrava os chocolates na panela banho-maria e olhava para ele de soslaio. — Aliás, você ainda não me disse o motivo de você não querer passar o natal com sua família. Eles estão fora da cidade?
Tom me olhou de maneira incisiva, talvez porque sabia que não poderia escapar ou ser evasivo dessa vez. Ele recostou-se na bancada ao lado do cooktop onde eu estava e cruzou os braços antes de começar a falar.
— Todos os anos, meus pais dão uma festa no dia 24 de dezembro. Apesar de não concordar com esse estilo nada tradicional dos meus pais, eu os entendo, pois nós viemos de uma linhagem muito antiga e todos foram políticos ou envolvidos com política desde o tempo da monarquia. Geralmente, eu só apareço no almoço mais íntimo do dia 25, pois eu quero estar com minha família e não com um bando de políticos e esnobes aqui de Berlim. Meu pai é conselheiro municipal e meu irmão hoje é secretário de relações exteriores do prefeito. Minha irmã é casada com um dos primos de Irina, o que me garantiu mais liberdade de escolher o que eu quisesse ser, sendo eu o caçula. A família de Irina também é envolvida na política e por isso nossos pais esperavam que namorássemos. Ela e eu nos conhecemos desde crianças. E eu a vejo mais como uma prima do que uma possível namorada, mas ela parece não entender isso. Eu nem sei porque eles acham que eu sou uma escolha para ela, afinal, eu escolhi estudar história porque eu queria ser professor. Depois, decidi fazer esse mestrado em antropologia e restauração por isso você me via no prédio das artes plásticas e foi assim que eu conheci o pessoal da banda. Eu escolhi essa especialização para que eu tivesse um emprego que me mantivesse o mais longe possível de casa e ser convidado para tocar numa banda que excursionava, realizou esse desejo também. — ele parou de falar e me direcionou um breve sorriso. — É por isso não falo muito de minha família. Isso é muito complicado.
— Quais famílias não são complicadas? — eu sorri para ele enquanto eu despejava o chocolate sobre o bolo de nozes. Eu dei uma rápida olhada sobre a bancada para onde Edward e Irina estavam. Ele parecia entediado e ela parecia frustrada.
Eu peguei o bolo e Tom me ajudou levando a garrafa de vinho e colocamos sobre a mesa. Enquanto todos nos sentávamos, Irina perguntou escolhendo a cadeira ao lado de Tom que sentou-se ao lado de Alice.
— Sobre o que vocês tanto falavam na cozinha? — ela exibia um sorriso cínico.
— Sobre família! Já que é um tema bem comum para uma noite de natal. — eu devolvi um olhar suave para ela. — E Tom me ajudou com o bolo de nozes.
— Meu Tom é um rapaz muito gentil. — ela disse com um sorriso de orgulho nos lábios e ao olhar para Tom, ele revirou os olhos enquanto Irina ainda estava olhando para mim. Alice colocou a língua para fora fingindo que ia vomitar, se aproveitando que Irina tinha se virado para encarar Tom. Eu tentei conter um riso e Edward baixou a cabeça, colocando o lenço sobre boca fingindo tossir para disfarçar o riso. Minha vó olhava para o prato com muito interesse para quem parecia alheia.
— Sim, seu Tom é realmente um menino de ouro! — Minha vó disse de repente, lendo minha mente mais uma vez, pois isso era exatamente o que estava na ponta da minha língua, porém eu teria dito de forma irônica dando ênfase no pronome “seu”.
Depois disso, Edward me ajudou a colocar os pratos na pia e levou a travessa de pavê para mim até a mesa. Minha vó resolveu fazer alguns cafés expressos para quem queria comer um pedaço de bolo e assim cortar um pouco o efeito do vinho. Eu pedi licença e fui para o meu quarto, porque meus sapatos estavam me matando e nem eram tão altos. Meus pés incharam muito. Também com quase 6 meses de gravidez o que eu estava esperando?
Sentei-me na cama para colocar minhas sapatilhas quando vi minha vó entrar fechando cuidadosamente a porta atrás de si. Ela sorria para mim enquanto caminhava na minha direção, sentando-se ao meu lado na cama.
— Sabe, Bella, você sabe que eu não costumo a me meter muito na vida de seu pai e nem na sua. Por vezes, guardo as coisas só para mim, mesmo sabendo que você entende as entrelinhas. Gosto de vê-la chegar as suas próprias conclusões.
— Vovó, onde a senhora quer chegar? — eu realmente não entendia porque ela estava pisando em ovos.
— O que você está fazendo com aquele pobre garoto? — Garoto? Que garoto?
— Edward? — ela nunca tinha se referido a ele de forma tão carinhosa.
— Não! Eu estou falando do seu bom amigo, Tom. Você não percebeu que ele é apaixonado por você? Os olhos dele brilham quando ele fala de você e ele está sempre te olhando quando pensa que ninguém está notando. Ele é discreto, mas não é bom em esconder o que sente.
— Vovó, Tom e eu nos conhecemos há um bom tempo. E sim, eu percebi que ele tem um queda por mim desde quando começamos a tocar na mesma banda. Acho que até antes. Mas ele nunca fez nenhum movimento para o meu lado e pra dizer a verdade, ele sequer falava comigo. Eu tinha até um pouco de medo, porque suas atitudes eram contraditórias. Acho que ele sabe que nós somos apenas amigos. E que eu estou comprometida com outra pessoa. Ele não tem esperanças.
— Pode ser que você esteja certa. Mas também pode ser que você o magoe, mesmo sem querer. Ele parecer ser um cara legal, uma boa pessoa. Tente não lhe dar esperanças, Bella, porque qualquer atitude ambígua de sua parte pode acender uma fagulha nele. Você perderia um amigo e se sentiria mal por magoá-lo.
Eu sabia, no fundo do meu coração, que ela estava certa.
[…]
Eu estava em meu estava em meu estúdio pensando na última conversa que tive que com Edward enquanto finalizava uma pintura a óleo quando ouvi a campainha. Limpei minhas mãos numa toalha que estava pendurada em meu avental e fui ver de quem se tratava. Quem poderia ser numa manhã de quarta-feira tão comum? Fiquei surpresa ao constatar que era Tom trazendo um saco de papel de berliners e dois cappuccinos do Starbucks. Ele passou por mim rápido e sorrindo e eu soube que ele devia estar morrendo de fome e que ele tinha algo para me contar, pois ninguém te traz seu café da manhã preferido se não for para te dar algum tipo de notícia, sendo boa ou ruim.
Em vez de sentarmos na mesa, preferimos a bancada da cozinha e eu aproveitei para lavar minhas mãos e retirar o avental, deixando sobre o granito perto da pia. Sentei-me no banquinho ao lado de Tom, sorri para ele antes de abrir o pacote e retirar um berliner para mim. Abri o copo de cappuccino para ver se tinha canela como eu gosto. Tom observava meu pequeno ritual com expressão de divertimento em seu rosto.
— Terminou? — ele disse sorrindo suavemente.
— Só agora percebi que estava com tanta fome. — solvi um gole do meu café. — E você não está? — eu apontei para a sacola a nossa frente.
Tom pegou seu berliner e deu uma mordida mastigando bem devagar. Seu olhar contemplava o nada, perdido em algum ponto dentro da cozinha. Eu estava olhando para ele em expectativa. E eu deveria estar olhando fixamente, pois logo ele se deu conta de que eu o encarava, esperando ele começar. Ele me lançou um olhar penetrante por alguns segundos antes de falar.
— Bella, eu tenho algo para te contar. — ele ainda me encarava intensamente. Seus olhos estava estranhamente mais claros e azuis.
— Eu sou toda ouvidos. — eu pus meu queixo sobre minhas mãos cujo os cotovelos estavam apoiados sobre a bancada.
— Eu estou indo embora por um tempo. — a minha cara de espanto deve ter mexido com Tom de alguma forma, pois ele continuou antes que eu perguntasse alguma coisa. — Eu não quis dizer que estou viajando para espairecer, na verdade surgiu uma oportunidade. Jasper me ligou no começo da semana me dizendo que o baterista deles saiu da banda por motivos pessoais e ele me convidou para participar do primeiro álbum e se tudo der certo, talvez eu participe da turnê também. Eu até já tranquei minha pós graduação, por isso vim aqui te contar. Eu estou feliz, mas ao mesmo tempo com medo e eu não gostaria de deixá-la sozinha aqui, Bella.
— Em primeiro lugar, eu sou adulta e posso cuidar das coisas por aqui, obrigada! — eu sorri para ele. — Eu aprecio sua preocupação, Tom, de verdade, mas não quero que se preocupe comigo ao ponto de te impedir de fazer suas coisas. Eu escolhi ficar aqui e trabalhar na minha carreira. E em segundo, eu não entendo a razão de você ter medo, pois você já fez isso antes, você saiu em turnê com 4 doidos e sabe como é isso.
— Mas não nós não éramos uma banda com um público tão grande quanto o que a banda de Jasper tem. Isso assusta um pouco. Você sabe que eu nunca quis ser famoso, eu só gosto de tocar e viajar.
— Que bobagem, Tom! Você deveria primeiro tentar e depois se lamentar se isso não for o que quer. A vida é curta, mas ainda sim temos tempo para errar algumas vezes ou para acertar. — Eu peguei suas mãos e as apertei entre as minhas. — Agora, quer, por favor, tomar esse delicioso cappuccino antes que ele esfrie? É um pecado tomar isso frio. — ele riu me fazendo sorrir também.
[…]
No fim de semana, Edward me ligou e pediu para irmos para o Skype e eu o fiz sem pensar muito. Como já era inicio de noite para mim e começo de tarde para ele, eu resolvi tirar minhas roupas quentinhas e confortáveis e vestir algo mais sensual, uma negligé vermelho sangue curta, transparente, rendada e larguinha que o próprio Edward tinha me trazido de Nova York como presente de Natal. A calcinha era vermelha também e cavada, tinha vindo junto com o conjunto composto de negligé e calcinha. Eu sabia que Edward ia adorar me ver vestindo seu presente já que ele não pode fazê-lo enquanto estava aqui. Passei um pó compacto de leve e pus meu batom vermelho, o mesmo que eu usei quando nos reencontramos em Los Angeles. Era o máximo que eu podia fazer para ameninar a saudade. Sentei-me na minha mesa do estúdio e abri o Laptop, esperei o programa conectar e lá estava Edward online.
— Oi, meu amor! — ele disse do outro lado da tela. Seu visual era meio desgrenhado, parecia ter dormido um pouco. — Tudo bem? — ele disse enquanto limpava os olhos como para me enxergar melhor.
— Sim, tudo! E você? Parece que andou dormindo... — eu disse me aproximando propositalmente da câmera para que ele me notasse.
— Sim, eu cheguei de uma reunião estressante com o elenco do próximo filme. — ele ainda esfregava os olhos e logo depois as têmporas e seus olhos estavam fechados.
— Está com dor de cabeça? — eu perguntei já começando a me preocupar pois ele parecia mesmo cansado e estressado.
— Não, mas estou pensando no laboratório que terei que fazer já que viverei um agente da CIA. Terei que passar algumas semanas sendo assessorado por consultor e isso terá que de ser em Langley no estado da Virgínia, onde a sede da agência fica, já que o filme fará algumas tomadas lá. Eu irei dois colegas de elenco. — e finalmente ele olhou para mim na câmera.
— E o que exatamente está te estressando nisso tudo? — eu não estava entendo bem, pois eu pensei que fosse rotina para atores fazerem laboratório.
— Nossa, Bella! Você está linda! Ou essa é câmera, ou você está diferente também, não sei. — ele estava olhando para mim diretamente de sua câmera e estava com aquele olhar de fome que ele tinha me dado em nosso reencontro.
— Eu estou com sete meses de gravidez, quase oito. Deve ser isso! — eu sorri para ele e novamente de propósito passei a língua em meus lábios. Edward arregalou os olhos. — Mas você estava dizendo que...
— Que... eu não sei mais. Onde eu parei mesmo? — ele riu e passou a mão pelos cabelos. E eu me senti tão bem em saber que ainda afetava o meu namorado da mesma forma que eu fiz quando nos conhecemos.
— Você estava para me contar o que realmente está te chateando nesse seu novo trabalho. — eu também passei a mão pelos meus cabelos que agora estava maiores do que de costume jogando-os para o lado. Eu não sei o por quê, mas eu queria seduzi-lo.
— Ah, isso? — ele deu de ombros fingindo indiferença. — Bom, eu só fiquei um pouco chateado por não poder entrar em contato com tanta frequência enquanto estiver no meu laboratório, fora também o fato de termos que gravar algumas tomadas por lá logo em seguida e o maior número de tomadas possíveis nos Estados Unidos antes de viajarmos para outras locações.
— Mas eu pensei que isso era algo rotineiro para você. Quero dizer, laboratório e todo esse treinamento, locações em diversos locais. É só isso que te preocupa ou tem mais alguma coisa te incomodando? — eu estava achando estranho ele estar tão preocupado com algo que era comum à rotina de atores como ele.
Edward ficou olhando para a câmera por um tempo, seu dedo indicador sobre seus lábios como se ponderasse um pouco.
— Bella, eu te disse que o que me preocupa é o fato de não poder falar com você todos os dias como fazemos, ainda mais quando você está indo para o penúltimo mês de gravidez. — nisso ele tinha razão, mas eu senti que havia mais alguma coisa incomodando. Eu sabia que ele não estava dizendo tudo.
— Pelo menos Alice vai estar comigo aqui até a data do parto.
— E os seus outros amigos? Tom, Jasper...
— Jasper continua em estúdio e Tom é novo baterista da banda dele e não vai voltar até terminar o trabalho, talvez nem volte se sair em turnê. Eles são meus amigos, mas não são meus parentes, Edward, eles precisam viver as próprias vidas. — eu disse afastando um pouco a cadeira para que ele tivesse uma visão do negligé que eu usava.
— Mas se Alice está aí com você, eu fico um pouco mais aliviado e Rose me disse que vai passar uma semana com você, então eu sei que por enquanto elas farão por você o que eu não posso no momento. — ele se aproximou mais da câmera. — Você não está usando o que eu acho que está, não é? — ele deu um pequeno sorriso.
— Estou sim! Quer ver? — Edward apenas assentiu. Levantei-me da cadeira empurrando-a para trás. Afastei-me o mais bem devagar e estava certa de que ele podia ver as formas e os mamilos dos meus seios através do tecido. Mesmo com minha barriga já grande, eu estava me sentindo muito sexy vendo a reação de Edward na tela.
— Uau! Você tá....nossa! — ele estava de boca aberta. — Dá uma voltinha para mim.
Eu fui virando lentamente, parando quando fiquei de costas. Inclinei um pouco meu bumbum e ouvi quando ele gemeu pelos auto falantes.
— Bella, você é tão gostosa... — então ele suspirou. — Eu tenho muita sorte de ter uma mulher como você. — eu me virei novamente para encarar a tela e deparei-me com um Edward totalmente embasbacado. — Bella, eu gostaria de estar aí agora e poder beijar cada parte sua. — essa última parte, dita com uma voz tão rouca e fluida fez minha pele arrepiar de prazer.
Eu o provoquei ainda mais quando me afastei novamente e desci uma alça da negligé deixando escapar um de meus seios. Edward arfou e seu rosto ficou vermelho. Mas o que eu faria depois de provocá-lo tanto? Será que eu estava pronta para o que ele me pedisse? Meu corpo me dizia que eu estava pronta, que provocá-lo dessa maneira tinha me excitado muito e que se ele estivesse aqui eu o atacaria.
— Você colocou essa roupa de propósito, não é, diabinha? — eu apenas concordei silenciosamente. — Então, como castigo, eu quero que você pegue esse laptop e leve para nossa cama.
[…]
Na semana seguinte, Rose chegou para me fazer companhia e ficar por uma semana inteira. Eu esperava que dessa vez ela conhecesse Alice, já que não pode nos encontrar em Seattle no último verão.
Quando saímos para irmos a um restaurante, só nós três, foi mágico. Alice e Rose se deram bem de imediato e eu fiquei feliz que Rose tinha uma companhia melhor para fazer compras do que eu, pois qualquer esforço, do tipo caminhadas, fazia meus pés incharem.
Tom me ligou duas vezes na mesma semana, na primeira vez, eu estava no estúdio e Rose veio trazer o telefone com uma expressão de curiosidade que eu ignorei e na segunda vez, estávamos as duas na sala sentadas bebendo vinho e suco e eu atendi na sua frente por saber que não havia nada demais nas conversas entre Tom e eu. Enquanto eu conversava, Rose parecia distraída com seu copo de vinho, mas eu sabia que ela estava atenta.
Quando desliguei, eu sabia que lá vinham perguntas.
— Então, quem é esse tal de Tom? — ela sorriu para mim.
— Um amigo que me ajudou muito quando precisei. Ele era baterista na banda onde eu cantava no verão passado. Ele é uma boa pessoa e eu estou feliz que ele está fazendo o que gosta. — quando vi que Rose me lançou um olhar questionador, eu resolvi acrescentar uma explicação. — Ele está na banda de Jasper agora.
— Isso é bom, pois curiosamente o single da banda de Jasper está tocando em quase todas as rádios mais populares. Não é o meu estilo de música, mas posso dizer que eles são bons.
— Rose, eu achei Edward um tanto tenso da última vez em que nos falamos, você sabe me dizer o por quê disso? — eu olhei bem em seus olhos de modo que ela não teria outra saída se não ser sincera.
— Não que eu saiba, faz tempo que não nos falamos, pois acabamos desencontrando quando eu voltei para o apartamento. Vocês não se falam todos os dias? — Rose parecia sinceramente confusa.
— Sim, mas a partir dessa semana, nosso contato ficou reduzido por causa de laboratório e gravações logo em seguida. Entretanto, eu senti que algo estava incomodando. Talvez tenho sido só impressão minha.
— Acho que ele pode ter tido problemas com alguém do elenco, você sabe a importância que ele dá às relações sociais no ambiente de trabalho. Para Edward, a interação tem que ser agradável para todos os envolvidos de modo que o trabalho fique prazeroso.
— É verdade, ele já tinha mencionado isso há algum tempo.
[…]
Depois que Rose foi embora, eu dividia o meu tempo entre cuidar do enxoval de Noah, as exposições e alguns trabalhos de pintura. E eu também estava ficando louca sem notícias de Edward. Ás vezes trocávamos algumas mensagens de texto ou algo no Whatsapp, mas eram mensagens curtas e bem limitadas pelos teclados dos nossos smatphones. Eu tinha mandado alguns e-mails, porém eu sabia que ele não responderia tão cedo.
Eu estava ficando angustiada. Algo no meu íntimo me dizia que alguma coisa não estava indo bem. Um pressentimento. E um dia, enquanto eu estava sentada na frente do meu laptop parar escrever um e-mail para Rose, eu tive uma recaída e procurei notícias sobre Edward no Google. Consegui ver algumas fotos dele caminhando despreocupadamente pela rua, em outras ele estava no set de filmagem.
Com o passar dos dias, procurar fotos e notícias sobre ele acabou se tornando um verdadeiro vício. Em uma das fotos, ele estava em um bar com um grupo de pessoas e a legenda dizia que era ele e alguns colegas de elenco. Em outra foto, o que me chamou a atenção foi que ele estava almoçando com uma moça ruiva e bonita. Victoria Preston era o nome da atriz que era seu par romântico no filme. E o pior que ao longo das semanas, as fotos com com eles juntos foram aumentando, e eu pude presumir que eles estavam filmando juntos todas as cenas em que seus personagens interagiam. Mas eu estranhei o fato dela parecer agir com muita intimidade como se eles se conhecessem há muito tempo e eu me lembrava que Edward tinha comentado que nunca a tinha encontrado antes.
A intimidade entre Rose e Edward era uma coisa natural, pois trabalharam em mais de 3 filmes juntos e até já dividiram apartamento. Eram amigos de longa data. Mas essa tal de Victoria o conhecia há pouco mais de um mês. Era estranho ela agir como eles fossem mais do que... Não, eu estou vendo coisas onde não existem. Por outro lado, havia dias que Edward não respondia minhas mensagens no Whatsapp ou mensagens de texto. Estavam todas como não lidas. Eu voltei a pesquisar notícias e não sei como fui parar numa página do Just Jared, onde uma das chamadas correspondiam a algumas fotos de Victoria sozinha e outras com Edward caminhando pelas ruas. Mas o pior foi o que estava escrito na notícia logo abaixo das imagens.
“Victoria Preston, a atriz escolhida para viver Cassy, no suspense mais aguardado do ano, fala sobre as gravações e sua nova relação com o badalado ator Edward Cullen. Este, todos sabem que é muito inconstante em seus relacionamentos, parece estar gostando da companhia da colega. — Eu gosto muito do elenco e acho Brian(diretor) muito generoso conosco. Edward é um amor de pessoa. Impossível não se apaixonar por ele. — diz Victoria. Nós esperamos que dessa vez a relação dure mais do que com a artista plástica de Berlim.”
Meu coração acelerou em meu peito. Eu sei que a imprensa exagera e ás vezes inventa, mas com a comunicação reduzida e a demora de Edward me mandar respostas, a insegurança estava começando a ganhar a batalha. Noah chutou uma de minhas costelas e eu sabia que ele estava agitado porque eu também estava.
[…]
Quando eu estava com oito meses e meio fui informada que Jasper estava voltando para ver Alice antes de entrar em turnê, pois as gravações tinham acabado e agora o álbum passaria por mixagem e outras etapas de pós produção. Eu fiquei feliz por Alice e também porque Tom resolveu voltar para ver sua família e amigos.
Eu peguei um táxi e fui ao apartamento de Alice no final da tarde. Eu queria vê-los juntos e colocar os assuntos em dia, pois eu precisava muito de distração. Eu queria parar de criar paranoias. Eu mal cheguei e Alice estava saída pedindo para Jasper me fazer companhia enquanto ela ia até a padaria comprar algumas coisas para acompanhar o café.
Abracei Jasper com toda a força, mas quem precisava ser abraça era eu. Tanto que o prendi em meus braços por mais tempo do que o necessário. Logo senti suas mãos acariciando meus cabelos, ele estava tentando me acalmar. Depois de nos sentarmos, ele pegou uma de minhas mãos e a segurou gentilmente antes de finalmente me dizer alguma coisa.
— Mas o que está acontecendo? Como aquele seu namorado anda te tratando, Bella? — seus olhos azuis piscina perscrutavam meus olhos e meu rosto.
— Sim. Nós dividimos as despesas e você até viu que já montamos o quarto do bebe. — eu sorri fracamente para ele.
— É, mas eu estou falando de apoio emocional, Bella. Além do mais, acho que ele te deixa muito sozinha aqui.
— Eu tenho a Alice e Edward pode não estar por perto, mas tem cuidado de nós como pode. Eu admito que sinto muito a falta dele e que gostaria que eles estivesse aqui mais vezes. Porém, você é artista em ascensão e você sabe como são essas coisas melhor do que eu ou qualquer outra pessoa.
— Alice não está grávida de oito meses. Ela está aqui à trabalho, porém vou ser sincero, ela não te disse isso, mas há algumas semanas atrás eu propus a ela que viesse morar comigo no Texas. Ela só foi ainda porque ela está muito preocupada com você, Bella. Tom não está aqui, nem Angela e Ben ou até mesmo Jacob e Leah. Seus amigos todos já voltaram para casa após a formatura. Sim, ficamos felizes que sua carreira está deslanchando pro aqui, contudo, ainda acho que você deveria estar mais perto de seu namorado ou seus pais.
— Eu concordo com você e Edward tinha até me pedido para ir embora com ele e assim ele poderia acompanhar de perto a evolução da gravidez. Minha mãe não pôde vir esse mês, mas me disse que viria mês que vem me ajudar e Esme disse que viria assim que o bebe nascesse.
— Desculpe o que eu vou dizer agora, Bella, você sabe que eu sempre fui sincero, por isso eu tenho um palpite muito forte de que Edward não podia se importar menos com você ou com o filho de vocês nesse momento. — Jasper me olhava de uma maneira que não deixava dúvidas sobre o que ele estava dizendo.
— O que... — de repente meu coração disparou e eu senti falta de ar momentânea. — O que você está tentando dizer?
— Bella, eu sempre te disse que tinha medo de que você se envolvesse com uma cara como Edward e não é segredo que eu disse que talvez, ele pudesse não ser de confiança. Quando eu disse palpite, esse foi o eufemismo do século, eu quis dizer que eu tenho a certeza que ele não parece se importar porque antes de eu vir para cá, eu fiz um show num clube em São Francisco e tal foi minha surpresa quando eu me deparei com Edward e uma ruiva saindo do clube. Ele nem me viu ou nem se deu conta de que era a minha banda que tocaria aquela noite. Foi uma infeliz coincidência, acredito que muito mais infeliz para ele, sendo que eu o vi e os paparazzi também.
Eu não conseguia dizer nada. Eu só conseguia pensar no que eu tinha lido no Just Jared e nas mensagens não respondidas.
Então era verdade...ele está tendo um caso com aquela safada! Safada sim, porque sabe muito bem que ele vai ser pai.
De repente, senti Jasper me sacudir levemente e ainda não sei quando suas mãos foram parar nos meus ombros.
— Bella, me escute, por favor. Edward vai voltar e você vai aceitá-lo e tudo vai ficar bem por um tempo e então ele vai te engravidar novamente e vai escapulir seja por qual motivo for e isso vai se tornar um círculo vicioso até ele se cansar de você e te deixar de vez.
Uma lágrima caiu do meu rosto e não via mais nada, minha visão estava embaçada pelas lágrimas que ainda não caíram. Eu levantei e fui em direção a porta sem pensar muito. Quando vi que Jasper fez menção de levantar para me seguir, eu apenas mostrei minha mão para ele e disse.
— Não! Não me siga.
Eu bati a porta atrás de mim e encostei na parede do corredor tentando encontrar todo o ar que fosse possível. Eu não podia acreditar em nada disso. Jasper estava apenas sendo sem noção e estúpido como sempre. Eu caminhei pelo corredor ignorando a dor em meu ventre. Era algo diferente de uma contração normal, era uma pressão. Perto das escadas, eu senti algo molhar minha calça jeans de grávida e pus a mão para verificar se não era o liquido amniótico.Era sangue e só então em me desesperei. E nesse momento eu senti uma dor tão forte que tive que ajoelhar. Em seguida, vi Alice subindo com algumas sacolas na mão e quando me viu caída, largou-as e veio direto na minha direção me alcançando rápido.
— Oh, meu Deus, Bella! — ela parecia perdida e desesperada por me ver no chão daquele jeito.
— Alice, ligue para o hospital porque eu acho que o Noah está nascendo. — eu senti outra pontada forte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem e façam uma Autora Feliz!!!

Visitas ao Amigas Fanfics

Entre a Luz e as Sombras

Entre a luz e a sombras. Confira já.