sábado, 8 de dezembro de 2012

E - Capítulo 15


POV Bella


Meu domingo foi uma merda, todos ligavam de 30 em 30 minutos, resolvi não falar com ninguém, eu não queria ficar mentindo em dizer que estou bem, só queria paz, paz para conseguir forças extras para aguentar o tormento que seria amanhã, a faculdade passaria a ser meu inferno. Meu pai me distraiu bastante, fiz alguns quadros com os traços da minha mãe e lugares que passeávamos quando era pequena.


Dormi pouco, os pesadelos me atormentando, tomei um banho demorado e me arrumei para a faculdade,mesmo não precisando meu padrinho achou melhor que eu continuasse com o tal motorista, Felix realmente conseguia me distrair, ela pareceu sentir meu espírito e contou algumas das – incontáveis, segundo ele – traquinagens infantis, me fazendo ter alguns acessos de riso.


Já na faculdade fui escoltada por Rosálie e Emmett que já me esperavam quando Felix abriu a porta, segui ladeada por eles, não me dei ao trabalho de procurar pelos outros, as primeiras aulas foram tranquilas e no intervalo fiquei meio sem saber o que fazer, não queria ser o motivo de separar as irmãs e nem os rapazes daquele cafajeste, então comprei uma soda e um pedaço de torta e fui para fora, sem olhar as mesas.


Quando curvei para o pátio encontrei com ela, Irina caminhava de cabeça baixa, os hematomas cobertos por uma maquiagem, paralisou quando me viu, seus olhos desviando dos meus, apenas fiquei ali com meu olhar sobre ela. Raiva, magoa, dor e decepção me nublavam o pensamento, ela começou a andar em minha direção e paralisou em minha frente, chorando compulsivamente, chamando atenção das poucas pessoas que passavam pelo corredor.


– Eu sei que não mereço perdão pelo que fiz... – disse e me abraçou, fiquei como uma estatua e meu corpo começou a tremer – eu não consegui ficar longe Bella, doía muito. Eu o amo... Era como arrancar um pedaço da minha carne a cada mísero dia!


– Me solta – foi à única coisa que eu conseguia dizer. Irina entendeu e me soltou, seus olhos vermelhos por suas lágrimas que desciam desvairadamente pelo rosto inchado me irritou - Eu confiava em você, você era como uma irmã. Eu não consigo acreditar em nada que saia da sua boca, não chegue perto de mim! – sibilei saindo de perto dela, antes que voltasse a fazer tudo o que já havia feito.


O restante da aula foi tranquilo, na saída Jacob estava sentado em frente ao carro. Felix nem se importou com ele ali, quando se deram por minha aproximação, Jacob veio até mim, Felix agarrou a blusa dele e o afastou, abrindo a porta para mim. Um único olhar de Felix bastou para Jacob não insistir. Seguimos tranquilamente e fiquei pensado no que Felix fez com Jacob.


– Felix?


– Sim bambina?


– Você sabe defesa pessoal? – ele deu um sorriso macabro.


– Sei muito di più! (mais que isso!)


– Me ensina alguns golpes?


– Com piacere, ragazza! (prazer, moça!)


Fiz o almoço para nós e depois seguimos para um jardim perto de casa, nesse horário não haveria crianças, aliás poucas pessoas. Confesso que no inicio fiquei com medo, já que Felix tem quase dois metros de altura, ele teve paciência em me ensinar e no final ainda tentou me mostrar como jogar a pessoa no chão.


– Eu não vou conseguir te virar Felix!


– Claro che vai! ( que vai!) – sua forma de falar inglês com italiano deixava tudo diferente e engraçado – mesmo sendo muito Piccolo consegue (muito pequena). Só precisa de forza sul braccio. (força no braço)


– Vou me esforçar ok?


– Assim que se parla! – Felix me deixou em casa e foi embora, preparo o jantar do papai e ligo para Alice, queria começar a procurar o quanto antes minha família biológica.


– Então lice, quando podemos começar?


– Podemos começar amanhã mesmo! Hoje não dá porque vou sair com Jasper! Meus irmão não estarão aqui pra pegar no meu pé, então posso usufruir do meu namorado lindo e deixo meus pais com a casa toda pra namorarem!


– Então amanhã combinamos...


– Beijos linda, até!


Novamente foi um tormento para dormir, os pesadelos não cessavam, só pioravam, resultado foi acordar com muito mais sono do que quando fui dormir. Na faculdade não vi sombra dos traidores, Kate veio até mim receosa, sorri para acalmá-la e ela não disse nada apenas me abraçou forte. A aula correu tranquilamente e depois segui para a casa da Alice, Felix fez questão de nos escoltar até o portão da casa e depois seguiu reto.


– O que faremos? Eu não sei por onde começar?


– Primeiro me conte tudo o que sabe sobre sua adoção – perguntou quando já estávamos em seu quarto.


– O que eu sei é pouco Alice, meu pai disse que quem me encontrou foi minha mãe, eles tinham viajado para Colón no Panamá e seguiram pelo mar comigo, como eu sou parecida com a filha deles que morreu meses antes, e os pais dela ainda não conheciam a neta, foi fácil passar pela criança!


– Isso não é muito, mas podemos olhar no banco de dados de crianças desaparecidas da America Central, apesar de você não se parecer com as pessoas latinas... – dizia com a mão no queixo – você está mais pra italiana, americana, brasileira ou até canadense! – disse a última parte rindo.


– Ah! Estava me esquecendo – digo colocando o colar pra fora da blusa – meu pai falou que isso estava enrolado no meu pulso – Alice logo correu para o meu lado.


– Deixa eu ver, deixa eu ver, deixa eu ver! – Alice olhou incontáveis minutos para o colar, passando o pingente pelos dedos diversas vezes, sua sobrancelha enrugando – eu acho que já vi esse colar não me lembro onde... Mas já vi!


– Só falta não ser de família! Ai sim, não encontraremos nada!– ficamos o resto da tarde pesquisando sobre crianças desaparecidas na America central e nada que fosse da minha idade!


– Tem certeza sobre sua idade Bella?


– Eu... Não sei! Nunca pensei sobre isso. Merda, assim só piora!


– Vamos parar por hoje ok? Me empresta seu colar que eu vou tirar uma foto dele, quem sabe tenha uma marca do cara que fez – retirei e lhe entreguei - eu sei que já vi esse colar e ele tem pedrinhas na corrente – dizia aproximando de seus olhos e foi buscar algo em uma gaveta, parecia aquele equipamento que os joalheiros usam para saber os kilates do ouro – são pequenos brilhantes e rubis – percorreu o tal aparelho por toda a corrente e demorou mais no pingente – tem um nome cravado aqui – disse e começou a desenhar.


– Então...?


– Isso pode ser tanto a inicial da sua mãe ou de quem colocou isso em você, como pode ser do designer da peça, eu realmente espero que seja do designer, assim fica mais fácil, com certeza é de família! – batidas na porta nos interrompeu.


– Com licença, posso saber porque não desceu para almoçar e ainda deixou Bella sem almoço? – disse Esme.


– É mesmo! Estávamos tão entretidas que não percebemos a hora passar, desculpe Bella?


– Sem problema, eu não estou com fome – digo pegando e colocando o colar e me certificando que ele esta bem preso em meu pescoço.


– Pelo menos um lanche?– insistiu.


– Tudo bem – digo.


– Vão na frente, eu já vou descer – disse Alice com um sorriso diferente. Acompanhei Esme que foi muito atenciosa comigo, insistiu para que eu provasse de seu bolo de limão e quase devorei por completo.


– Nossa! Tá uma delícia – digo quase gemendo de tão gostoso.


– Então tome mais um pedaço – disse Esme colocando outra fatia gorda em meu prato.


– Oi lindinha? Cuidado pra não virar cliente. – disse James as minha costas e enquanto fui olhá-lo ele se apossou do meu prato – perdeu gatinha, sempre mantenha um olho no gato e as garras no leite – disse piscando e comendo o meu pedaço.


– Olhe os modos JC! – ralhou Esme e eu só deu língua pra ele.


– Oi maninho lindo – dizia Alice sorrindo para James que ergueu a sobrancelha, então Alice falou alguma coisa que fez os olhos de James faiscarem de raiva – quero um pedaço também! – disse pegando um pratinho.


– Viu o passarinho verde Alice? – ouvi Edward perguntar ao se aproximar e beijar Esme.


– Viu James Cullen? É assim que se faz! – disse Esme e James sorriu dando uma piscadela e mandando um beijo, essa família é muito engraçada.


– Como vai Bella? – perguntou Edward.


– Bem, obrigada e desculpe – digo sentindo meu rosto queimar.


– Sem problemas! –sorriu


– Bella? – chamou Alice com um sorriso sapeca no rosto – sabe daquela vez você não ficou pra dormir aqui... dorme hoje? – dizia com os olhos brilhando.


– Eu... Não avisei ao meu pai e não gosto de deixá-lo sozinho...


– É só ligar...


– Eu não trouxe meu material e meu uniforme...


– Ai ai, eu tenho vários aqui novinhos em folha, alguns até customizados....


– Do seu tamanho fica curto em mim! – seu olhar cintilou e ela levantou.


– Podia ter deixado essa passar Belinha! – disse James.


– Como é que é Isabella? Você só é alguns míseros centímetros mais alta! Isso não fará diferença e eu fabrico outra saia em um minuto – engoli em seco e acenti.


– Alice está assustando sua amiga! – disse Edward. Alice sorriu e voltou ao normal sentando e terminando de comer sua fatia.


– Então... dorme?


– Ah, vou falar com ele primeiro – Alice abriu um sorriso imenso. Meu pai aceitou sem problema, mas desde que Felix fosse me buscar e não vi problema nisso, apesar de não ver motivos para tanto!


Alice estava agitada demais, sempre querendo fazer algo, me arrastou para seu quarto e me fez tomar um banho em sua banheira imensa, coloquei um dos seus pijamas que ficaram curtos demais!


– Não tem nada curto Bella! Eu já vi você com shorts mais curtos que isso!


– Mais o short foi na minha casa, não na sua. Eu fico sem graça e com vergonha! Eu não vou descer assim!



– Ai que saco! Espera aqui, vou resolver isso! – disse saindo do quarto. Esperei sentada brincando com meu colar – aqui! Serve? – disse me entregando uma blusa de moletom imensa.


– Exagerou no tamanho, mas prefiro assim! – digo já vestindo. A blusa cobria até dois dedos abaixo do joelho. Um perfume gostoso nela e másculo.


– Agora vamos pra sala de TV? Você vai adorar o filme! – disse já me arrastando para a parte de baixo.


A sala de TV parecia um cinema particular, uma tela imensa, a TV deveria ter mais de 80’’, o sofa imenso também com apoios reclináveis com porta copos e tudo. Fingi que não estava deslumbrada com o lugar e segui para o seu lado. Alice colocou primeiro uma comedia. "As branquelas", depois colocou "Chocolate" e por último "Uma lição de amor".


Os filmes são perfeitos, James entrou no meio do filme "Chocolate" - me cumprimentou e depois olhou para Alice que fez algum movimento mas ignorei - e ficou só por causa das brigas de espada e das pancadas que Zey deu nos caras que mataram a mãe dela. Quando viu que uma lição de amor era meloso saiu fora.


Mesmo sendo incrível eu não consegui me manter em alerta, estava me intoxicando com o perfume da blusa e isso piorou depois que Esme veio nos acompanhar, estava meio consciente dela estar fazendo cafuné em nós duas, até que meus olhos ficaram pesados demais. Fiquei com a sensação de alguém me carregando, o perfume mais forte, me agarrei mais ao cheiro.


Senti um toque quente em meu pescoço e ronronei apreciando e quando parou eu fiquei irritada, senti meu corpo pousando em algo macio, tentei forçar meus olhos, mas minhas pálpebras estavam pesadas. Senti carícias em meu rosto, essas que me acalmaram e dormi um sono tranquilo, sem pesadelos. Acordando com uma Alice saltitante, sentido algo leve bater em meu rosto.


– Anda logo Isabella! – disse Alice me acertando outra travesseirada.


– Garota chata!!!


– Eu sei que vocês me ama! Cunha...– começou a tossir como se fosse cuspir um rim.


– Você esta bem Alice? – ela movia a cabeça freneticamente.


– Só me engasguei, vamos nos arrumar? – disse seguindo para o banheiro.


Assim como já esperava desci para tomar café com os Cullens, Alice voltou com os risinhos pra lá e pra cá e pareceu contagiar a família, pois todos sorriam, James me olhava com um sorriso matreiro, parecia se segurar para não me perguntar algo e Edward foi o último a descer.


– Nem viu o final do filme Bella? – perguntou finalmente. Era isso que ele queria falar?


– Não, estava sonolenta! – acho ter ouvido ele falar algo como “uma gatinha manhosa” mas a tosse de Esme me impediu de perguntar isso, e logo Edward começou uma conversa com Carlisle.


Quando terminamos, subimos para escovar os dentes e quando ia descer escorreguei batendo com força em Edward que tentou nos equilibrar, mas como desgraça pouca é bobagem, estávamos na beira da escada. Escorregamos pelos primeiros lances de escada. Parando na pequena base, por sorte não terminamos de escorregar e finalmente vi de onde o perfume veio. A blusa era de Edward. Me ergui, sentando quando ou vi seu resmungo.


– Desculpe? Eu escorreguei! – digo e me encolho ao ouvir um grito.


– Aaahhhhhhhhhh!!! OMG Bella, você está sangrando! – gritou Alice e logo comecei a procurar machucados.


É claro que senti uma dorzinha na perna quando escorregamos pelo primeiro lance de escada, mas não seria algo compatível com o grito pavoroso de Alice.


Quando toquei minha perna me encolhi. Levantei o tecido e tinha um rasgo considerável em minha perna, nada muito profundo ou grotesco, mais o suficiente para escorrer uma boa quantidade de sangue.


– Edward está fazendo o que parado ainda? Por que não levantou a Bella? – disse Alice e saiu gritando por Carlisle.


Com muito cuidado Edward se ergue e me ergue um pouco, sua mão imensa segurando firme na dobra do meu joelho, sua outra mão se infiltrou, segurando minha coxa e me pegou no colo. Levantando com rapidez me fazendo arfar.


– Machuquei? – perguntou me colocando em pé e em seguida me pegando no colo de lado.


– Não, só me assustei com a velocidade.


Edward me levou para o quarto de Alice e me apoiou no divã, cobrindo o lado da minha coxa e por baixo com uma toalha grossa. Logo depois Carlisle entra, seu cabelo molhado indicando que Alice o arrancou do banho que certamente havia apenas começado.


– Desculpem por isso?! Esse é um dom, sempre me machuco ou causo confusões. Dois pés esquerdos! – digo rindo.


Carlisle limpou o ferimento e me deu uma injeção, deixando anestesiado o perímetro do machucado. Vi preparar a agulha e a linha e começar a costurar, voltei meus olhos para Edward, seu rosto estava carregado de rugas de preocupação. Alice entrava com blusas. Me entregou a que usei ontem e deu uma outra para Edward. Sua blusa estava manchada com meu sangue.


– Desculpe por isso, estou atrasando todos... – não gosto de atrapalhar ninguém.


– Acho que já pediu desculpas demais pra alguém que só se machucou, nada demais – disse Edward, removendo o blazer, e a blusa. Seu corpo muito musculoso, os ternos escondem tudo isso, um risinho se propagou e me forcei a voltar em mim. Não estou acreditando que enquanto o pai da minha amiga costura o rasgo na minha perna eu estou secando o filho dele e com minha amiga vendo tudo!


Estou maluca!


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