domingo, 9 de dezembro de 2012

E - Capítulo 21


Pov Bella

Estávamos na sala, meu pai preferiu que a conversa fosse apenas entre nós duas, eu realmente não sabia o que pensar ou em o como começar essa conversa, Renée estava sentada inquieta. Removi o colar e entreguei para ela – acho que isso lhe pertence? – seus olhos marejados, um sorriso de ponta a ponta e com mãos trêmulas segurou a minha.

– É seu – disse com a voz embargada pelo choro – oh meu Deus – disse segurando meu rosto em suas mãos – como eu esperei por esse dia, meu bebê – disse me abraçando, abraço ao qual retribui.

– Como isso aconteceu? – pergunto enxugando suas lágrimas.

– Eu só lhe vi uma única vez... Você foi tirada dos meus braços assim que nasceu – respirou fundo – eu não sei por que ele fez isso, sua vingança não o levou a nada.

– Ele?

– Edward Cullen – Edward? Então era isso? Minha cabeça deu um giro, ao me lembrar de todas as vezes que conversei sobre a rixa entre eles.

– Não tem lógica ele fazer isso, é irreal ele dar tanta importância a uma criança...

– Tem toda lógica, ele quis se vingar por eu ter o rejeitado – respondeu.

– Pensei alto?

– Pensou – fiz de novo– eu vou esclarecer tudo, se você estiver disposta a ouvir e esquecer o que já conhece dos Cullen?

– Tudo bem, eu quero entender... – respiramos fundo em sincronia e então os relatos começaram.

– Essa tragédia por assim dizer, começa muito antes de vocês nascerem. Eu ainda não havia completado seis anos – seus olhos perdidos nas lembranças – meus pais conheceram Carlisle no colégio, se afastaram por causa da faculdade, Carlisle foi para Inglaterra, enquanto meus pais foram para a Alemanha e Áustria. Quando voltaram a se encontrar, eu já havia completado 5 anos e Edward estava com sete.

– O ... Meu avô ficou impressionado com Carlisle, ele assumiu as empresas, mesmo cursando medicina, ele teve que cursar advocacia, já que seu pai estava doente e não tinha outro herdeiro homem. Meus pais passaram a se distanciar do meu avó por isso. Ele estava cego com sua ganância, ele queria obrigar meu pai a cuidar das fábricas, isso funcionou durante um tempo, mas meu pai não havia nascido para isso.

– Então ele passou a persuadi-los a fundir as empresas, algo que o pai de Carlisle e ele próprio não queriam, meses depois o pai de Carlisle morreu. Nossa família se uniu a eles consolidando a amizade, o que foi um erro. Alguns anos depois James nasceu, Carlisle teria dois varões para cuidar das empresas então se voltou para a medicina, mesmo com eles pequenos, meu avô passou a insistir que meus pais tivessem outro filho, algo que não conseguiram, então passou a fazer insinuações sobre nós, que meu pai deveria procurar alguém que lhe desse o filho homem, menosprezando minha mãe sempre que possível.

– Passando a forçar minha amizade com Edward, nos dávamos bem. Edward sempre me protegia da ira do meu avô – disse dando um sorriso de escárnio – e as coisas pioraram quando meus pais morreram em um acidente. Não havia outra pessoa para cuidar da minha guarda além dele, ele passou a alimentar em Edward e em mim que deveríamos ficar juntos, nos casarmos, que esse era o desejo dos meus pais. Eu não via problemas nisso, só conhecia Edward...

– Começamos a namorar, noivamos em menos de um ano, meu avô começou a exigir que casássemos o quanto antes, naquela época eu não entendia, mas... Ele precisava me casar antes da maior idade. Quem passaria a cuidar dos meus bens seria meu marido, no caso Edward, mas Edward não entendia nada sobre as fábricas de mineração e já estava cuidando das empresas de Carlisle. O que levaria meu avô ao comando, ele sempre fez o que quis do Edward. Seria fácil persuadi-lo a deixá-lo no comando...

– Então você é a noiva que ele comentou – exteriorizei meus pensamentos.

– E mais o que, ele falou?

– Ele não fala de vocês, ele só respondeu a uma pergunta que fiz quando ele... Cuidou de mim, naquela noite... – Renée deu um sorriso que mais pareceu uma careta.

– Entendo... – respirou fundo novamente – tudo mudou quando conheci Charlie, foi... Como se... Eu estivesse em coma e despertado apenas com sua voz... – sorriu amorosa – ...Mas ele também era amigo de Edward. Tentamos negar por um tempo o que sentíamos, pensando em formas de falar com ele e com meu avô. Eu passei a evitar contato com Edward, meu avô ficou irritado e passou a monitorar meus passos sem meu conhecimento...

– Edward desconfiou de algo, eu me encontrava com Charlie com certa frequência. Em um desses encontros fomos flagrados por Edward, meu avô descobriu e passou a me trancar em casa ou saindo apenas com seguranças que impediam Charlie de se aproximar. Edward se transformou, ou finalmente mostrou a verdadeira face! Ele e meu avô marcaram o casamento sem meu consentimento, tive que fingir aceitar por um tempo.

– Nós fugimos, ficamos quase um ano nos mudando, eu descobri sobre a gravidez por uma senhora –disse sorrindo largo – sou grata a ela por ter nos avisado, com isso Charlie decidiu nos instalar em uma cidade pequena, conhecemos a senhora Helena, a avó da Victoria. Ela nos ajudou, me ajudou a trazer você e Emmett ao mundo – sorriu e eu ri

– Caramba eu sou irmã daquele brutamontes?! – ri ao cair a ficha – isso é muito bizarro! – digo e Renée gargalha – desculpe te cortar, mas agora que você colocou na mesma frase que eu me toquei!

– Realmente Emmett é enorme! Meu pai era enorme, então tem a quem puxar! Onde parei?

– Na avó da Victoria.

– Sim, dona Helena me ajudou com vocês, Emmett nasceu primeiro. Victoria mesmo pequena soube cuidar dele, nesse momento meu tormento começaria, escutamos um estrondo na casa, mas não nos importamos. Você estava nascendo, me lembro como se fosse hoje, tão pequenina, olhinhos bem abertos, idênticos ao de Charlie – disse chorosa – Edward entrou em seguida, arrancando você dos meus braços. Arrancou meu colar e a levou sem olhar para trás!

– Eu fiquei louca, os capangas do meu avó entraram minutos depois e me levaram. Eu fiquei sem saber o que fizeram com você, com Emmett. Meu alívio foi saber que meu avó não tinha conhecimento de Emmett... – ela começou a tremer, suas lágrimas desciam em cascatas por seu rosto, me aproximei e segurei firme em suas mãos gélidas – foi horrível, até hoje levo as marcas... socos, chutes, pauladas, coça de cinta até desmaiar, foram 3 anos terríveis! Mais dois sem saber nada sobre vocês, Edward havia sumido do mapa, eu tive que esperar meu avô morrer... Mesmo em prisão domiciliar, haviam pessoas o ajudando a me sabotar nas empresas – sorriu fraco limpando as lágrimas – mas Deus foi justo e aquele carrasco morreu e eu pude ter meu Charlie e Emmett de volta.

– Foi tão doloroso, procuramos tanto por você, tentamos de diversas formas, tirar seu paradeiro do Edward, mas não conseguimos nada. Quando a vi na casa do Eleazar... Ele me ajudou tanto, cuidou tanto de Charlie e do meu menino. Foi preciso que ele me segurasse para que eu não corresse até você! Minha pequena – disse me abraçando.

Todas as informações dançavam em minha mente, eu não conseguia ter um pensamento coerente, apenas retribui ao abraço, só percebia que também chorava ao sentir seus dedos limpando minhas lágrimas. Tanto sofrimento, como Edward pode fazer tudo isso, porque me tirou dela? Quanto mais eu pensava mais confusa ficava... o bom de tudo é que ganhei uma mãe, outro pai e um irmão! – eu quero contar pro Emmett – ela riu da minha agitação.

– Eles só estarão em casa a noite, estão com problemas na empresa. Podíamos conversar mais, com Samuel, eu estou curiosa sobre como ele a encontrou.

– É mesmo! Vou chamá-lo – corri para o quarto do papai, ele estava sentado lendo, segui em silêncio para seu lado.

– Nem se atreva a me assustar mocinha! – disse rindo, fechando o livro.

– Assim não tem graça! – digo me aconchegando em seus braços.

– É, como foi a conversa? Um bom recordar é viver ou traumático?

– Ainda não sei, estou processando a primeira parte, mas não teve nada de agradável pra ser um recordar é viver! E agradeço a Deus por não ter um bisavô!

– Então?

– Ela quer saber sobre mim, como me encontrou...

– Tudo bem, vamos – sorri e me ergui, seguimos comigo atada a ele – Bê me contou que quer saber sobre como a encontrei...

– Sim, eu realmente preciso entender essa parte, somos tão distantes...

– Nem tanto! Quem encontrou Isabella foi minha esposa, estávamos em Cólon, no Panamá, resolvemos pesquisar um pouco os locais e fomos em uma pequena expedição na floresta, tínhamos prática nisso, ela se afastou um pouco e voltou com a Bê em seu colo, assustada, corada e com marcas de arranhões no pulso. Tinha pequenos macacos em volta dela, tentavam arrancar o colar dela! Lembro como se fosse hoje – disse apertando minha mão – Margarida se afastou por um tempo e voltou com ela, não sabia qual estava mais assustada. Até hoje não consigo acreditar no que ela me contou, é fora do real. Os macacos simplesmente se afastaram e um deles entregou a Bê para a Margarida.

– Não havia pessoas com ela?

– Não e seu vestido estava sujo de sangue, acreditamos que quem estava com ela foi atacado! Não tivemos problemas com a marinha brasileira, éramos peixinhos no cardume e passamos despercebidos. Ela é tão pequena que foi fácil passar por minha Maria Isabella. E parecidas.

– Meu coração se aquieta ao saber que Bella esteve segura com vocês, mesmo que eu não tenha podido acompanhar seu crescimento!

– Segura, eu não sei se poderia dizer isso, mas está viva, isso é o que importa!

– Como assim? – perguntou nervosa.

– Pai...

– Isabella passou boa parte da vida em hospitais! Exemplos:

Queda em escadaria. Intoxicação com formula de tinta infantil! Queda de árvore com fratura na bacia. Princípio de estrangulamento e o mais importante: internação por crise alérgica a orégano!

– Senhor! – disse Renée – agora eu estou preocupada! Você é pior que o Emmett!

– Pois é! Minha Bê é do barulho! – disse papai me zoando – mas como ficaremos daqui em diante?! Isabella é minha filha também...

– Eu não sei, mas ela é meu sangue, uma Higginbotham Swan! Charlie será o primeiro a querer que ela tenha nosso sobrenome!

– Espera... Isso pode prejudicar meu pai, podem pensar que ele me sequestrou! – digo finalmente tendo um pensamento lógico.

– Podemos conversar com nossos advogados, o crime ainda não prescreveu, já que só passou 20 anos, vamos pensar em algo!

– OMG! Eu sou mais velha... – meu rompante besta foi quebrado pelo toque do celular dela.

– Com licença – disse indo para a varanda.

– Não se preocupe paizinho, nada vai acontecer com você, eu não vou deixar – digo me apertando a ele.

– Era Charlie, ele estava preocupado com minha demora e com você... Vocês aceitam jantar conosco essa noite? – disse com os olhos brilhando, olhei para meu pai que sorriu fraco, apertei sua mão, queria que ele entendesse com esse gesto simples que nada e ninguém mudaria ou diminuiria a importância que ELE tem e minha vida, será sempre o MEU PAI!

– Vamos sim, eu só preciso conversar com meu pai.

– Tudo bem, obriga Samuel! – disse e segurou meu rosto – Charlie ficará tão feliz! Minha filha – disse e beijou minha testa, papai a acompanhou até a porta e eu fiquei digerindo tudo. Meu pai apenas me puxou, me levou até meu quarto e deitou me puxando para seu colo.

Fiquei assim por muito tempo, apenas apreciando seu colo quentinho, enquanto as informações se encaixavam, estranhei a raiva que eu sentia crescer em meu peito ao me lembrar de tudo que ela falou desse avô, de Edward fazendo tudo que fez. Eu não conseguia imaginar isso. Pensei tanto até minha cabeça doer e meus olhos pesarem! Pisquei apenas uma vez e quando os abri já estava a noite, meu pai afagava meu braço, me despertando com calma.

– Está na nossa hora Bê, vá se arrumar.

– Obrigada pai!

...

– Ahhhhhh – gritei ao ser rodada por Emmett – Pára!!!!!

– Minha irmã? Caralho! Nem acredito!

– Olhe os modos garoto! – ralhou Charlie.

– Qual é pai, a pirralha é minha irmã, tenho que comemorar! – disse comigo ainda em seu colo.

– Pelo menos me deixe no chão! – pedi e ele me colocou, mas continuou me apertando em seu abraço – eu também gostei muito de saber que é meu irmão!

– Agora tá explicado porque eu fiquei tão estranho quando você sofria acidente! Coisa de gêmeos! –disse batendo no peito, nos fazendo rir.

– Isabella? – Charlie me chamou – posso chamá-la de minha filha? – sorri e fui até ele.

– É tudo tão estranho e rápido, talvez eu demore a digerir tudo. Que me acostume com vocês, que eu demore a chamá-los de pai e mãe, afinal eu já tenho pais, mas isso não os impedem de me chamar de filha – digo o abraçando, Charlie tinha um cheiro diferente, sorri ao constatar que ele tinha cheiro de pai, que me sentia segura em seu abraço. Assim como me sinto segura com meu pai.

Jantamos com brincadeiras e comentários sobre minha infância e sobre a de Emmett, na verdade meu pai conversava com meus pais Swan, e eu conversava com Emmett. Emmett era um verdadeiro f5. Pior do que eu fui, mas os estragos dele eram com os outros, e os meus eu causava em mim! Victoria só chegou horas depois, seus olhos brilhando e um sorriso estampado, ela parecia tentar disfarçar a felicidade, mas não conseguia.

– Finalmente! Se enfiou aonde? – perguntou Emmett com a cara fechada.

– Presta atenção pivete, não é porque é adulto que tem moral maior comigo. Limpei tuas fraudas, quem tem que pedir relatórios sou eu! – disse dando um tapa nele – boa noite a todos.

– Boa noite!

– Finalmente filha! - Charlie começou a explicar toda a historia sobre o meu paradeiro para Victoria que prestava bastante atenção em mim.

– Realmente esse mundo é pequeno! Fico feliz por finalmente estarem bem! – sorri para ela que começou a zoar Emmett contando os podres dele. Charlie chamou meu pai para conversar no escritório, cinco minutos depois meu padrinho e um tal de Sam apareceram e seguiram para o escritório.

– Não fica nervosa Bells! Samuel cuidou de você direitinho, nossos pais jamais fariam mal para ele, vai ficar tudo bem!

– Talvez eles vieram para conversar sobre a fábrica também, alguma melhora? – perguntou Victoria.

– Nada ainda, os bancos estão indecisos e mamãe não pode mexer no capital das fábricas e ele não quer – disse Emmett emburrado.

– Está falando do lugar que você trabalha?

– Sim, é uma empresa da família, a maior parte é do setor de advocacia. Maus investimentos, isso ocorre! – disse dando de ombros.

Mas minha preocupação ainda está em meu pai, não quero que lhe causem mal! Se isso acontecer o que eu poderia sentir pelos Swan morreria antes de nascer!

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