terça-feira, 23 de setembro de 2014

MV - capítulo 7


Desliguei o motor voltando um olhar para Ale, que ainda ressonava no bebê conforto. Removi nossos cintos e antes que pudesse sair da picape, Pamela já abrira a porta. Sorrindo para seu bebê.
Alex abriu minha porta, seus braços circularam minha cintura com extremo cuidado, beijando minha testa antes de se afastar. Sorriu terno, mas a preocupação em seus olhos dourados não pode ser escondida.
Seus lábios assim como os olhos tremeram para em seguida ouvir o salto de Pamela chicotear pelo chão até a escada da entrada da casa. Rapidamente me ergueu, sentando sobre o capô da picape.

Eu preciso te pedir uma coisa, bê. Eu sei que não deveria, mas... preciso que... se algo der errado, se eu e Pamela não voltarmos...

Vocês precisam voltar – foi tudo o que consegui dizer antes que o choro fechasse minha garganta.

Eu sei, bê. Mas se algo der errado... o único lugar que Ale ficaria seguro é com você. Vamos nos empenhar para voltar para vocês – sua mão subindo por minha bochecha e removendo a lagrima. – não estava nos seus planos ser mãe tão cedo... – brincou.

Você nos engravidou, agora trate de arcar com as consequências! – revidei buscando de alguma força para parar o choro.

Seus olhos se ergueram e o que quer que me fosse dizer foi esquecido, sorriu complacente antes de se afastar um pouco, os cascalhos da entrada protestaram e virei o rosto buscando o causador do som.
Edward caminhava com lentidão, até estar ao meu lado. Sorriu para Alex e me abraçou pela cintura, beijando minha fronte.

Eu cuido daqui.

Ok, Pamela não quer uma nova despedida. Ela não esta lidando com isso muito bem... – disse tomando meu rosto entre suas mãos e beijando meu nariz antes de se afastar. Voltei minha atenção para Edward.

Vamos entrar? – apenas acenei concordando e movendo meus pés.

Estranhamente a casa estava silenciosa, não que mais de 20 vampiros fariam a mesma bagunça que humanos, mas não era esse silencio que eu encontrava, a cada corredor um vampiro surgia, a cada janela era possível assistir a um treino e desta vez nada.

Onde estão os outros?

Foram caçar... passar um tempo juntos, antes da batalha. 

Edward desviou os olhos na ultima parte e pude entender perfeitamente o que era o “passar um tempo”

Estamos sozinhos?

Seus olhos se estreitaram e tomou a postura de quando esta “ouvindo” algo – sim, agora estamos.

 A pequena menção a estar sozinha com Edward após tanto tempo fez partes inadequadas esquentarem. Eu teria uma grande oportunidade e não poderia desperdiçá-la, não com tudo que posso perder, com tudo o que pode desmoronar neste fim de semana.
Eu teria uma boa desculpa e precisaria usá-la como um excelente argumento para enfim ter o que quero.

Caminhei em direção as escadas quando sua mão segurou meu pulso, forçando minha parada. –o que?

Vamos ficar por aqui.

Vamos para seu quarto?

Não é uma boa ideia.

Por quê? Estamos sozinhos! Finalmente sozinhos, Edward.

Por isso, mesmo. Vamos conversar, Bella. – sua mão deslizou até moldar sobre minha bochecha, tomando todo o lado esquerdo em sua palma. – já tenho dificuldades com a casa ocupada, não quero me exceder com essa oportunidade.

Mas eu quero – digo após abraçar seu dorso – você também quer, ao menos é o que aparenta... estou enganada?

Não, Bella... você é muito frágil, diferente de uma cristal que mesmo quebrado pode ser colado, eu não poderia fazer o mesmo com você.

Isso não tem haver com o fato de ainda não sermos casados, tem? – em seu século de nascimento a situação era outra e suas raízes permanecem em sua forma.

Não é sobre você ainda não ser minha esposa, mas ao fato de ser frágil. Não imagina o desejo que sinto por você – sua mão em minha bochecha seguiu por meu pescoço, tomando minha nuca e em conjunto com sua outra mão que tomava minha cintura, colou mais nossos corpos – a sede que sinto por seu sangue, o desejo de fazê-la minha não se compara ao medo que tenho de lhe perder – sussurrou em minha boca. – não suporto vê-la machucada e se eu for o causador de um mínimo ferimento... provavelmente serei o primeiro vampiro a enlouquecer.

Você se subestima.

Sussurrei de volta, sentindo seus fios cobres entre meus dedos. Beijando seus lábios enquanto sua temperatura não me alcançasse. Passei minha língua pela sua quando seus lábios se abriram.
Abri os olhos confusa ao sentir uma leve brisa após meu corpo pousar em algo macio, o teto branco do quarto foi a primeira coisa que vi, assim como Edward apertando um controle.
Seus olhos voltaram em minha direção, uma intensidade que me fez suar, cada parte do meu corpo estava em alerta, não por medo, mas por desejo. Na esperança de que finalmente eu pudesse sentir e ter Edward em toda sua gloria.
Possivelmente vendo a esperança em meus olhos, Edward acenou uma negativa – nos não vamos...

Uma garota pode sonhar! – retruquei frustrada.

Seus dentes rasparam em meus lábios, onde provavelmente havia um bico. Os próximos minutos foram deliciosos e irritantes, o calor do aquecedor permitia que Edward mantivesse seu corpo colado ao meu, mas sem seu peso. Os beijos permaneciam, mas sempre que tomavam uma forma explicitamente sexual, era interrompido.

O que esta fazendo, Bella? – perguntou desconfiado quando removi minha camiseta após remover o casaco.

Eu estou com calor – digo voltando a deitar, agora apenas com uma blusa de alça fina.

Seus olhos pousaram em meus seios antes de sua mão percorrer minhas costas e sua expressão suavizou quando tocou o volume do sutiã. Buscando tornar o ato o mais inocente possível, subi em seu corpo voltando a beijá-lo.
Sua mão deslizando por minha cintura, abrindo espaço pela blusa que subia e tocou minha barriga, gemi sentindo o músculo tremer com seu toque. Seu corpo se inclinou, nos fazendo sentar sobre a cama.
Sentia o suor escorrer por minha testa, era o esforço para não implorar para que me tomasse, se uma mínima suplica escapasse Edward finaria os toques. O medo que isso acontecesse fazia com que meus nervosos latejassem.
Nossos olhos se encontraram, o dourado escurecia a medida que sua mão tomava meu quadril e a outra arranhava minhas costas. O calor, uma batida falha do meu coração, um simples toque em sua barriga, o som de algo partindo, tecido rasgado e o mundo girou novamente.
Respirar se tornou uma função difícil quando suas mãos moldaram em concha sobre meus seios, pele com pele, língua com língua. Uma pequena parte do meu consciente reconheceu este momento, reconheceu este Edward.
Edward estava fora do controle, completamente entregue ao que sentimos. E assim como da primeira vez, não havia medo. Apenas desejo, paixão e amor. Movíamos em busca de um encontro melhor, tomando seu quadril entre minhas pernas para novamente estar sozinha na cama.
Provavelmente tenha passado muitos pares de minutos até             que meu corpo reagisse, me inclinei sobre a cama, só agora notando que a cama estava com os pés quebrados. Uma parte dos lenços e cobertores rasgados e meu corpo nu.

Cubra-se agora.

Medo percorreu minha espinha e me encolhi puxando o que sobrou do lençol. Edward nunca havia usado tal tom de voz comigo. Não parecia ele, meus olhos seguiram seu rastro, encontrando-o encolhido perto da porta, também nu. Uma visão que me hipnotizaria se não fosse por seu grito anterior.
Meu corpo tremia de susto, enquanto lutava para manter minha respiração e expressão calma, levantei devagar arrastando o edredom, cobrindo meu corpo e removendo o lençol.
Ajoelhei-me ao seu lado entregando o lençol vendo seus olhos negros, e passei os meus discretamente por seu corpo, tendo tempo suficiente para um vislumbre de sua masculinidade, perfeitamente ereto.

Acho que a Alice não vai ligar se eu pegar uma roupa dela.

Seus olhos um pouco mais calmos e âmbares correram pelo quarto, antes de cair sobre minha mão que cobria a sua. Sentei ao seu lado e me inclinei beijando seu rosto. Ouvi passos pelo corredor, muito suaves, seguido de três batidas leves antes dos passos se afastarem.

Alice e Jasper trouxeram o que precisamos. – desta vez soou mais como meu Edward. Mas ainda irritado.

Sorri me erguendo e prendendo o edredom no corpo. Ele não quis parar, apenas precisou por causa de Jasper e Alice. Nenhum esforço foi capaz de remover o meu sorriso. Olhei fascinada para a cama destruída, contendo os retos mortais da minha calcinha, minha calça jeans e blusa.
Parando em minha frente e completamente vestido, Edward me estendeu uma bolsa, o perfume de Alice denunciava o conteúdo, ainda sorrindo segui para o banheiro. Removi o edredom e percorri meu reflexo no grande espelho com atenção, eu permaneci viva, inteira após ser tocada por ele. Ou quase.
Uma pequena marca vermelha se destacava em meu quadril, respirei fundo. A marca nítida de seus dedos estava cravada em meu quadril, isso ficaria muito, muito feio amanhã. Abri a embalagem que continha um conjunto novo da Chanel, tão Alice! A calça de cintura alta escondia a marca, olhando atentamente busquei memorizar cada lugar vermelho que se tornaria roxo com o tempo para manter longe dos olhos atentos de Charlie e do próprio Edward.
Quando voltei ao quarto já não havia nenhum vestígio do que aconteceu antes. Apenas um espaçoso sofá no lugar da cama, onde Edward olhava com atenção um envelope pardo de tamanho médio.
Uma expressão neutra e corpo tenso, simples sinais que me fizeram ter uma pequena noção do que seria o conteúdo do envelope. Acomodei-me no espaço ao seu lado, seus dedos deslizaram por minhas costas antes de tocar minha nuca e me beijar, um beijo que me deixou sem ar.

Alice teve algumas visões, distorcidas pela presença dos lobos – disse voltando o olhar para o envelope – por segurança Jasper buscou alguns documentos para você e Alice. – me estendeu o envelope, sem olhar em meus olhos.

O que a Alice viu? – ao tocá-lo senti o volume do que poderia ser um passaporte, comecei a abrir quando sua mão cobriu a minha. – o que foi?

Não veja agora, neste está certidões e passaportes para Cindy e Jacob. O seu esta junto com os de Alice.

Porque você não diz o que Alice viu?

Ela não tem certeza, não chegou a ver rostos, a presença dos Quileutes interfere na visão, Bella – sua voz soou cansada e preferi não insistir, apenas acenei.

Era algo grave, pensamentos tortuosos bailaram em minha mente, meu coração disparou e pensei que fosse vomitar. Não tive forças para perguntar ou talvez era o medo de que ele confirmasse.

Eu te amo – foi o máximo que consegui libertar antes que minha garganta fechasse com o choro.

Eu não quero que chore – sussurrou tomando meu rosto e acomodei em seu colo. – você ficará bem.

E você? Vocês... – me calou com um beijo.

Nos ficaremos bem, eu ficarei bem. Bella? Você tem que me prometer que vai seguir Alice. Se eu não voltar... Se algo der errado e Alice dizer para fugirem, eu preciso ter a certeza que você vá com ela sem hesitar. Prometa-me?

Tudo bem... – digo fungando.

Bella?

Eu prometo. – me aperto em seu colo.

Deslizei meu nariz por seu pescoço, respirando fundo, buscando memorizar seu cheiro. Batidas fracas na porta, antes de um ranger. Mas eu só queria ficar aqui, assim pra sempre.

Esta na hora – Pamela disse entrando com Ale adormecido no bebê conforto.

Minhas pernas tremiam e Edward nos ergueu. Seguindo até Pamela e segurando o bebê conforto. Com as mãos fechadas em punho, os olhos avermelhados com o choro de vampiro minha amiga mantinha um pequeno sorriso nos lábios.

Queria poder abraçá-la, dar um, como eu espero, até breve. uma de suas mãos seguiram pelo cabelo, afastando a franja enquanto caminhávamos para um abraço. Acho que consigo! – diz com a voz falha e me abraçando – obrigada, bê. Obrigada, minha amiga. Minha irmã.

Nos temos que ficar bem, por Ale.

Por Ale – sussurrou.

Seu corpo ondulou por alguns segundos antes dela desaparecer da minha frente e algo esquentar meu rosto. Um estalo e Pamela estava colada a parede, onde um rachado tomava forma de um lado ao outro, Edward  já estava ao seu lado e cobria as mãos de Pamela com uma toalha encharcada.

Desculpe, eu estou tentando... – retrucou triste.

Eu sei, Jasper deve estar adorando esse desafio. Não é a única perdendo o controle e você é a caçula, aqui.

Desculpe, bê. Eu não estou conseguindo controlar as emoções e isso esta afetando meu dom.

Eu apenas acenei, sorrindo fraco. Minha atenção nunca foi para o risco que corri com o dom de Pamela, mas sim com a forma atenciosa de Edward. A lembrança de um ditado popular brasileiro que Laura disse: “Se da o doce ao filho para adoçar a boca da mãe”. Pamela não é minha filha, mas caiu perfeitamente nesse momento.
Eles estariam seguros, um cuidaria do outro e isso me dava mais segurança. Esperança.

Desculpe interromper, mas Charlie ligou. Esta exigindo nossa presença – Alice sorriu após ver como sua roupa ficou em mim. – perfeita. Vamos?

Algo aconteceu com minha mente, pois naquele momento era como se tudo você incompreensivo. Vi-me seguindo até o sofá, tomando Ale em meus braços, sendo abraçada por Edward enquanto seguíamos para fora do quarto, vendo os outros Cullens na sala, assim com as Denali. Recebendo o abraço de cada um, vendo Ale passar no colo de cada um.
Emmett me abraçou com muito delicadeza, tirando meus pés do chão. Em suas costas vi Alex com Ale em seu colo, o pequeno de olhos atentos, recebendo um beijo dos pais. Meus olhos arderam, foi quando finalmente minha mente voltou ao normal.
Aquela poderia ser a ultima vez que veria um deles, na pior das hipóteses, que os veria.

Ei, magrela? – Emmett me afastou com os braços erguidos, como se eu fosse uma criança de cinco anos. – nos vamos acabar com eles! – as covinhas dominavam seu rosto. – para de choro e vai lá no Edward, antes que ele prove que um vampiro pode chorar e vire um maricas! – finalizou pondo-me no chão.

Eu vou tirando o carro – disse Alice abraçada a Jasper, seguindo para a garagem.

Segui até ele que me recebeu em seus braços, me levando para a varanda. Sentou no degrau após me tomar em seu colo. Levou a mão ao bolso do blazer, de onde tirou uma caixa quadrada em metal, lembrava a caixinha de joias da minha avó. Puxou minha palma e colocou a caixa.

Não é hora para presentes, Edward.

Meu bisavô presenteou minha avó no dia do casamento dela, assim como minha avó presenteou minha mãe que desde de que consigo recordar, disse que se eu não tivesse uma irmã. Esse seria o presente para minha noiva, uma herança de família. Alice disse que ficará lindo com o vestido. Quero que use no dia da cerimônia.

Minhas mãos tremiam e não pareciam querer me obedecer, meus dedos deslizavam pela caixa sem conseguir abrir estou com medo de quebrar – sussurrei tocando a rosa em alto relevo.

Acho um pouco difícil, mas como sempre me surpreendo com você – retrucou sorrindo, abrindo a caixa e arfei.

A caixa grossa continha um delicado colar, eu posso não entender de joias, mas esse certamente era um diamante, um enorme diamante em forma de coração descansando sobre um fino suporte que parecia com mãos, a corrente de um material fino e duro.
A bela joia não estava segura sobre uma base acolchoada e sim entre o colo e as mãos de uma pequena princesa, uma bonequinha fina e delicada, ricamente detalhada. Meus dedos correram pelo colar e demorando na bonequinha.

É linda, obrigada.

Linda será você caminhando até mim, pronta para ser a senhora Cullen. – tomou meu rosto me beijando, um beijo que revelava o quanto nos amamos.

E mais uma vez desejei poder parar o tempo. Ficar irremediavelmente em seus braços, mas o ar foi o primeiro a provar que isso não aconteceria. Respirando fundo para normalizar meus batimentos, enquanto Edward fechava a caixinha pondo em uma mochila que Rosalie entregou.
Sorriu se afastando, enquanto nos levantávamos, Alice e Jasper estavam abraçados ao lado do carro. A ergueu, colando seus rostos em um abraço esmagador. Preferi não olhar, me sentindo uma intrusa em um momento que é só deles. Uma despedida na qual eu sou a culpada. Espantei logo essa onda de sentimentos para não afetar Jasper.
Pamela caminhou ao nosso lado, arrumando o bebê conforto sobre a cadeirinha. Voltei minha atenção para Edward, um lindo sorriso nos lábios, um fio raio de som rompeu pelas nuvens atingindo em cheio o rosto do meu vampiro, tornando a pele pálida iluminada, assim como seus cabelos cobres vibraram refletindo com facetas de vermelho sobre seu rosto.
Seus olhos dourados brilharam com maior intensidade enquanto meus dedos correram por onde o sol tocava, nos beijamos mais uma vez.

Vou estar te esperando – digo quando ele quebrou o beijo para que eu respire.

Eu vou buscá-la.

A forma decidida e segura em sua voz acalentou meu coração e me vi sorrindo com a certeza de que eles voltariam, que ele voltaria, me buscaria amanhã ao fim da tarde.

Eu vou te esperar.

Edward abria a porta e se abaixou prendendo meu cinto e deixando um beijo molhado e tentador em meu pescoço, antes de roçar os dentes em meu queixo, recebi outro beijo, desta vez apenas um roçar de lábios, antes que ele se afastasse e fechasse a porta.
 Alice já estava com seu cinto e porta fechados, sua mão na porta segurava a de Jasper. – Jasper? – chamei quando vi que ele se afastaria. Abaixou atento. – eu vou proteger Alice.

Seu rosto suavizou e um lindo sorriso dominou as bochechas cobertas de cicatriz, ainda mais evidentes com o raio de sol que não iluminava com a mesma intensidade que os outros pedaços da pele.

Eu confio em você, Bella. Sei que Alice tem controle para transformá-la e que você não permitirá que toquem em minha Alice.

O motor pulsou e tive a mais triste visão, todos os outros Cullen e Denali entre os degraus da entrada, Pamela e Alex abraçados ao lado de Jasper e Edward no meio da estrada. Mantive meus olhos atentos, enquanto a estrada serpenteada me permitiu. Alice segurou minha mão, sorrindo feliz.

Obrigada por acalmá-lo, eu já não sabia mais o que fazer. – sua voz estava embargada e eu não quis me arriscar em pronunciar nem um resmungo. Minha garganta já estava fechada sem esse esforço.

O caminho até La Push foi em silencio e com a rodovia sendo um enorme borrão. Alice dirigiu mais veloz que Edward e eu não me importei com isso. Meu corpo e minha mente estavam cansados e mesmo que fosse covarde da minha parte, queria que fosse mais forte para que me fizesse dormir.
Estacionamos em frente à casa de Sue,onde todos estariam nos esperando. Charlie preferiu manter uma distancia entre Cindy e Jacob, mas Laura e o próprio Billy o convenceram que não haveria problemas e que Rachel queria nos conhecer melhor e por causa de um curso Rebecca não poderia vir nessas férias.
Sem esquecer o enorme fato de que Charlie acredita em tudo que Alice diz e certamente acredita na boa educação que Carlisle e Esme deram aos filhos. Jacob e Seth saíram nos ajudando com as duas bolsas, Alice prontamente deixou a bolsa com os documentos em eu ombro e me entregou a mochila.

Jacob, Bella precisa entregar algo a você. Temos que aproveitar enquanto Charlie não vê. Eu não posso saber de nada aqui – disse tocando a testa como se estivesse com dor.

São para você e Cindy, caso dê errado. – digo estendendo o envelope. Jacob jogou a bolsa enorme sobre o ombro e abriu o envelope.

Certidão de nascimento, casamento, passaportes e carteiras de motorista – Alice fez o mesmo que Edward quando ele tentou ver os nomes – não olhe agora. Ai dentro tem um endereço para vocês e uma conta e contatos e quando tudo der certo – continuou enquanto Jacob fechava o envelope com cuidado e guardava no bolso da calça jeans. – o endereço e a conta serão presente para o futuro casamento.

Que irado jake! Já imaginou onde pode ser esse endereço? Você e a Cindy em um paraíso tropical?!

Cala a boca moleque! – disse rindo dando um tapa na nuca de Seth. – obrigado por lembrarem de nos.

O que ainda fazem ai fora? Entrem? – sue ordenou da porta de casa, os meninos levaram as bolsas para a sala e seguimos do lado de fora, indo até o quintal dos fundos.

Charlie, Billy e o velho Ateara conversavam perto da churrasqueira, alguns dos rapazes jogavam perto da mata, o mais longe da casa possível. Leah estava sentada no chão cercada por brinquedos com Claire tentando trançar seu cabelo curto e Cindy ao lado ajudando-a, a brincadeira era supervisionada por Quil que sorria bobo.

Finalmente.

Charlie já olhou tanto para o coldre dele dentro do carro que se anoitecesse e você não chegasse, ele invadiria a casa dos Cullen a tiro. – implicou Billy.
Você esta precisando correr um pouco pra cansar essa língua – rebateu Charlie sacudindo a cadeira de Billy.

Te venço com uma mão!

As brincadeira e provocações era uma visão reconfortante e extrema ao comparar com o que nos espera, com o que espera pelas matilhas.

Charlie? – Emily surgiu da cozinha com uma grande travessa – eu queria fazer uma noite das garotas – disse colocando sobre a mesa co mas carnes cortadas – poderia liberar a Bella, Alice e Cindy? Nem mesmo Sam tem permissão para aparecer.

Não é uma boa ideia – retrucou olhando Jacob de esgueira.

Laura se aproximou, abraçando ele e sussurrando por um longo tempo em seu ouvido, Alice sorriu e Charlie corou diante nossos olhos, principalmente após Laura lhe dar um beijo.

E você que ficará sem netos – Charlie retrucou para Billy que apenas sorriu matreiro.

E você vai acabar morrendo e deixando essa beldade sozinha. Relaxa, Jacob nunca fará mal para Cindy. E se você bater as botas, eu sou o primeiro da fila para cuidar da jovem.

Sai fora velho safado. – rebateu irritado empurrando com o pé a cadeira de Billy. – tudo bem, eu deixo. Já sabe o que vai te acontecer de pisar fora da casinha, Jacob.

Sim, sogrão, digo, senhor Swan.

Senhor Swan? Desde quando é senhor Swan? – perguntei confusa.

Desde de hoje de manhã, só isso que digo! – Seth falou rindo.

Vamos de uma vez? – Kim pediu – por favor, meninas?

Rapidamente nossas coisas voltaram para o carro, assim que saímos do campo de visão de Charlie a atmosfera mudou. Sue veio ao nosso lado.

Ficou decidido que Quil será o lobo com Seth, vamos à casa de Emily e assim que escurecer seguiremos, os outros partiram para onde os Cullen decidiram esperar pelos frios.

Esse pequeno aviso foi o bastante para tornar os próximos minutos tortuosos, minha mente voltou para o que aconteceria amanhã. E a espera na sala de Emily não ajudou em nada. Alice mantinha uma conversa com Emily que foi completamente educada, assim como as outras, apenas Leah se manteve distante.
Suspirei quando o sol se foi e uma grande lua cheia surgiu entre a mata. Alice surgiu em minha frente.

Os meninos estão esperando na mata, vamos?

Acenei e seguimos, por um longo tempo o caminho foi feito em silencio e andando.

Ainda podem se comunicar a essa distancia? – Sue perguntou e Quil foi atrás de uma pedra e voltou como lobo. Fez um sinal para Seth.

Não dá pra comunicar. Vai uma carona, mãe? – disse animado removendo a blusa.
Tinha esquecido esse detalhe.

Vai ser legal, a Bella sabe como é – pediu ajuda.

É... é como um cavalo, só segurar os pelos com força... – acho que minha explicação não ajudaria, mas Sue pareceu pensar.

Após hesitar, Sue subiu em Quil, Seth em seguida, firmando a mãe e Alice  me puxou jogando sobre suas costas e começou a correr, conseguia manter os olhos abertos, acompanhando uma conversa de Sue com os meninos.
O caminho era explicado aos poucos, Sue parecia temer contar de uma vez para onde estava nos levando. Nosso caminho cruzou com um rio, seguimos pela borda da água. Um pingo grosso bateu em meu braço e voltei os olhos para o céu.
Camadas cinzas de nuvens cobriam a lua, ainda permanecemos por um longo tempo antes de pararmos perto de uma gruta.

Ainda falta muito? – meus dentes batiam de frio, Alice me entregou uma toalha e permaneceu com um casaco grosso na mão. – obrigada. Conseguiu ver isso?

Apesar de as vezes errarem, humanos conseguem prever o tempo e estamos em Forks – disse sorrindo – e imaginei que teríamos que correr por um tempo, uma hora ou outra você sentiria frio.

A chuva apagará o rastro de todos, precisamos seguir enquanto chove.

Você esta bem, Bella?

Acenei confirmando, não imagino para onde Sue esta nos levando, mas o caminho é longo, muito longo e justo agora que eu queria estar atenta, o cansaço se apresentava com força, meus olhos cansados aguentaram por mais um tempo, antes que a vontade de fechá-los e adormecer fosse maior.
Sabe aquele preciso momento em que sabemos que estamos dormindo, mas nosso consciente esta atento ao mundo? Ou quando você deveria estar dormindo, mas sabe que vai acordar a qualquer momento e o que ouviu era pura verdade? Era nesse pequeno mundo entre o consciente e o inconsciente que eu me encontrava.
Eu estava aquecida, confortável, sonolenta, ouvia os sussurros. Sabia que acordaria completamente, mas não queria. Estique meu braço para apertar o travesseiro, senti fios roçarem em meu rosto e abri os olhos em um estalo.
Pulei para longe e recebi um latido de Quil, cocei meus olhos vendo-o tombar a cabeça de lado como um cachorro.

Eu me assustei. – fez um barulho estranho de cachorro e mordiscou a pata, antes de levantar e sacudir o corpo, movendo a cabeça em uma direção.

Voltei meus olhos pelo local. Um caverna pequena no canto uma barraca de camp, lanterna e embalagens de comida. Segui a mesma direção de Quil, encontrando Alice parada ao lado de Quil que agora estava em duas pernas.

Ninguém entrou em contato com Seth – disse Alice.

Então tenta ver mais alguma coisa, vou me afastar um pouco, Seth já estava ao meu alcance.

Desculpe, já esta amanhecendo.

Não precisa se desculpar, Bella. Você estava cansada.

Consegui ver alguma coisa?

Eles estavam em volta de uma fogueira, contando histórias. Edward e Jasper estao treinando a mente, alguma forma de manter Jane e Aro fora. Agora estão na clareira, esperando pelos Volturi.

Um pequeno raio de sol atingiu Alice, iluminando seus cabelos curtos. Estava atenta aos efeitos do sol sobre sua pele, por isso vi quando seus olhos perderam o brilho e sua boca se tornou uma linha fina.

Eles chegaram, todos eles. Aro esta nos procurando – seus olhos voltaram ao foco.

O que foi?

Aro mandou guardas a nossa procura, estão varrendo a reserva. Foi tudo que Edward disse antes da visão sumir.





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